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  • Atividades para fazer em silêncio e ter mais bem-estar

    Blogueiros sugerem práticas simples para se desconectar por alguns minutos

    Atualizado em

    Você pode estar se perguntando para que fazer silêncio e como isso seria possível em um mundo cada vez mais cheio de sons e ruídos diversos. Algumas linhas terapêuticas, como a Meditação, pregam que silenciar os pensamentos – nem que seja por um minuto diário – promove um equilíbrio geral, diminuindo o caos interno e, consequentemente, amenizando ou prevenindo o aparecimento de depressão, tristeza, ansiedade e uma série de outras doenças.

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    No Xamanismo existem alguns rituais nos quais as pessoas ficam reclusas na natureza. Os xamãs acreditam que este silêncio as ajuda a encontrar sua sabedoria interna. Além disso, é por meio do silêncio que você deixa de focar no que passou ou no que está por vir e se concentra apenas no momento presente. Segundo a terapeuta holística Regina Restelli, é um mergulho em si mesmo, que permite um encontro profundo e revitalizador com você mesmo. “Se não estou presente em minhas escolhas, estou entregando meu poder de realização ao outro”, reflete a especialista.

    Mas engana-se quem pensa que para ter um ou mais minutos de silêncio no dia a dia é preciso estar em um lugar calmo, tranquilo ou livre de interferências externas. Segundo o professor e autor do blog Universo Yoga, Fabiano Benassi, a pratica do silêncio pode ser feita até no trânsito – um dos ambientes mais barulhentos.

    Confira abaixo depoimentos de duas pessoas que conseguem praticar o silêncio no dia a dia. Aproveite as dicas para se inspirar e, por meio deste exercício diário de quietude, lidar melhor com seus medos, desejos, frustações, lembranças e sensações diversas. Experimente!

    Dica de Fabiano Benassi, professor e autor do Universo Yoga

    “Existe um ditado que diz que a sabedoria está na simplicidade. E entre as técnicas de Yoga que uso no dia a dia, uma das que mais gosto é a prática do silêncio, por ser algo simples e poderoso.

    Quando pensamos em praticar o silêncio, logo vem à cabeça um lugar calmo e tranquilo, sem barulho ou interferências externas para que a prática possa ser feita. E realmente fazer o exercício nessas condições ajuda, mas não é um pré-requisito.

    Quando pensamos em praticar o silêncio, logo vem à cabeça um lugar calmo e tranquilo, sem barulho ou interferências externas para que a prática possa ser feita. E realmente fazer o exercício nessas condições ajuda, mas não é um pré-requisito.

    Costumo fazer a prática de silêncio no meio do trânsito, em cima da moto quando estou indo dar as minhas aulas de Yoga, por exemplo.

    Ao dirigirmos, é muito comum termos um diálogo interno, que pode ser gerado por vários motivos: alguém que fechou seu carro, que não deu seta para entrar, que saiu correndo por atraso, cujo farol não está sincronizado, a lentidão do horário de pico, a poluição… São muitos os fatores que fazem com que geremos um diálogo, que pode vir em forma de algo falado, seja uma reclamação, desabafo ou pensamento.

    Praticar Mauna (silêncio) é fazer todo esse diálogo acabar, ao colocar a atenção no silêncio. E é claro que seremos testados ou tentados a falar algo durante a prática. Mas o silêncio serve como uma referência para que eu volte a minha atenção para ele, evitando gerar o “barulho mental”.

    Para que qualquer técnica funcione, é preciso ter uma referência. E, no meu caso, é a minha boca. Quando faço essa prática no trânsito, independente do barulho que estiver ocorrendo externamente, foco a atenção na minha boca, em mantê-la fechada, com o maxilar relaxo, evitando ao máximo produzir barulho. Isso ainda evita que meus pensamentos sejam produzidos, pois para manter o silêncio falado, também preciso manter o silêncio pensado.

    E o resultado é impressionante! Quando eu não faço essa prática chego ao meu destino carregado com a energia e o estresse do trânsito. Dá para sentir isso no corpo em forma de tensão e cansaço. Mas quando coloco a técnica em prática sinto-me emocionalmente calmo e meu corpo completamente relaxado.

    Já usei a prática do silêncio no metrô, ônibus, consultório, fila do banco, enfim, dá para fazer em qualquer lugar. Também gosto muito de usar com meus alunos durante as aulas. Eles estão acostumados a praticar Yoga com música, o que é muito gostoso. Mas quando não uso o recurso do som, peço para eles prestarem atenção no silêncio, o que deixa a prática ainda mais profunda.

    Quando focamos no silêncio é que percebemos quão inútil é o fluxo de emoções e pensamentos que temos ao longo do dia, mas que faz parte do movimento natural que a mente tem.

    O maior benefício que percebi com essa prática é que ela nos aquieta interiormente, nos deixando menos reativos com os problemas do dia a dia, permitindo que possamos colocar a nossa energia naquilo que é importante de verdade. E se você ainda não sabe o que é importante para você, essa prática também ajuda a descobrir. Experimente, você pode começar agora, basta ficar em silêncio!?.

    Dica de Stephanie Gomes, autora do Desassosegada

    “Eu sou bastante introspectiva, então ficar sozinha e em silêncio é algo que gosto de fazer e já estou acostumada. Mais do que isso, ter momentos de silêncio é uma necessidade para mim. Pessoas introspectivas, quando passam muito tempo interagindo com outros ou em um lugar barulhento ou movimentado, costumam sentir necessidade de ficarem algum tempo sozinhas, quietas, em um ambiente com pouco estímulo, para recarregar suas energias.

    Pessoas introspectivas, quando passam muito tempo interagindo com outros ou em um lugar barulhento ou movimentado, costumam sentir necessidade de ficarem algum tempo sozinhas, quietas, em um ambiente com pouco estímulo, para recarregar suas energias.

    Eu me sinto exatamente assim. Às vezes, tudo o que eu preciso para recuperar meu bem-estar, paz interior e a conexão comigo mesma – que quase sempre são perdidos justamente quando estou recebendo muitos estímulos, como informação, barulho, agitação, etc. – é deitar um pouquinho no escuro em silêncio, sem televisão, computador ou celular. Esses 10 minutos de silêncio renovam minhas energias.

    Quando descobri o quanto o silêncio era benéfico para mim, comecei a fazer outras atividades com esta finalidade. As práticas de Yoga e Meditação, antes feitas com música de fundo, foram substituídas pelo silêncio. Com isso, senti uma conexão maior comigo mesma, provavelmente porque tirei o estímulo da música e naquele momento fiquei totalmente só em minha própria companhia.

    Uma coisa que gosto muito de fazer no total silêncio é a Meditação com a chama da vela. Acendo uma vela aromática, sento numa posição confortável e concentro minha visão na chama da vela por alguns minutos. Como iniciante na prática de Meditação, acho que esta técnica torna mais fácil entrar em estado meditativo. Sempre que pratico percebo um aumento da minha concentração e é nítida a diminuição da minha ansiedade. Começo a fazer as coisas com calma e sem pressa. Sem contar os benefícios do aroma da vela, que podem ser relacionados à tranquilidade, amor, conexão…

    Outra coisa que gosto muito de fazer é observar o céu à noite. Abro a janela e fico olhando as estrelas em silêncio. Simples assim. Se faço isso quando estou me sentindo esgotada, nervosa ou irritada, sinto que vou me tranquilizando com muito mais facilidade do que se eu fizesse um enorme esforço para brigar com as minhas emoções e tentar tirá-las à força de dentro de mim. O benefício costuma ser instantâneo. Durmo bem à noite e no dia seguinte acordo renovada.

    O silêncio, para mim, é uma ferramenta de limpeza. Quando faço alguma atividade em silêncio, sinto que consigo libertar sensações negativas que estavam presas dentro de mim e que eu estava segurando sem sequer perceber, porque minha atenção estava totalmente voltada para o barulho do exterior. O silêncio me permite olhar para dentro e, com tranquilidade e clareza, libertar o que deve ser ir embora. Alguns minutos de silêncio fazem com que eu me sinta limpa, leve, renovada e disposta”.

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