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Adolescência digital e o crescente uso da violência como linguagem

Reflita sobre como essa Adolescência Digital tem buscado pertencimento e o uso da violência como linguagem

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Entrei em contato com a série Adolescência, a partir de uma cliente que me perguntou: Você viu?. Então, ao assistir à série, permaneci com essas perguntas: Você vê? Você, realmente, consegue ver essa Adolescência digital?.

Termo discutido no livro A Geração do Quarto: Quando Crianças e Adolescentes Nos Ensinam a Amar (Ed. Record), Hugo Monteiro Ferreira analisa a forma como essa geração que cresceu em um ambiente aparentemente seguro e altamente digital se comunica e lida com suas emoções. 

Hoje, muitas dessas emoções são expressas nas telas, onde, com o distanciamento físico, a empatia é muitas vezes diluída e substituída pela violência simbólica, como o cyberbullying.

Leia outras reflexões sobre a série Adolescência:

A violência como linguagem da Adolescência digital

A violência como linguagem, um conceito explorado na sociologia e na comunicação, tem sido cada vez mais usada em espaços digitais.

O que antes era uma expressão de poder e frustração nas interações físicas, hoje se reflete em comportamentos virtuais. A Geração do Quarto vive em um ambiente digital que, muitas vezes, incita discurso de ódio e violência simbólica.

Esse distanciamento físico, possibilitado pela internet, permite que a violência seja praticada de forma mais fácil e menos empática. Com isso, facilitam violências como:

  • Cyberbullying
  • Cancelamentos
  • Linguagem violenta, usada por indivíduos, grupos e instituições para expressar poder, frustração, exclusão e resistência.

O problema está em como esses atos de violência se normalizam e ganham força nas redes sociais, transformando o ódio e a polarização em produtos de consumo diário.

Assim, a violência deixa de ser apenas um discurso e passa a ser ação, como um mecanismo de afirmação de identidades e interesses.

Antes de continuar, temos uma sugestão para você:
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De Laranja Mecânica à Adolescência

O livro “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, publicado em 1962 (com filme homônimo), faz uma crítica à (ultra)violência e à “perda” da moralidade social na década de 70, na Inglaterra.

A história retrata gangues de adolescentes que cometeram diversos tipos de infrações, e a falha em intervenções eficazes.

O livro virou filme e encontrou muitas objeções, sendo proibido em alguns países.

Já naquela época, muito antes das redes sociais, o cenário mostra como o universo daqueles adolescentes é desconhecido das suas famílias.

Dessensibilização emocional e seus efeitos na Adolescência digital

A exposição constante à violência, seja em videogames, filmes, redes sociais ou até mesmo em notícias sensacionalistas, pode reduzir a resposta emocional negativa associada a esses atos.

Estudos mostram que indivíduos expostos repetidamente à violência têm menor ativação da amígdala, tornando-se menos empáticos ao sofrimento alheio.

Esse fenômeno de dessensibilização emocional ocorre principalmente na Geração do Quarto, uma geração que, ao passar mais tempo em isolamento digital, torna-se mais susceptível a esta “violência simbólica”. 

A falta de conexão real e empática com o outro transforma o ambiente digital em um campo de batalha onde a agressão verbal e os ataques são comuns.

A violência como forma de busca por pertencimento

A neurociência sugere que a exposição repetida à violência pode levar a um ciclo vicioso, onde o cérebro se torna progressivamente mais sensível e receptivo a estímulos violentos. 

Esse fenômeno está relacionado a áreas do cérebro como o sistema de recompensa, a amígdala (envolvida nas emoções) e o córtex pré-frontal (responsável pelo controle inibitório e tomada de decisões).

Por outro lado, o isolamento, característico da Geração do Quarto, fala sobre a dificuldades na comunicação e de resolver os conflitos de forma saudável.

Isso pode se refletir no uso mais impulsivo da linguagem violenta, seja para expressar frustrações ou para buscar pertencimento em comunidades que reforçam discursos agressivos.

A vida imita a arte, e a arte impacta na vida

Se a vida imita a arte, a adolescência é o palco perfeito onde essa relação se intensifica. Séries, filmes e músicas não apenas refletem as experiências dos jovens, mas também ajudam a moldá-las, criando um ciclo onde ficção e realidade se misturam.

Séries como Euphoria, Skins e Sex Education capturam essa essência, mostrando os desafios dos adolescentes com relacionamentos, vícios, saúde mental e descoberta sexual.

Essas narrativas não apenas refletem a vida real, mas também influenciam comportamentos, normalizando ou questionando certas atitudes.

Quando uma série romantiza o caos da adolescência, há o risco de reforçar padrões problemáticos. 

Por exemplo, como se retrata o uso de drogas, a violência ou os transtornos mentais, pode levar alguns jovens a enxergarem essas questões de forma distorcida – ora como algo “cool”, ora como um destino inevitável.

Por outro lado, a ficção também pode ser uma ferramenta poderosa para a conscientização. Séries como 13 Reasons Why (apesar das críticas) trouxeram à tona debates sobre bullying e saúde mental, enquanto produções como Heartstopper ajudam jovens a se sentirem representados e aceitos.

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É possível mudar este cenário?

Sim, é possível! Assim como outros comportamentos compulsivos, a “dependência\ da violência pode ser reduzida por meio do envolvimento e interesse legítimo pela criança e adolescente.

  • ✅ Redução da exposição a conteúdos violentos (diminuir tempo em redes sociais, jogos agressivos, notícias sensacionalistas).
  • ✅ Treino de controle emocional e empatia (meditação, terapia cognitivo-comportamental, práticas altruístas).
  • ✅ Estimulação de outras fontes de prazer (atividades físicas, arte, música, socialização positiva).
  • ✅ Diálogos que estimulem a reflexão crítica.

Assim como em sua época “Laranja Mecânica” provocou medo, mas abriu algumas cortinas, “Adolescência” nos convida a perguntar:

Você está vendo? Você, realmente, está vendo?

Não há soluções simples, mas há o convite inevitável para perceber que se trata de tema de responsabilidade coletiva.

A Adolescência digital dança, influenciando e sendo influenciada.

A questão é: quem está no comando dessa coreografia?

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Celia Barboza

Celia Barboza

Terapeuta Integrativa, Celia Barboza é certificada em BodyTalk Sistem, Master em Programação Neurolinguística, Consteladora, integrando outros saberes filosóficos para uma abordagem terapêutica profunda.

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