Pilates pode ser praticado em grupo?
Método requer atenção individualizada, mesmo em turmas coletivas
Por Cristina Abrami
Mais popular do que nunca, o método Pilates – revolucionário sistema de exercícios de condicionamento físico e mental – vem se difundido em todas as partes do mundo. Criado na década de 20 pelo alemão Joseph H. Pilates, chegou ao Brasil na década de 90, trazido por profissionais certificados no exterior, principalmente nos EUA.
De lá para cá, muitos estúdios vem sendo abertos, muitos cursos oferecem certificação no método e muitas adaptações foram feitas para as aulas se adequarem à realidade do séc. XXI. Ainda que aplicado de forma contemporânea, os princípios do Pilates devem permanecer intactos, pois aí está toda a essência do método.
Hoje vemos a oferta de sessões de Pilates que atendem a todo tipo de público, desde as aulas tradicionais e individuais de Mat Pilates (na qual o praticamente faz todos os movimentos no chão), até às aulas em grupo, feitas em equipamentos e totalmente personalizadas.
Base do Pilates é o atendimento individual
Não podemos esquecer que o método Pilates surgiu da necessidade do criador de desenvolver uma metodologia de exercícios que atendesse às suas próprias necessidades de aprimoramento físico. Já que desde a infância ele não se conformava com sua condição de criança de saúde frágil e fisicamente debilitada.
Ao longo de sua vida, Joseph H. Pilates pesquisou sobre o movimento humano, praticando os mais variados esportes e atividades físicas. Isso lhe deu condições de conhecer e praticar as mais diversas abordagens de movimentos, o que resultou em uma compreensão da linha oriental e ocidental de se exercitar. Das práticas orientais, priorizou a importância da respiração, do desenvolvimento da flexibilidade, da concentração e da consciência de si. Do treinamento ocidental, o desenvolvimento dos músculos, seu fortalecimento e o aprimoramento do condicionamento físico. Da união do que havia de melhor nas duas abordagens, surge uma terceira combinação, o método Pilates, que inicialmente foi denominado pelo seu criador de Contrologia.
A Contrologia baseia-se em seis princípios, que devem estar presentes durante a execução de cada exercício. São eles:
- Fortalecimento do centro de força
- Respiração
- Controle
- Precisão
- Fluidez de movimentos
- Concentração
Como os exercícios são executados com alto grau de qualidade e poucas repetições, um instrutor atendo e capacitado é indispensável para orientar a execução correta. É papel do profissional impedir que o praticante realize movimentos errados ou faça compensações em outros grupos musculares que não são necessários para determinado movimento. Sempre levando em conta as características e necessidades individuais. Este é o motivo pelo qual se reconheceu a eficiência e o consequente sucesso do método.
Afinal, Pilates em grupo funciona?
É viável formar pequenos grupos de praticantes já experientes na técnica, que possuam grande conhecimento de seus corpos e de suas possibilidades. Iniciantes com mesmo nível de habilidade e condicionamento físico podem praticar juntos, desde que o professor sinta-se capaz de fazer as modificações necessárias para atender a demanda de cada um.
Por este motivo, embora tenhamos conhecimentos de práticas de Pilates em grupo com grande número de alunos, reconhecemos que, embora se mostrem economicamente mais atraentes, elas podem pecar pelo não-preenchimento da condição básica do método: a atenção individualizada e o consequente progresso, de forma segura e eficiente. Da mesma forma, não é recomendável a prática de aulas em grupo, para pessoas com patologias importantes, que necessitem de um cuidado diferenciado.
Embora mais caras, as aulas individuais proporcionam uma maior segurança e uma evolução muito mais rápida, comparadas às práticas coletivas. Mas em ambos os casos é necessário que o profissional tenha recebido uma formação completa no método, tenha passado pela prática intensa de todo seu conteúdo, seja praticante assíduo e possua habilitação profissional e conhecimentos específicos para ser capaz de aplicar o método com competência e responsabilidade.
Mais do que um repertório de exercícios, o método Pilates é uma experiência completa, no âmbito físico, mental e espiritual. Deve ser capaz de revolucionar a forma como reconhecemos e usamos nossos corpos e de como pode funcionar nossa mente, de forma integrada e completa.
Por isso, antes de se decidir por uma ou outra forma de praticar, conheça o local, indague sobre a formação do profissional, o tempo de experiência no ensino da técnica e, finalmente, entregue-se à deliciosa transformação que a prática de Pilates pode proporcionar na sua vida!
Cristina Abrami é diretora técnica do CGPA Pilates e reg, possui o selo internacional de Certified Pilates Teacher e é vice-presidente da Aliança Brasileira de Pilates.
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