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Constelação Familiar para superar relacionamento abusivo

Atualizado em

Um relacionamento abusivo pode deixar marcas e dificultar que uma pessoa siga uma caminhada mais leve. É preciso compreender o processo e deixar rótulos e papeis experimentados para trás antes para ressignificar e ampliar o aprendizado.

A possibilidade de atrair relacionamentos mais saudáveis existe desde que seja possível olhar de forma profunda para a situação e buscar a autoconsciência.

Entenda um pouco da visão da Constelação Familiar sobre o assunto e como as Leis Sistêmicas podem lhe auxiliar na sua caminhada.

Relacionamento abusivo na visão sistêmica

Onde há abuso, há excesso de algo. Em uma relação nomeada como abusiva, a priori, terá excesso de um sobre o outro, desde comportamentos mais explícitos, como agressões verbais e físicas, até as mais ocultas, como a agressão psicológica.

De uma maneira geral, relações a dois, por mais que possam trazer conflitos, devem ter leveza. Se está pesado além da conta, tem algo fora do lugar em alguma das histórias ou em ambas.

Na visão sistêmica das Constelações Familiares, evitamos utilizar termos que engessem um padrão. Geralmente, quando um rótulo ou nome é pré-definido para uma situação, papeis são bem delineados e um adota o papel de vítima e o outro, de algoz.

O risco é que estes papéis podem se prolongar na vida dos rotulados em todas as áreas. Partimos do pressuposto de que tudo que acontece tem um lugar em nossa história dentro de um contexto amplo familiar que abrange até quatro gerações.

A ideia não é justificar atos ilegais nem amenizar culpas. O foco é em ampliar a visão para conseguir fazer novas escolhas, mais leves e saudáveis, baseando-se no aprendizado das situações desafiantes e autorreflexão.

Por que ocorre abuso segundo a Constelação Familiar?

A Constelação Familiar parte do princípio que somos regidos por leis naturais que atuam sobre o indivíduo e todo o seu sistema familiar.

As leis do pertencimento, da ordem e do equilíbrio perpassam as relações afetivas e sociais em quando negligenciadas, geram efeitos nocivos em um ou mais integrantes do sistema.

Assim, o efeito de vivenciar uma relação desequilibrada pode ter relação com alguma desordem em relação às leis sistêmicas. Vejamos como:

Lei do pertencimento

Ninguém do sistema pode ser excluído. Exemplo: se aquele avô rígido e autoritário que maltratava a avó é lembrado com mágoas e ressentimentos, pode ser que algum neto ou neta precise dar lugar a esta história, incluindo-o, o que geralmente se dá por meio da repetição de histórias.

Lei da ordem

Quem vem antes é maior no sistema, pois chegou primeiro. E, se por acaso, a mulher se acha melhor que a mãe ou se ressente do pai, sistemicamente ela se coloca acima deles.

Com isso, os efeitos nocivos acontecem e podem ser experimentados nas relações afetivas. O homem, da mesma, forma pode adotar o papel de agressor para dar lugar a algum agressor antes excluído do sistema.

Lei do equilíbrio

É a que perpassa as relações de casais. Quando ela está em desordem, o primeiro indício é a ocorrência de uma relação desequilibrada, que também pode sofrer influência das outras desordens mencionadas.

O equilíbrio entre as trocas do dar e receber é que conduz um casal e ampara o amor. Alguém que aceita tudo e perdoa tudo auxilia no desequilíbrio. Ninguém suporta o “tudo”! Aqui, sempre terá um excesso, para mais ou para menos.

Como superar um relacionamento abusivo

Claro que os exemplos dados são simplórios, pois as leis são muito mais profundas e precisam ser vistas com profundidade. Nada pode ser generalizado no que diz respeito ao ser humano.

Cada caso traz sua própria peculiaridade e apenas pode ser visto dentro de cada contexto. Mas mesmo com esta breve reflexão é possível ampliar o olhar e adequar a postura para uma vida mais leve.

1. Reconheça seu lugar

Você vem de uma história e talvez traga registros de padrões familiares inconscientes referentes ao masculino e ao feminino. É imprescindível buscar este olhar mais aprimorado para sua história para compreender-se como um aprendiz, e não vítima do destino.

É preciso olhar para seus antepassados próximos ou mais distantes e deixar de lado as críticas e julgamentos. Afinal, este comportamento é totalmente improdutivo e não traz nenhuma solução para o que já ocorreu no passado.

A ideia é reconhecer que todos que vieram antes fizeram o melhor com os recursos que tinham disponíveis. E a você, cabe respeitar e seguir seu próprio caminho com os novos recursos que você tem disponível agora.

2. Reconheça sua própria força e valor

A autoestima pode estar em baixa, mas é possível buscá-la novamente em seu íntimo. Valorizar suas origens é um passo importante, pois eles fazem parte de quem você é.

Você é 50% pai e 50% mãe e, se não reconhecê-los neste lugar, não conseguirá ser 100% você.

A autoestima inicial vem do respeito àqueles que te deram a vida. Em seguida, perceba crenças destrutivas que foram se formando ao longo do tempo e faça o exercício de desconstruí-las. Quanto mais você autoconsciente for, mais fácil será retomar o controle.

Alguém pode ter ferido você no passado, então deixe o fato no lugar certo – no passado. Cada vez que você se impede de seguir adiante, você dá mais poder a quem te feriu antes.

3. Reveja posturas e atitudes

Como mencionei, o lugar de vítima pode ser confortável de forma inconsciente, mas é perigoso. Para sair deste lugar, é preciso autoconsciência e autorresponsabilidade pela sua própria vida e história.

Se estiver difícil para encontrar a melhor postura e fazer escolhas mais leves e conscientes, talvez um profissional com a visão sistêmica pode lhe auxiliar a compreender os padrões inconscientes e ocultos,

Assim, você poderá seguir mais livre e em paz com seu sistema de origem, de forma a buscar relações mais equilibradas de agora em diante.

Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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