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Pais e filhos adolescentes

Dicas para buscar o equilíbrio nesse delicado relacionamento

Atualizado em

Grande parte da atual geração de mães e pais de adolescentes sente-se perdida na orientação de seus filhos. Muitos tentam repetir o modelo que seguiram no passado, mas rapidamente percebem que não funciona mais. Outros tentam agir de forma diametralmente oposta à educação que receberam, mas também se frustram com os resultados. Qual a medida, afinal?

A sociedade é um organismo vivo. Seria ingenuidade negar que novos valores são diariamente agregados no cotidiano dos jovens: astros da música e do cinema apontam tendências, o universo da internet convida para jogos que os pais não compreendem. Há ainda uma gama infinita de “tribos”, cujo comportamento estranho ao nosso repertório de vida nos deixa confusos, além das baladas que começam à meia-noite e terminam às sete da manhã.

É importante lembrar que os valores de base de uma família são implantados do nascimento à puberdade. Nesses anos, a criança aprende desde a não levar para casa ou a devolver o giz de cera que não lhe pertence, a não interromper quando alguém está falando, a respeitar os animais. Muito mais que isso, observa e se nutre do comportamento e da dinâmica familiar. Mas a partir daí é hora de entender “Quem sou eu afinal?”. E por desejarem cortar o cordão umbilical, os conflitos começam a surgir. É uma forma de mostrar que não são uma continuação de seus pais ou de quem os represente, mas são eles mesmos.

Normalmente por volta dos 12 até os 18 anos, eles querem ser e aparentar ser independentes. Eles também se sentem confusos porque ainda dependem do lar para sua sustentação física e afetiva. Sentem-se impotentes e, como precisam se libertar, acabam por mentir e agredir silenciosamente (ou ruidosamente) o sistema familiar do qual se sentem escravos. Por outro lado, permitir tudo sem questionar os deixa também perdidos, com a sensação de que os pais não se importam. Começam, então, a ousar sem critério, como forma de entender até onde precisam chegar para que um movimento acolhedor por parte da família venha até eles.

Sugestões para entender e conviver em harmonia com os filhos adolescentes

É inútil achar que o jovem tem que entender o ponto de vista dos pais. Supostamente, quem é mais maduro e experiente é que deveria entender o ponto de vista dos mais inexperientes. Onde está o equilíbrio, afinal?

Os pais não percebem que não são os filhos que estão se distanciando deles, mas o contrário.

Os pais têm medo de perder o poder e o controle sobre os filhos. Não percebem que a energia que gastam dizendo todos os nãos e a energia que pensam que poupam dizendo todos os sins apenas promove distância e angústia.

Filhos não são nossa propriedade. Se os pais estão seguros dos valores que transmitiram, devem aceitar que eles batem asas, divergem de nós, buscam seus próprios caminhos sem que com isso o amor se perca.

Querer “chocar a cria” eternamente impede que ela cresça e aprenda com os próprios erros. Filhos são indivíduos e o melhor que fazemos por eles é ensiná-los a seguir. Depois de um determinado momento, tudo o que eles precisam é da certeza de que estamos lá, para apoiar e acolher nas dores. Mas não pra vivermos suas vidas nem para ditarmos regras eternamente.

Pais conscientes conseguem libertar os filhos do ninho numa atitude amorosa e confiante, e isso começa na adolescência. Porém, se você estiver se sentindo inseguro, procure ajuda profissional. Afinal, ninguém é obrigado a saber tudo sempre. Buscar orientação é também um ato de amor.

Como buscar o equilíbrio?

  • Se interesse pela linguagem deles. Pergunte o significado daquela palavra nova.
  • Não invada sua intimidade, ele quer ser respeitado.
  • Muna-o de informações a respeito de sexo, DST’s, drogas. Converse claramente sobre esses assuntos, sem constrangê-lo.
  • Evite chantagem emocional. Se quiser que ele se comporte com mais maturidade, não o trate como criança, nem faça com que ele se sinta culpado.
  • Esteja disponível para conversar sobre tudo, não minta sobre seus sentimentos e suas preocupações e considere sinceramente o ponto de vista dele.
  • Fale sobre sua juventude, mas sem a intenção de que ele seja como você foi. Os tempos são outros.
  • Demonstre que confia nele e em suas escolhas. Isso o torna mais responsável, ao passo que duvidar de tudo o deixa angustiado, desconfiado de que você não o conhece o suficiente.
  • Abra sua casa para receber os amigos de seus filhos. Mas não imponha sua presença, eles querem ser e aparentar ser independentes.
  • Não se importe tanto com a bagunça do quarto, mas faça com que ele se responsabilize pelas próprias coisas. Não com sermão, mas com atitudes (lave apenas as roupas que estiverem no cesto, por exemplo).
  • Ensine-o a valorizar e a administrar o dinheiro que porventura você ponha em suas mãos. Estabeleça limites claros para o que ele pode ou não pode ter. E, acima de tudo, faça acordos.
  • Negar ou permitir algo deve ter um motivo razoável, assim ele aprenderá a argumentar, questionar e a lidar com frustrações. Poderá também sentir que nem sempre sai “perdendo” quando aprende a dialogar.
  • Evite frases como “Enquanto você depender de mim tudo será do meu jeito”. Vocês dois sabem que ele ainda depende do lar para sua sustentação física e afetiva.
Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.

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