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A Traição faz parte do seu acordo amoroso?

Explore a complexa relação entre traição e acordo amoroso, onde navegamos por sentimentos contraditórios e decisões difíceis

Atualizado em

Traição. Mais forte que o seu significado, só o efeito que tem sobre a gente. A garganta tranca, o sangue sobe, o pulso acelera e não há tristeza que sobrepuje a raiva, o desapontamento, a frustração, a amargura. Traição traz no seu bojo o ciúme, a culpa, a manipulação.

Passar por uma situação de traição é mais do que ser vítima ou cometer uma infidelidade. Trair é quebrar o acordo de confiança e isso, em qualquer tipo de relacionamento, é triste e desgastante. Traição envolve a mentira. A infidelidade, não necessariamente.

A infidelidade pode ser contornada porque pode ser prevista em um acordo entre os pares ou não fazer parte de acordo nenhum, a costumeira constatação: “Aconteceu”. A traição, dificilmente encontra perdão.

Então, aí vem a pergunta que não quer calar. Como manter a confiança em uma relação amorosa?

Antes de tudo, fidelidade a si mesmo. Estabeleça para si os seus limites e para demarcá-los, só quando a gente sabe o que quer.

Identifique quando existe uma competição acontecendo. Não aceite relacionar-se assim, em um jogo de “quem pode mais”.

E, principalmente, o mais importante: conversem. Intimidade inclui interioridade compartilhada, qualidade na comunicação.

E por isso penso nos “combinados” do Amor, já que o que está acertado entre os pares é garantia de paz. Um diálogo honesto sobre desejos e expectativas, pode possibilitar uma relação afetiva duradoura e satisfatória. Mas antes, vamos ver algumas formas de parceria.

Três tipos de amantes

Sem querer colocar o mundo em caixinhas, apenas para facilitar o entendimento e sempre lembrando que o mundo é feito de nuances, pensemos em três tipos de amantes e seus combinados.

Amante-amante

O amante-amante é aquela pessoa com que é possível viver uma relação física intensa. Funciona bem no diapasão sexo-paixão. A história pode durar anos, tem seu acertos, mas dificilmente abarca questões como fidelidade.

Não raro, se você toca no assunto, a criatura sai correndo. Já que na cama a ideia é libertar-se das amarras, fora dela os combinados costumam exigir muitos limites.

Amante-companheiro

O amante-companheiro é aquele com quem você compartilha experiências em grupo ou em contato com a natureza. Momentos com a sua turma, hobbies, estudo, trabalho, viagens. São pontos de contato no mundo externo.

Há muita troca e muitas vivências em comum, sejam extrovertidas, como sair para dançar; sejam as introvertidas, como meditar. Os combinados habituais se referem às regras de convivio social, partilhas e a administração de horários.

Amante-amigo

O amante-amigo é aquele com quem você troca confidências, fala de alegrias e angústias, experiências passadas e aprendizados.

Existe escuta no amante-amigo, é fácil perceber que a pessoa realmente está interessada em você e nos seus processos internos e que há reciprocidade nesse movimento. Nenhum problema em discutir a relação. Há uma cumplicidade inata nesse tipo de casal.

Três em um

Claro, o melhor de tudo é encontrar essas características todas em um só ser humano, mas sabemos que a vida nem sempre é tão boa assim… A palavra amante aparece em todos os três tipos porque partimos do princípio que em uma relação amorosa existam trocas sexuais.

Com o amante-amante, você viverá momentos tórridos, com o amante-companheiro, experiências inesquecíveis e com o amante-amigo existirá a chance de um diálogo efetivo e sincero, parceria e amizade.

Resumo da ópera: Embora em tese os combinados possam funcionar com todos os tipos, com o amante-amigo suas chances de um relacionamento baseado na honestidade aumentam exponencialmente.

O importante é começar do jeito certo

A grande questão que envolve os acertos nos relacionamentos – e que poderiam evitar problemas futuros – é que eles não acontecem nos primeiros tempos da relação. No começo queremos aparentar isso ou aquilo, criar esse ou aquele efeito aos olhos do outro.

Para impressionar, fazemos concessões. Topamos coisas que não são da nossa esfera. Frequentamos lugares que não gostamos E aí, passado o tempo do maravilhamento, na hora de apresentar o manual de instruções… já era. Regras foram estipuladas sem nenhuma conversa.

O tutorial que traz todos os itens de “Como se dar bem comigo na casa dos seus pais” ou “Como conversar com o ex sem causar ciúme”, ou ainda: “Como se dá a lavagem da louça: dos primórdios da gordura à organização nos armários e gavetas” não irá mais funcionar, os hábitos já estão estabelecidos.

Os limites da sinceridade

É sempre sábio ser sincero? A verdade machuca, mas a ferida cicatriza. E mesmo que a fala tenha sido dura e a situação, difícil, você admira a pessoa por ter agido de forma honesta. Já a mentira, corrói como a ferrugem. Quando você vê, não resta mais nada do que foi bonito um dia.

Mas antes do outro, vem a gente, e voltamos à primeira regra: Você é honesto consigo mesmo? Autoconhecimento nunca é demais. Refletir sobre seus desejos é ponto de partida para uma história de amor saudável. E cuidado com a hipocrisia: “eu posso, mas o outro não pode”. Bem comum isso, né?

Lembre-se que o ser amado, a pessoa com quem você se relaciona, tem um universo particular do qual você não faz parte. Ela tem direito à intimidade e à privacidade, incluindo o direito à transgressão.

O que precisa ficar acertado são os limites de cada um. E quando esse limite é ultrapassado, a comunicação precisa ser imediata e serve tanto para um como para o outro: Respire fundo, crie coragem e informe!

Relações afetivas são sociedades

Se existe uma sinergia natural entre vocês, uma parceria consistente e boa comunicação, temos um relacionamento que pode dar certo. Dá pra fazer planos.

Sem isso, a longo prazo, por mais que a gente esteja gostando da pessoa, um dos dois inevitavelmente sairá perdendo. Relações afetivas, apesar da paixão, são sociedades. E para que funcionem como sociedade, é preciso seguir certos princípios. “Mas é duro assim? Regras até no amor?” Não, o amor não segue regras. Mas as sociedades, sim.

Às vezes, é só sexo e não há lealdade possível a não ser aquela que ocorre no presente, no momento em que o encontro acontece. Casos fortuitos não tem futuro, até segunda ordem. Mas aí acontece um novo contato com essa mesma pessoa e começamos a insistir no movimento, mesmo que existam sinais de que não vale a pena continuar.

Por que topamos ficar com pessoas que não nos fazem bem, que não tem nada a ver com a gente? Elas podem ser boas pessoas, mas na interação há colisões que podem se tornar intransponíveis. Ela será uma boa pessoa para outra pessoa e é vida que segue. Histórias passionais são bonitas no cinema. Na vida real não tem graça nenhuma.

É preciso encontrar equilíbrio em meio ao fascínio.

A Carência como desculpa

No mundo de hoje, com essa vida louca, somos todos carentes de alguma forma. Carentes de carinho, de tempo, de atenção… em algum lugar dentro da gente, privações emocionais vão acontecer.

Rodeie-se de bons amigos, traga as pessoas que lhe são queridas da família mais para perto e, principalmente, tire a pessoa do foco e olhe para você. A longo prazo, uma relação baseada em carências pode ser o estopim para uma história de abuso. Cortar o mal pela raiz é sempre uma boa ideia.

Traga o medo de ser traído para a conversa!

Então, como evitar a traição? Conversando honestamente sobre seus desejos, colocando na mesa aquilo que doi e aquilo que agrada. Entendendo que o outro é o outro, com uma criação diferente, com expectativas diversas, com uma mecânica interna que não é nossa.

À medida em que o relacionamento amadurece, a cumplicidade acrescenta detalhes e suprime excessos do acordo, do pacto, do combinado. A traição deixa de ser uma ameaça, um fantasma que ronda a relação.

Tarot e Traição

As cartas do Tarot são catalisadoras de possíveis transformações. Neste caso, quando estamos falando de traição, é interessante observar as figuras do Diabo e da Temperança mais detidamente. Descreva-as, se possível, coloque o que vê em palavras. Essa prática abre portais de entendimento.

O Diabo, O Pendurado a traição

Quando você olha para a imagem do Diabo, vê facilmente as marcas da possessividade, do efeito avassalador dos sentimentos. Ali está o desejo de controle, o ciúme e o egoísmo. Claro, tudo isso sob o sombra de uma tórrida paixão.

O Pendurado é a mais pura imagem da traição, a carta que mostra simbolicamente a complexa dinâmica da vitimização: culpa e perdão.

Se você não está conseguindo deslindar nós emocionais nesse momento, procurar um tarólogo competente pode ser uma boa ideia. O Tarot abre o leque dos acontecimentos, mostra onde e porque o bicho está pegando e sugere direções. Este é um bom primeiro passo para o esclarecimento.

As soluções mesmo você só encontrará quando responder às suas próprias perguntas em algum tipo de terapia. Recomendo fortemente que você faça isso se está vivendo uma situação complicada. Há várias correntes e métodos terapêuticos.

Veja qual se alinha melhor ao seu jeito de ser. Se houver um diálogo razoável com o seu par e você ainda tenha esperanças em manter o relacionamento, considere a terapia de casal.

Olhe para sua onda emocional

Por ora, se tudo estiver acontecendo agora, o que posso lhe sugerir é: olhe para a sua onda emocional. Veja o pico e o movimento baixo da onda. E só tome alguma atitude quando estiver em um estado neutro.

E esse é o momento de olhar para a carta chamada A Temperança, o anjo que tudo harmoniza, aquela que traz consigo a arte do autoentendimento.

A suavidade com que ela faz o seu trabalho de fusão, alquimiza nossos sentimentos, oferecendo harmonia e equilíbrio. Com todo acolhimento do mundo, ela coloca uma almofadinha fresca sobre o nosso peito, acalmando o coração.

Lembre-se: Buscar o entendimento é sempre uma boa estratégia, principalmente quando se trata de fazer as pazes consigo mesmo.

Espero que a traição não faça parte do seu acordo amoroso!

Zoe de Camaris

Zoe de Camaris

Há 38 anos fortalecendo a arte do Tarot, Zoe é escritora, formada em Letras e com especialização em História Social da Linguagem. Presta consultoria de mitologia e análise simbólica em obras de ficção literária e cinematográfica. Leituras presenciais em Curitiba e consultas on-line podem ser agendadas pelo endereço zoedecamaris@gmail.com.

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