Amor platônico tem ligação com baixa autoestima
Entenda motivos que criam o medo de viver um relacionamento real
Por Ceci Akamatsu
Quando pensamos em amor platônico, geralmente voltamos à nossa adolescência, àquela paixão pelo professor ou professora, pelo garoto ou garota mais popular da escola ou pelos ídolos da TV e do cinema. Um amor idealizado, com um tom de glamour, ilustrado por cenas e beijos imaginários.
Crescemos, e esses sonhos ficam no passado. Porém, quantas vezes não acabamos reproduzindo os antigos amores platônicos de uma nova maneira? Eles passam a ser direcionados a pessoas mais próximas, são amores aparentemente mais “possíveis”.
Porém, ainda assim, mantêm a inviabilidade da concretização do vínculo amoroso. Uma distância do ser amado que se manifesta em diferenças que podem ocorrer no âmbito social, de idade, hierárquico, por meio de uma relação proibida, ou simplesmente por um bloqueio em demonstrar o sentimento, que acaba tornando a pessoa amada inalcançável.
Assim, percebemos que todas as manifestações do amor platônico guardam a mesma característica: a impossibilidade.
A pessoa desejada simboliza algo que nos falta
Esses amores impossíveis costumam refletir algo que admiramos: a beleza, a inteligência, o charme ou alguma habilidade especial de certa pessoa que nos faz desejá-la.
Ao olharmos para essa profunda admiração, que pode chegar à idolatria, é interessante perceber que aquilo que tanto apreciamos no outro é na verdade aquilo que, de alguma forma, não conseguimos enxergar em nós mesmos.
Se pensarmos bem, a adolescência é uma fase em que a autoestima e a individualidade passam a ser mais decisivas em nossa vida.
O amor platônico adolescente representa esse referencial daquilo que queremos ser e ter, podendo ser positivo ao estimular a busca por aquilo que se deseja – a princípio visto como algo externo, em outra pessoa.
O fator platônico do amor torna inalcançável externamente aquilo que, na realidade, buscamos dentro de nós mesmos.
Projetamos externamente as possibilidades para conquistar aquilo que só será alcançado dentro de nós, mas que colocamos fora do nosso alcance, de alguma forma nos distanciando de nossa própria realização.
A pergunta a se fazer é: por que continuamos a tornar inalcançável justamente o que mais desejamos, projetando isso no outros?
O lado cômodo das ilusões
Viver as ilusões de um amor platônico faz parte de nosso amadurecimento afetivo. Porém, a repetição dessa situação requer a compreensão do que está por trás dessa busca inconsciente pelo impossível, É fácil perceber que esse tipo de amor traz implícito um medo, uma fuga.
Alimentar-se da ilusão, ainda que não traga a tão sonhada concretização do amor, é mais seguro e confortável do que encarar a realidade e todos os confrontos inevitáveis na vivência dos relacionamentos.
A vida real é muito mais sem graça, menos glamourosa e bem mais trabalhosa do que o amor idealizado. O final feliz dos filmes e contos de fadas não é a regra geral para a maioria das relações afetivas.
Por que temos medo de encarar os medos?
Muitas vezes nos sentimentos presos, prisioneiros de nossa dificuldade de nos mostrar, de nos expor e de nos colocar para o outro. Com medo de nos sentir expostos, submissos, e até mesmo humilhados por uma possível rejeição, nos fechamos em nós mesmos. Nosso maior desejo é viver o amor, porém, nosso maior medo é demonstrá-lo para quem amamos. Assim o que mais queremos passa a ser nosso maior medo.
Os motivos que criam o medo de viver o amor real podem ter as mais variadas raízes: vivenciar quando criança um relacionamentos nocivo dos pais, vivenciar pessoalmente, e/ou ver a sua volta experiências afetivas traumáticas, situações traumáticas de rejeição e abandono que ficam gravadas no campo emocional (ainda que hoje possam não parecer um problema).
A rejeição traz sempre uma dor muito intensa. Porém, essa dor geralmente tem raízes mais profundas, e é nelas que devemos nos focar para encontrar caminhos para viver o amor de maneira mais verdadeira e saudável.
A rejeição traz sempre uma dor muito intensa. Porém, essa dor geralmente tem raízes mais profundas, e é nelas que devemos nos focar para encontrar caminhos para viver o amor de maneira mais verdadeira e saudável.
A dor da rejeição representa uma fragilidade, criando uma ferida que nos faz deixar de acreditar em nós mesmos, enfraquecendo a autoestima e poder pessoal.
O amor platônico como uma oportunidade
Por meio dos amores platônicos a vida dos desafia a vencer nossos medos, e com isso fortalecer a autoestima e o poder pessoal. Tais experiências nos convidam a superar a nós mesmos, para assim estarmos aptos para viver o amor de verdade!
Reflexões:
- Você tende a se apaixonar por pessoas inalcançáveis?
- Você tem preguiça de interagir socialmente?
- Você tem dificuldades em lidar com as diferenças pessoais?
- A intensa admiração por alguém faz você ignorar outras características da pessoa não tão positivas assim?
Quanto maior o número de respostas positivas, maior a probabilidade de você sentir atração por amores platônicos. Procure refletir e perceber, de acordo com os aspetos abordados no artigo, quais medos podem estar lhe afastando da vivência real dos relacionamentos afetivos. Caso sinta dificuldade, a orientação terapêutica pode ser de grande ajuda.
Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.
Saiba mais sobre mim- Contato: ceciakamatsu@gmail.com