Equilibrando a razão e a emoção
Aproveite o melhor da paixão sem abrir mão das suas prioridades
Por Celia Lima
Não existe nada mais maravilhoso que apaixonar-se! O mundo fica inteiramente cor-de-rosa, o corpo fica leve, suspiramos centenas de vezes durante o dia. As horas demoram a passar quando estamos longe do objeto da paixão e passam num instante quando estamos juntos dele. Às vezes um momento parece eterno.
Que química é essa, que poder é esse que tem a paixão, que nos faz sentir capazes de enfrentar todas as dificuldades, que nos torna audazes, românticos, sensuais, poderosos? Por uma paixão a gente se arrisca, se expõe, suporta pressão de pais, de filhos, da sociedade. A paixão nos dota de forças para tudo. O único sofrimento que a paixão comporta é o medo de perdê-la – e talvez por isso pareça ser tão urgente vivenciá-la.
Quem já viveu uma paixão sabe que ela acaba. Um belo dia, como que por encanto, começamos a olhar aquela pessoa com um olhar mais crítico. O que até então era perfeito começa parecer cheio de “defeitos” incômodos. Se antes era maravilhoso receber vinte ligações por dia como prova de amor, agora parece controle. O perfume que era uma marca registrada, agora é enjoativo. Aquele ciuminho que era visto como cuidado, agora é exagerado. E assim o príncipe vai virando sapo e a princesa idem.
Mas vamos voltar ao início, quando a paixão se instala e tudo é maravilhoso. O objeto da nossa paixão funciona como um espelho da nossa alma. Temos um ideal de amor, de par perfeito e é naquela pessoa que projetamos esse ideal. É como se víssemos nela tudo o que queremos e desejamos ser, algo um tanto narcisista como se estivéssemos apaixonados por nós mesmos na figura do outro. O sentimento é forte, a libido fica exacerbada.
No estado de paixão ficamos irracionais, abrimos mão de tudo pelo outro. O medo de perder nos leva a comportamentos que sabemos irresponsáveis, fazemos todas as concessões. Perdemos a noção de perigo, avançamos nossos limites e nos deixamos invadir. É isso que penso ser necessário abordar aqui. Como equilibrar razão e emoção sem perder a melhor parte de estar apaixonado, já que praticamente não podemos evitar esse sentimento?
Ao sentir que você foi inoculado com o vírus da paixão, reflita sobre as coisas boas que você tem em sua vida e faça um inventário do que não quer abrir mão.
- Você preza a liberdade de estar com seus amigos? Não abra mão deles.
- Você precisa estar atento às suas atividades profissionais? Os resultados em sua empresa dependem de você? Cuidado com os horários, com os exageros, você precisa estar inteiro no dia seguinte.
- Você tem prazos a cumprir com relação aos seus estudos? Tente otimizar seu tempo, agilizar o que precisa ser feito para não se prejudicar depois.
- Suas finanças são limitadas ou você está poupando para trocar de carro? Contenha-se nos gastos com o ser amado, não é preciso enchê-lo de presentes caros para demonstrar o quanto está envolvido.
Não deixe de viver as emoções de uma paixão, mas não esqueça que você só vai fazer o que realmente quiser fazer. Portanto, diante de situações em que um leve lampejo de dúvida se abata sobre você, pare por um instante e se pergunte:
- Se eu não estivesse apaixonada, deixaria de usar preservativo?
- Se eu não estivesse apaixonado faria mesmo essa tatuagem com as iniciais dela?
- Esse é o melhor momento da minha vida para eu engravidar?
- Vou colocar (ou tirar) o piercing só porque ele (ou ela) quer?
Fazer “loucuras” pode ter um preço muito alto e, a não ser que você esteja preparado para pagar esse preço, viva a paixão de forma a ter dela as melhores recordações. A separação é difícil, dolorida, porque tudo o que é bom queremos que dure para sempre, mas restarão sempre as lembranças de uma experiência intensa.
Mas saiba também que depois que a paixão arrefece e vocês começam a grudar os pés no chão, é possível construir um relacionamento sólido. O gérmen do amor pode estar contido nessa paixão e é preciso um pouco de maturidade para compreender que a manifestação do amor apaixonado se transforma e ganha equilíbrio.
Quando começar a perceber que aqueles olhos lindos também amanhecem inchados, que os lindos cabelos amanhecem amassados, que o gosto musical não é tão parecido… olhe mais um pouquinho, com um pouco mais de atenção e mais profundamente: pode estar aí o início de uma linda história de amor.
Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiacalima@gmail.com