Como anda a sua vida social?
Reserve tempo e espaço para nutrir os laços mais importantes para você
Por Juliana Garcia
Para início de conversa, vamos pensar no que significa a palavra social. Usamos a palavra em tantos contextos, mas talvez ainda nos falte uma compreensão mais profunda. Social deriva da palavra socius, em latim “companheiro, camarada, amigo”. Assim, a vida social se referiria a uma associação (do latim associare: “juntar, agrupar”) entre companheiros, pessoas que compartilham afinidades e ideais, que formam uma comunhão em algum nível.
Então, refaço a pergunta: como anda a sua vida social? Como e com quem você tem se associado? Quanto e qual é a qualidade de seu tempo que você dedica a estar entre companheiros?
Na atualidade, o próprio termo “vida social” tem sido um tanto banalizado. Aparece mais ligado à badalação, a estar em eventos, “expor sua figura”, estar em evidência. Ou então, a ideia vem atrelada aos modismos das redes sociais digitais, quem nem sempre formam rede no sentido mais amplo da palavra. Pare e pense: entre a lista de pessoas que te adicionaram (ou que você adicionou) em tais sites, a quantas você está conectado de fato? Ou seja, com quantas você vivencia uma conexão real, no sentido de companheirismo, de troca de ideias, de presença, de amizade?
Vida social não tem a ver com badalação
Indo além dessas pré-concepções, vida social não é sinônimo de agitação, nem de ter mil compromissos para o final de semana, muito menos ter mais de duzentos nomes na agenda telefônica. Estar na companhia de alguém, seja por terem gostos parecidos para programas culturais, porque o papo flui gostoso, porque a presença do outro coloca você para cima ou te faz pensar de modo diferente, ou simplesmente porque vocês se gostam e por isso, resolver dedicar um tempo para encontros que renovem o laço de amizade – isso é vida social.
Os humanos são seres relacionais e que constroem sentido para suas vivências. A vida humana sem relação fica carente de sentido, passamos a não nos perceber como um elo de um todo maior. Podemos daí deduzir que nossa vida sem relação fica carente de humanidade.
Reserve tempo para quem ama
Por conta da desculpa da falta de tempo, da desconfiança, do medo do envolvimento, da cultura individualista em que vivemos, da ilusão de que ligações superficiais nos bastam, vamos sendo incentivados a ficar “seguros” atrás de nossas muralhas. Estamos nos escondendo atrás de nossos medos de assumir um lugar na vida do outro e deixar que ele ocupe um lugar também na nossa? Talvez. Estamos nos acostumando à preguiça de tomarmos um telefone nas mãos para ouvir a voz do outro? Muito provavelmente.
Se for por medo de envolvimento, precisamos reconhecer de uma vez por todas: viver é assumir riscos, sempre. Um poema de Léo Buscaglia nos diz que “estender a mão aos outros é arriscar-se a se envolver”, que “amar é arriscar-se a não ser amado”, “mas os riscos têm que ser vividos, pois o maior perigo da vida é não arriscar-se a nada”. Criar laços é arriscar-se em terrenos novos e é nesse movimento que a gente cresce, sente, muda, vive.
Criar laços é arriscar-se em terrenos novos e é nesse movimento que a gente cresce, sente, muda, vive.
Vida social é reservar tempo e espaço para nutrir os laços importantes para nós. Não precisa criar pretexto, esperar uma data especial, marcar uma atividade para convidar. Que seja um momento de ócio para dividir o silêncio. Esteja com as pessoas que lhe são caras, da forma que for, desde que seja de uma maneira verdadeira para você.
Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduada em Psicodrama pelo Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno, pós-graduanda em Análise Junguiana e Arteterapia. Trabalha temas ligados ao universo inconsciente dos sonhos, autenticidade, coragem e transições de vida. Especializada na condução de grupos de estudos do livro “Mulheres que correm com os lobos”.
Saiba mais sobre mim- Contato: contato@julianaggarcia.com.br
- Site: http://julianaggarcia.com.br