3 atitudes que bloqueiam a empatia
Descubra alguns fatores que fazem de você uma pessoa pouco empática
Por Carolina Nalon
Cada dia mais eu vejo a palavra empatia sendo repetida na internet. Pessoas escrevendo sobre como o mundo precisa de mais empatia, sobre como devemos educar as crianças para que elas sejam empáticas e como essa habilidade poderia revolucionar a forma como os seres humanos ocupam o mundo.
Apesar de muito se ter falado sobre o assunto, pouquíssimas pessoas sabem como demonstrar empatia e, o pior, grande parte nem sabe quais são as principais dificuldades para coloca-la em prática. Por conta disso, utilizam no dia a dia, na maior das boas intenções, estratégias que mais afastam as pessoas do que conectam.
O que é empatia?
O momento da empatia é aquele em que existe conexão, quando você vai compartilhar algo com alguém e há espaço para desaguar o que está sentindo.
O momento da empatia é aquele em que existe conexão, quando você vai compartilhar algo com alguém e há espaço para desaguar o que está sentindo.
É quando no final da conversa há um certo alívio, mesmo que seu problema não tenha sido resolvido, pois sente na presença do outro um lugar seguro para ser você, um olhar sem julgamentos para dizer o que está acontecendo e o que sente.
Não é uma delícia ter uma pessoa com quem sente essa abertura? E imagina que gostoso ser visto como alguém que promove isso para os outros. Alguém em quem as pessoas confiam e se sentem confortáveis em se abrir (pelo menos eu adoro).
O problema é que poucas pessoas sabem como criar esse espaço nas conversas. Em geral, nós “queimamos largada” e já queremos resolver o problema do outro antes mesmo dele ter acabado de compartilhar o que quer falar com a gente. Ou seja, em geral nós escutamos para responder, e não para compreender.
Pensando nisso, confira abaixo o que bloqueia a empatia, com base em uma situação hipotética. A ideia é que você repense-as, caso queira ser visto como alguém empático.
3 atitudes que bloqueiam a empatia
Imagine que uma amiga sua acabou de terminar o relacionamento com um cara que você nunca gostou. Ela vem compartilhar que está muito triste, chorando, dizendo que a relação chegou ao fim. Você percebe a dor dela e na maior das boas intenções diz:
1 – “Ai, amiga, relaxa. Não é o fim do mundo, esse cara nem lhe fazia bem mesmo. Você vai encontrar outro bem melhor”.
Esse é um clássico bloqueio para a empatia. Acontece quando você quer encerrar o assunto, então diz logo que a pessoa vai ficar bem.
E é bem provável que no futuro ela fique mesmo, mas o fato é que agora ela não está bem. E provavelmente não vai se sentir nada acolhida com suas palavras. Se alguém me respondesse dessa forma, eu ficaria com a impressão de que a pessoa não quer mais conversar, que ela não quer mais escutar o que tenho para dizer. Eu “murcho” aqui desse lado.
E muitas vezes nós falamos coisas desse tipo, mas na verdade não queremos encerrar o assunto, e sim ajudar o outro! Nosso desejo é que a pessoa se lembre que isso vai passar, mas por causa da forma que falamos, nosso discurso não surte esse efeito.
Outra possível resposta poderia ser:
2 – “Olha, pelo menos vocês terminaram numa boa. Pior eu, que briguei com a família inteira do meu ex quando terminei”.
Esse também é um bloqueio para a empatia, acontece quando a gente compete pelo sofrimento. Não acho que façamos isso porque somos “malas de carteirinha”, mas talvez porque temos a intenção de mostrar que existem problemas piores do que aqueles que o outro está passando. No fundo, a ideia é fazer com que a pessoa olhe para situação sob um ponto de vista diferente. Mas, geralmente, essa abordagem tem um outro efeito. A sensação que dá é a de que você não está se importando com o sentimento da sua amiga.
Parece que acha o seu sofrimento é maior e, por isso, não há espaço para ela compartilhar o dela.
Uma outra forma bastante comum de responder a uma situação como essa é:
3 – “Olha só, já sei o que você tem que fazer! Entra agora em um aplicativo de relcionamento. Vamos melhorar essa cara e sair pra beber e se divertir, você não pode ficar aqui parada”.
É claro que, dependendo da situação, isso até pode funcionar, mas dar um conselho ou tentar resolver de imediato uma situação pode ser um baita bloqueio para a empatia.
Dar um conselho ou tentar resolver de imediato uma situação pode ser um baita bloqueio para a empatia.
É provável que enquanto sua amiga estiver chorando ela precise de um tempo para se recompor. Pode ser que ela ainda queira contar algumas das coisas que ainda estão engasgadas em relação a essa situação. Se você diz para ela que já sabe o que fazer, esse momento de desabafar é cortado. E agora ela ainda vai ter que lidar com a decisão de acatar ou não seu conselho.
Com isso, não quero que pareça que conselhos não são bem-vindos, pois eles com certeza são! Mas é importante saber o momento de recorrer a eles e esperar o desabafo do outro acabar.
É ligeiramente fácil reconhecer quando uma pessoa precisa de empatia. A fala dela vem carregada de uma carga emocional. E também é igualmente fácil reconhecer o momento que se pode encerrar a escuta empática e iniciar uma conversa despretensiosa ou até mesmo dar algum conselho para outra pessoa: quando o papo esvazia e os envolvidos nele se sentem aliviados. Depois desse alívio, seus conselhos provavelmente serão melhor recebidos e/ou a pessoa vai se sentir mais confortável em saber se deve acatá-los.
Esses são somente alguns dos obstáculos para empatia, existem muitos outros! No livro “Comunicação Não-Violenta” (Agora Editora), de Marshall Rosenberg ele lista outros tantos. O grande desafio é a gente resistir ao impulso de resolver o problema da pessoa logo de cara, é criar espaço, sustentar a conversa para que ela evolua.
É confiar no mistério das relações e no milagre que pode ser um momento empático, porque quando você escuta alguém, você está ajudando-a a se escutar também.
Mediadora de Conflitos. Especialista em Comunicação Não Violenta. Fundadora do Instituto Tiê.
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