Cores na quarentena: quais influências você tem atraído?
Saiba como as cores presentes nas terapias, nas artes e nos ambientes podem afetar sua energia
Por Cris Ventura
O isolamento social chegou com o outono e continuará no inverno – estações que carregam energias de transição e introspecção para que seja possível rever hábitos e comportamentos, encerrar ciclos e etapas, observar emoções e pensamentos e deixar de lado aquilo que não está sendo útil para a sua vida pessoal, amorosa, espiritual e/ou profissional.
E, agora, mais do que nunca, este momento requer ainda mais atenção e cuidado com o corpo, a mente, a alma e a casa.
Neste momento, em que nos recolhemos e somos acolhidos pelas nossas casas, existe uma oportunidade de observar nossas emoções e como estamos expressando esses sentimentos por meio das tarefas do dia a dia e no trabalho.
Lidar com situações inesperadas e incomuns pode ser um aprendizado com o que temos em casa: as cores na quarentena. Pessoas que trabalham com arte, ilustração, decoração, Feng Shui, terapia holística, cromoterapia e todas os que estão em casa, independente da profissão, estão sob a influência do ambiente que as cercam e uma das influências é a cor ou mesmo a ausência dela.
O uso simbólico, intuitivo ou técnico de algumas cores ou um conjunto de cores podem despertar sensações como vitalidade, alegria, leveza, harmonia, concentração, aconchego, agressividade, melancolia, ansiedade, apatia, irritação.
Pensando nisso, fiz uma auto-observação com o meu trabalho de Feng Shui e conversei com alguns profissionais sobre a escolha e o uso das cores na quarentena, em suas vidas profissionais e nos ambientes de suas casas nestes tempos de quarentena.
Falamos sobre a influência, a mudança, o sentimento e a percepção das cores na quarentena para que elas nos ensinem a ter ainda mais harmonia durante este momento chamado de novo normal.
Decoração e Feng Shui
A arquiteta Trícia Veratti observa que apreciar a vista da janela de sua casa com muitas árvores estimula sua criatividade.
E que, tanto em casa como no escritório, sente a necessidade de segurança, por isso quando faz home office fica perto de uma parede de mosaico de pedras (em seu escritório de arquitetura há uma parede de tijolinhos).
Na mesa de trabalho de casa, a arquiteta coloca um tecido laranja e dourado, cores que favorecem o alto astral.
Durante a quarentena, Trícia refletiu sobre a cor cinza e conta que já morou em um apartamento com a predominância dessa cor e sentiu-se introspectiva e triste e que, durante o isolamento, ao ver fotos de ambientes e até revestimentos com essa tonalidade sentiu a mesma tristeza de quando morava no apartamento antigo.
Portanto, ela faz um alerta sobre o uso da cor cinza na decoração dos ambientes: “Sei que estamos na moda do cinza e que ele pode transmitir sensações como despojamento (estilo industrial), limpeza (estilo clean) ou até requinte (estilos clássico e clássico contemporâneo).
Porém é uma cor que carrega em si um ar triste, solidão e falta de vida”. E sugere para quem deseja o cinza em casa neutralizar sua presença com o uso de outras cores em tapetes, almofadas, cortinas, móveis, além de iluminação e plantas.
A arquiteta deixa mais uma dica: “Não tenham medo das cores, não ache que vai cansar da cor.
O nosso lar é o reflexo da vida que está dentro de nós e como tal pode nos influenciar (para o lado bom ou ruim). É normal, portanto, querer de tempos em tempos dar uma repaginada na casa.”
No Feng Shui, o cinza requer esse mesmo cuidado. Recentemente, muitas pessoas me questionaram sobre o uso do cinza para o quarto do bebê, pois está na moda.
A recomendação é não usar essa cor, apesar da neutralidade, pois pode ser melancólica e fria. Mas caso a escolha seja mesmo pelo cinza, a sugestão é combiná-lo com outras cores e no caso de quarto do bebê o verde é o mais indicado.
No meu trabalho com Feng Shui a conexão com as cores é bem forte e simbólica e a recomendação da cor ideal dependerá da aplicação do baguá, da percepção da cor pelos moradores da casa e da função de cada um dos cômodos.
Soluções práticas para usar as cores no dia a dia
Durante a quarentena, tenho usado e sugerido que as pessoas usem tecidos coloridos que podem ser mantas, toalhas de mesa, pashminas, lenços compridos que possam cobrir uma cadeira ou uma poltrona ou um sofá.
- Na cadeira de trabalho sugiro o amarelo para mais concentração, o roxo para mais intuição e o vermelho para mais vitalidade e proteção.
- No sofá ou outro móvel da sala pode ser um laranja para mais alegria.
- No quarto uma manta verde para harmonia e bem-estar ou rosa para mais amorosidade.
- Em qualquer canto da casa a companhia do verde natural das plantas.
Tenho me sentido atraída pela pedra turquesa e tenho usado a cor laranja nas roupas e no ambiente. Aprendi mais sobre a função e simbologia dessas cores em outras importantes terapias.
Confira a seguir.
Cromoterapia e Terapia Holística
Solange Lima, terapeuta integrativa especialista em Aromaterapia e Cromoterapia, afirma que a cor laranja transmite força, coragem, determinação e ousadia, tirando as pessoas do estado de medo e insegurança.
E mais: o laranja estimula, inspira e favorece uma energia mais voltada à prática. Solange faz uma conexão de prosperidade com o laranja, pois a cor tem os atributos que levam a pessoa a ser próspera.
Ela oferece condições para que a pessoa deslanche e alcance o que deseja com ousadia, planejamento e vigor para realizações.
É diferente da cor sugerida para a prosperidade no Feng Shui que é o violeta ou o vermelho, mas confesso que o canto da prosperidade da minha casa é laranja e que tenho usado essa cor nas roupas e sinto essa conexão de prosperidade, pois o laranja ativa a força de vontade, necessária para prosperar.
Durante esse período de distanciamento social, Solange usa e indica a Cromoterapia com o uso de cores nos objetos de decoração dependendo da necessidade de cada pessoa.
Confira as dicas:
- Para quem precisa de mais coragem e deseja alcançar metas e superar desafios o laranja é a cor ideal.
- Para harmonia e equilíbrio, use o verde.
- Para quem está se sentindo desmotivado e com uma tendência à depressão, pode usar o vermelho. É importante ter cuidado com o uso dessa cor, pois é muito estimulante.
- Para meditar, o amarelo é uma ótima opção pois ajuda na concentração, no foco e na criatividade. O ideal é colocar um objeto amarelo à sua frente para manter um contato visual com a cor.
Preparar uma água solarizada é uma prática simples para aproveitar os benefícios das cores na quarentena e no dia a dia.
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Simone Kobayashi, terapeuta holística e vibracional, ensina que a pedra turquesa combate a ansiedade e pode amenizar a dificuldade para dormir, o excitamento nervoso, a falta de fé em si mesmo, o negativismo, os pensamentos repetitivos e a inflexibilidade.
A turquesa também melhora a qualidade de vida, pois trabalha o bem-estar físico e o aumento da imunidade, por isso pode ajudar a melhorar as energias nesse momento, e, enfim, entendi a minha atração por essa pedra.
Simone conta que tem usado um tecido turquesa sobre a cadeira de trabalho e que costuma deixar as cores mais à mão, as almofadas e mantas fora do armário, os quadros mais coloridos em primeiro plano.
A terapeuta, que já atendia online e à distância bem antes do isolamento social, já usava esses recursos pontualmente em casa, deixando as cores mais em detalhes no ambiente da casa.
Na quarentena, a terapeuta energética tem notado que as pessoas falam sobre falta de vitalidade e que isso afeta a criatividade e relaciona essa questão com a falta de cor nos ambientes, por isso sugere ter cores ao redor que podem estar em itens sobre a mesa de trabalho ou em quadros.
Atenção especial para não usar só uma coisa (pedra, cristal, objeto ou cor) para “sempre”, porque o “sempre” pode ser muito tempo e as pessoas são mutáveis e complexas, destaca a terapeuta.
Como as pessoas estão mais tempo em casa, ou seja, no mesmo lugar, ela sugere ainda que mudem objetos de lugar e alternem as cores para criar movimento e mudar as energias.
Cores na quarentena, arte e criatividade
A presença da cor em imagens, quadros, ilustrações também compõem uma vibração energética e muitas vezes estão presentes na sala de estar dentro de livros ou expostas nas paredes.
Nas casas, a recomendação é personalizar as paredes dos cômodos com imagens e cores que as pessoas realmente gostem e as artes são ótimas para ativar a área da Criatividade, de acordo com o Feng Shui, área que tem a ver com inspiração, entusiasmo, novas ideias, artes, projetos, futuro.
Por isso, conversei com três artistas com estilos bem diferentes sobre o uso das cores na quarentena em seus trabalhos e em seus ambientes.
Confira:
Lúcia Hiratsuka, autora de livros ilustrados, gosta de um ambiente claro, por isso a parede do seu quarto de trabalho é branca e para equilibrar coloca no ambiente elementos de madeira e usa uma bola de pilates colorida para se sentar.
Em seu trabalho como ilustradora usa as cores que ajudam a contar uma história, normalmente, usa todas.
Lúcia afirma que a conexão com as cores na quarentena pode depender do espaço ou do objetivo, mas que essa conexão, em geral, reflete a personalidade de cada pessoa.
Ela gosta de cores alegres, ou que transmitem a sensação de silêncio. Para a casa: parede interna branca, com cores alegres, ou estampas, nos móveis e objetos.
Para ilustração, ou livro ilustrado: a cor que melhor expressa a história, ou uma ideia. Durante a quarentena, notou que algumas vezes ao olhar um quadro ou uma pintura, sente mais atração pela cor verde e sua harmonia que acalma.
Alexandre Staut, escritor, editor de livros e pintor, declara que precisa de um ambiente limpo e arrumado, sem muitas coisas pelo caminho e realiza seus três ofícios na sala de sua casa, que é ampla e tem uma janela grande por onde entra bastante luz.
Para escrever usa uma mesa grande de madeira, que fica ao lado de uma estante de livros. Para pintar, coloca a tela pendurada na parede, sem cavalete.
No ambiente há algumas plantas e paredes são claras e cheias de quadros. Em sua arte, gosta de branco, preto, terre verte, cinza em suas várias tonalidades e gris de Payne (cor criada pelo pintor inglês William Payne).
É um azul-cinza escuro que serve como misturador no lugar do preto, dando um tom azulado e não tão escuro quanto o preto.
Quando criada, a cor era uma mistura de azul da Prússia, ocre amarelo e lago vermelho. Hoje é uma mistura de azul ultramarino com outras cores vibrantes.
Alexandre pinta basicamente paisagens e essas cores estão quase sempre presentes, com algumas variações.
Pessoas que veem suas telas, dizem, num primeiro momento, que todas são cinzas. Depois, quando olham mais de perto, percebem que que os céus têm várias tonalidades de azul, prateado, cinza-esverdeado, rosa, branco, entre outras cores.
A tinta a óleo oferece várias possibilidades. Desde o começo da quarentena, Alexandre passou a ficar mais tempo na frente de uma tela. Cada sessão de pintura tem durado mais ou menos de seis a sete horas.
A pintura de paisagens que ele pratica, inspirada no movimento Romântico do século XIX, oferece uma possibilidade de mergulho num mundo mágico, lúdico, frente ao isolamento social e a todas as restrições que estamos vivendo, como sair às ruas, visitar parques, viajar.
E afirma que passou a usar cores na quarentena que fossem mais vibrantes sem que pensasse nisso conscientemente. Para quem tem interesse em pintar, Alexandre indica o curso com o pintor Maurício Parra e a utilização da técnica do frottis que ensina muito sobre o uso das cores.
Luda, ilustradora e artista aquarelante, conta que tem uma grande janela com vista para o verde das árvores que deixa tudo melhor e que tem a presença de uma quaresmeira toda florida com seu roxo vibrante e divino.
Sobre as cores de sua preferência ela cita um verde-água vibrante que usa em sua assinatura e que ela descansa nessa cor.
Tem uma conexão forte com o rosa magenta e sua energia de alegria e amorosidade. Em seu trabalho com ilustrações, cada imagem pede cores específicas para que se expressem e isso ocorre de forma muito espontânea.
Mas também existe uma abundância de branco e que o próprio papel não sendo totalmente ocupado também é uma expressão: um espaço mais vazio, o silêncio.
Em outros trabalhos existe mais presença da cor preta, pelo mesmo motivo. O papel preto sem ser todo preenchido, para que a obra tenha mais ar de mistério.
Luda comentou sobre o uso do preto e do branco como base, e que a partir daí deixa fluir outras cores, mantendo conexão maior com as cores mais vibrantes e alegres para que transmitam alegria no meio de tudo, pois com alegria no peito, fica melhor de receber, dar, trocar, ajudar.
Durante a quarentena, a ilustradora tem notado a diminuição de elementos em casa e que tem deixado o branco respirar mais das paredes.
Conta que doou muitos objetos e livros e retirou muitos quadros e coisas da parede e está pintando duas portas de sua casa, que antes eram brancas.
A porta do seu ateliê na cor magenta para trazer energia acolhedora, alegre e amorosa, vibrações que coloca e intenciona em suas obras.
E a porta do seu quarto com a cor azul royal, para relaxar e aprofundar a mente. Luda Aquareluda, assim também conhecida, sugere para as pessoas que deixem o silêncio e pausas se manifestarem.
E que ao usarem as cores, que elas sejam uma manifestação de sabedoria.
Para saber mais sobre as artes da Lúcia, do Alexandre e da Luda, sigam o Instagram deles: @lucia.hiratsuka, @ a_staut_art, @ luda_aquareluda e sobre a arquiteta Trícia: @triveratti
Encantou-se com o Feng Shui a partir das aplicações da arte milenar em sua casa e dos resultados em sua vida. Ministra palestras e presta consultorias para residências e empresas.
Saiba mais sobre mim- Contato: crisfengshui@gmail.com
- Site: http://www.cantodofengshui.com/