Abandono e férias: realidade assustadora
Por que o número de bichos de estimação nas ruas cresce nesse período?
Todo ano é igual. As férias chegam e os protetores de animais já ficam em alerta. A gente já sabe: nesses meses o abandono de bichos de estimação é incrivelmente alto.
Isso acontece porque muita gente ainda enxerga o bicho como um objeto. Cães são dados “de presente” para os filhos, no Natal e no aniversário. Em 2011 vimos pintinhos virando lembrancinha de fim de ano de uma agência de publicidade para seus clientes. Quem não se lembra dos ferrets, ou furões, febre há alguns anos aqui no Brasil? Alguém sabe o que houve com eles?
A mesma sorte acomete as raças da moda, no caso dos cachorros. Nunca tivemos tantos Dálmatas como animais de estimação como na época do filme “Os 101 Dálmatas”. Os West Highland White Terriers também foram muito presenteados no ano em que a raça virou mascote de um novo portal de internet. Atualmente, parece que estamos vivendo anos de desejo por Golden Retrievers e Pugs.
Neste mês fizemos um teste não muito divertido mas bem elucidativo. Estávamos com um Pug para adoção, e o anunciamos via internet junto com nossos outros cães resgatados, dois vira-latas – um deles aguarda adoção há quase um ano; o outro, com o mesmo tamanho e temperamento do Pug em questão. Em menos de uma hora, foram mais de 40 pedidos de adoção do Pug. Os vira-latas? Não, obrigado.
A família vai, o animal fica
Enquanto “coisificarmos” os bichos desta forma, vendo raça e não enxergando a necessidade real de cada animal, a nossa realidade vai ser cada vez mais dramática. Principalmente na hora da viagem de férias: a família vai, o animal fica.
Mas não precisa ser assim. Existem opções de lugares ótimos onde a família pode deixar seu cão ou gato, como hoteizinhos especializados, onde o bicho vai ter todo o cuidado de que necessita enquanto espera seu tutor voltar de férias. Outra alternativa é deixar o animal com alguma pessoa de confiança, que esteja acostumada a cuidar de bichos e que more em uma casa segura para eles, sem acesso fácil à rua, por exemplo.
Saiba escolher seu bicho de estimação
A gente sabe, porém, que a solução ao abandono vem de uma questão mais profunda, que chamamos de “posse responsável”. É saber que o bicho não é uma coisa, mas um bicho. E que como bicho dá trabalho sim, tem necessidades, quer brincar, precisa passear, fica doente, enfim, custa tempo e dinheiro. Bicho não é coisa, não é objeto, não é presente.
Bicho não é coisa, não é objeto, não é presente.
Se a pessoa realmente quer ter um animal em casa, deve procurar não por raça, mas por temperamento. Existem animais mais ativos, mais calmos, mais brincalhões, que se dão melhor com crianças, que vão bem com outros bichos na casa, que se dão melhor como “filhos únicos”. Essa é que deve ser a preocupação de um bom tutor, e não se o bicho é de raça ou não – ou se tem pedigree.
Se você ainda tiver dúvidas quanto a ter ou não um cão – ou gato, ou qualquer outro animal – em casa, converse com um protetor de animais. Um bom protetor vai poder indicar o bichinho mais adequado ao seu estilo de vida – e com o qual você poderá ter uma vida harmoniosa por muitos e muitos anos.
Alessandra "Lele" Siedschlag é escritora, protetora de animais e membro do Projeto SalvaCão.
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