2025

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A riqueza de ser como se é

Respeite seus anseios e sentimentos e recupere sua autoestima

Atualizado em

Muito se diz que a mulher é um ser misterioso. Quantos não gostariam de entender o que as mulheres querem e desvendar os sentimentos femininos? Talvez essa tarefa tivesse de partir, primeiramente, das próprias mulheres: conhecer os seus sentimentos, ir fundo na compreensão de seus mistérios, reconhecer a sua multiplicidade.

Carregamos no corpo o mistério do ciclo vida-morte-vida. Todo ser vivo também carrega essa experiência, mas o corpo feminino traz essa vivência à luz, torna explícito. Quer um exemplo? Vivemos tal realidade a cada ciclo menstrual. Primeiro vem a possibilidade de vida, a semente que é lançada. Se não é fecundado, o óvulo e todo o aparato de preparo do organismo são descartados, mostrando que não houve o nascimento de uma vida. Depois nosso útero se prepara para novos ciclos. Com tal movimento variamos também em nossa experiência íntima, com períodos de abertura e fechamento. Se compreendêssemos melhor esse ritmo em nosso corpo, talvez tivéssemos menos sintomas de tensões como a maioria das mulheres experimenta na atualidade. Aproveitando os momentos de fechamento para refletir, recarregar energias, planejar, se sintonizar. Aproveitando os momentos de abertura para agir, se expor, apresentar-se, ir à luta.

Energia contida

Compreender os ritmos internos e respeitá-los é um baita desafio para nós mulheres. Tão acostumadas fomos a calar nossos sentimentos e a seguir o ritmo do outro, que agora fica de fato difícil dedicar um tempo para ouvir a nós mesmas. Tanto tempo de silêncio imposto, que muitas vezes nossa alma só consegue nos mostrar como estamos nos trazendo sintomas. E mesmo assim, o que aprendemos? Uma mulher é incansável! Quantas de nós aturam dores crônicas protelando para amanhã o autocuidado?

De um ser pleno de riquezas, mistérios e belezas, quiseram moldar e construir um outro, mais domesticado, formatado, domado. A cultura patriarcal fez de tudo para conter a energia que assustava, para domar aquilo “que não tem medida, nem nunca terá” (tomando emprestadas as palavras de Chico Buarque). A energia feminina ia contra a ordem que se queria instituir: o controle, a luta por poder, o individualismo. Tentaram dobrar, amassar, rasgar a alma feminina, para fazê-la caber no baú de uma cultura inconsciente, para tornar o Feminino se não aceitável ao menos tolerável. Isso fez com que muitas e muitas mulheres brilhantes fossem tachadas como erros, aberrações e fossem punidas por simplesmente serem.

Multiplicidade e riqueza

O Feminino não se encaixa em padrões. Cada mulher é múltipla em suas faces e suas possibilidades. Temos luz e sombra, asas e raízes, sins e nãos, interno e externo, renovação constante, ondulações. E nossa riqueza está em sermos como somos.

Cada mulher é múltipla em suas faces e suas possibilidades. Temos luz e sombra, asas e raízes, sins e nãos, interno e externo, renovação constante, ondulações. E nossa riqueza está em sermos como somos.

Precisamos recuperar a autoestima, a alegria de sermos depositárias de tantas características naturais cheias de beleza. É urgente retomar o contato com nossos anseios e sentimentos, com nossa garra e nossa sensibilidade, com nossa intuição e nossa criatividade. Pense em maneiras de iniciar uma relação mais prazerosa com você mesma, mulher! Reconheça em si a união dos aspectos femininos e masculinos e potencialize o que lhe faz bem. Tome partido de suas múltiplas faces a seu favor! Não acredite em que lhe diga que você é o sexo frágil (nem se ouvir isso de você mesma!), retome a força interna que fez com que você chegasse até aqui! E dia da mulher não tem uma só data. Todo dia é seu dia, todo dia é especial, pois é o agora que se converte em possibilidades. Permita-se!

Indicação de livros que podem lhe ajudar nessa jornada:

Mulheres que correm com os lobos: mitos e arquétipos da mulher selvagem. De Clarissa Pinkola Estés. Editora Rocco.

A procura do Feminino. De Marisa Sanabria. Editora Ideias e Letras.

A mulher heróica: relatos clássicos de mulheres que ousaram desafiar seus papeis. De Alan B. Chinen. Editora Summus.

Juliana Garcia

Juliana Garcia

Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduada em Psicodrama pelo Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno, pós-graduanda em Análise Junguiana e Arteterapia. Trabalha temas ligados ao universo inconsciente dos sonhos, autenticidade, coragem e transições de vida. Especializada na condução de grupos de estudos do livro “Mulheres que correm com os lobos”.

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