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3 caminhos para lidar com crises na vida

Momentos difíceis oferecem oportunidade de sair da estagnação

Atualizado em

Estamos passando por um momento de muitos desafios. A crise tem aparecido na vida da maioria das pessoas, seja financeira e profissional ou na vida pessoal. Tenho acompanhado muito em consultório situações de transição, nas quais a pessoa precisa se reinventar e encontrar novos caminhos para o que se apresenta em sua realidade.

A crise é um momento no qual um determinado modo de funcionar começa a não dar mais certo e é preciso inventar uma outra forma de lidar com as questões que estão surgindo.

Algo precisa morrer para o novo nascer. É este período de transição que chamamos de crise.

Todo crescimento envolve crise. Ninguém cresce sem crise. O próprio nascimento é uma enorme crise, uma grande ruptura. Em nossa vida, ao longo de nosso desenvolvimento, passamos por várias crises, como o desmame, a ida para a creche, a saída da faculdade para o mercado de trabalho e para a vida adulta, e assim por diante. Temos, então, a possibilidade de desenvolver novos recursos, ao passarmos por crises que exigem de nós um esforço adaptativo.

Se a vida empurrar você, aceite o movimento

A saída de uma zona de conforto inevitavelmente envolve um estresse, mas é assim que crescemos e nos desenvolvemos. Se manter no comodismo nos deixa estagnados no mesmo lugar, sem avançar para algo melhor. É nessa hora que vemos tanta gente reclamar que nada acontece de diferente em suas vidas. Às vezes, a própria vida lhe empurra para uma mudança, mas, ainda assim, você fica inerte e sem saber qual rumo tomar. Se você se encontra nessa situação, é tempo de se perguntar: qual movimento estou deixando de fazer em minha vida? Em qual zona de conforto eu me encontro? Qual é o meu medo de sair daqui?

Medo da crise atrai mais escassez para sua vida

Em tempos de crise, é preciso muita resiliência, aceitação e mais um punhado de flexibilidade para olhar por novos ângulos, descobrir diferentes caminhos, sentir com outros sentidos e reinventar os passos a seguir.

Muitas vezes nos deparamos com uma tristeza profunda, uma raiva, uma indignação, uma voz que diz: “eu quero ir por aqui e, se não for neste caminho, não quero ir por lugar nenhum!”. E a cabeça fica batendo no mesmo lugar, até criar um galo e dar aquela baita dor de cabeça. Aí você se cansa, senta e só quer desistir, chorar, abandonar o barco. Seja lá que barco é esse ou se você já está do lado de fora, agarrado no casco, de olhos fechados e teimando que dali você não sai.

O sentimento que mais paralisa sua vida

Nesses momentos, a dúvida pode ser sua maior inimiga. O medo de largar o já conhecido e se aventurar em um caminho novo é o suficiente para deixar você congelado no mesmo lugar. A dúvida, nesses casos, geralmente surge do sentimento de medo. E o medo estagna e impede o movimento de acontecer. E, em momentos de transição, é preciso movimento, caminhar para sair do ponto em que está e chegar a um lugar melhor.

Para isso, é preciso, de fato, coragem. Uma boa dose de autoconfiança também é essencial para a dúvida e o medo não prevalecerem. E este é um ponto muito importante. Muitas vezes a dúvida mais profunda é: “será que eu sou capaz?”. Não acreditar em nós mesmos, na nossa capacidade e no nosso valor acaba por nos deixar estagnados onde estamos, “afinal, não vai dar certo”. Essa crença existe dentro de você?

Às vezes, a dúvida e o medo congelam até a percepção de si mesmo e das suas possibilidades, dificultando a compreensão de qual direção seguir. Em alguns momentos, só sabemos ao tentar. Em outros, é preciso pesquisar, refletir e sentir dentro de si qual decisão tomar. Mas, em ambos os casos, é preciso confiar, colocar a dúvida ao seu lado.

Você não precisa ignorar o seu medo e nem rejeitá-lo. Basta tirá-lo da sua frente e caminhar de mãos dadas com ele. É este sentimento que vai alertá-lo quando for preciso, mas não estará nas rédeas de suas escolhas. Você o escuta, reflete, e sente se pode continuar mesmo assim, mas o comando é seu. Então, você segue para onde sente que deve ir.

Para sair da estagnação que a dúvida e o medo criam, podemos utilizar alguns recursos muito importantes para essas situações. Veja abaixo quais são.

3 maneiras de ajudar você sair da estagnação

Centramento e conexão consigo mesmo

É preciso, primeiro, conseguir se centrar, saindo do abalo emocional que a situação de crise gera. Com centramento é possível ter uma maior clareza para compreender o momento e descobrir o que precisa ser feito. Para se centrar, você pode utilizar como recursos as atividades que lhe trazem bem-estar, como, por exemplo, dançar, tocar um instrumento, estar na natureza, caminhar na praia, meditar, cantar, etc. Reflita qual atividade ajuda você a se colocar presente no aqui e agora, a sentir-se tranquilo e conectado consigo mesmo.

Movimento corporal

Outro recurso é colocar o corpo em movimento. Toda estagnação gera mais estagnação. Para sair desse estado, é preciso gerar movimento. E quanto mais movimento é gerado, mais movimento você quer e consegue fazer. É aquela famosa Lei de Newton: “Um corpo em repouso tende a permanecer em repouso, e um corpo em movimento tende a permanecer em movimento.” Um corpo só altera seu estado de inércia se for aplicado nele uma força resultante diferente de zero, certo? É exatamente o que ocorre com todos nós. Para sair da inércia, mesmo que esta seja uma inércia emocional e psicológica, o movimento corporal ajuda (o corpo fala, que tal ouvir o seu?).

O corpo e a mente são uma unidade, na qual um é reflexo do outro. Desta forma, o movimento corporal também ajuda a mobilizar energia para dar conta de uma situação de dúvidas e medos que paralisam. Para isso, você pode fazer um exercício físico que goste, unindo o recurso anterior de bem-estar com o de movimento corporal. Você pode, também, nos momentos em que estiver sentindo a inércia e o medo tomarem conta, se movimentar na hora que os sentimentos vêm.

Seja dançando na sala, saindo pra correr na rua, pulando e sacudindo o corpo, ou inclusive se esforçar para fazer alguma tarefa importante que precisa ser concluída. Por mais difícil que seja fazer esse movimento, por maior que seja a vontade de ficar afundado no sofá, o próprio esforço de fazer algum movimento na vida já é, por si só, um antídoto à estagnação.

Psicoterapia

Outro recurso importante que você pode utilizar é a psicoterapia. O acompanhamento de um psicólogo, neste momento, pode lhe ajudar a trabalhar sua autoconfiança e compreender seus medos, dúvidas e bloqueios para, então, aprender a administrá-los e transformá-los dentro de si. Por meio do autoconhecimento e autorreflexão, o psicólogo irá lhe amparar, acompanhar e fornecer ferramentas para o seu desenvolvimento pessoal.

Assim, você pode ir soltando as amarras e os pesos que carrega , tornando seu caminho mais leve. Com isso, o processo de crise, dúvidas e mudanças na vida vão ficando mais claros e você pode compreender melhor as direções a seguir.

Novos rumos precisam surgir de vez em quando, e os caminhos muitas vezes se impõem sem muito pedir licença. Cabe a nós escolher trilhar com a alegria de criança descobrindo um brinquedo novo, ou com a amargura de quem está sendo obrigado a ir para aquele compromisso chato.

Siga seu coração e aceite a possibilidade de novos caminhos e os obstáculos ao longo dele, com flexibilidade e criatividade. Tome as rédeas de sua vida, deixando o medo apenas ao seu lado e, então, siga para onde quer ir. Crie, recrie, reinvente e faça desse momento de crise uma chance preciosa de transformação. Dentro de você estão todas as respostas das quais precisa, apenas busque os meios para descobri-las.

Luisa Restelli

Luisa Restelli

Psicóloga e Psicoterapeuta Corporal Reichiana. Realiza atendimentos no RJ e online, grupos terapêuticos para mulheres e palestras.

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