Avós modernas, sem perder a doçura
A experiência adquirida dá mais tranquilidade na relação com os netos
Por Celia Lima
A imagem da vovó com xale nas costas e cobertor nas pernas está cada vez mais perdida no tempo e no imaginário das pessoas. Tricotar, costurar e cozinhar, não são privilégios de vovós, são atividades para quem gosta, tendo ou não netos
As vovós de hoje em dia são modernas, antenadas, comem no fast food com os netos e curtem filmes de ação, além de apresentarem aos netos boas músicas, as músicas de “antigamente”, como os Beatles e Rolling Stones, Chico Buarque e Zeca Baleiro, Cássia Eller e Elis Regina.
Preferências musicais à parte, nem toda a modernidade do mundo tira das vovós o sentimento tão peculiar de revisitar a própria maternidade numa versão mais serena e amadurecida. Dizem que uma avó é uma “mãe com açúcar”…
Sem modelos prontos
Muito se fala a respeito das delícias de não ter compromisso com a educação dos netos, que se ama mais o neto que o próprio filho, que avó é feita para fazer as vontades e mimar os netos. E quando a realidade do casal é ter uma avó morando na mesma casa, dizem que é a avó quem vai educar as crianças, privando os pais de seu papel ou de sua autoridade.
Claro que não existe um modelo pronto de avó ideal. Mas, definitivamente, depois de filhos criados, ter um bebê na família é tudo de bom. Porque o que conta mesmo no caso da “voternidade” é o “açúcar” extra que vai na relação com os netos.
A voternidade é uma reedição muito melhorada da maternidade. A experiência adquirida dá às avós uma destreza tranquila junto das crianças no trato do dia a dia, nas pequenas doenças, no susto do primeiro tombo. As vovós acalmam os pais, ensinam com as atitudes como agir em situações de emergência e amenizam as orientações rígidas das cartilhas do tipo “Como educar seu filho”, levando mais serenidade à nova família.
Paciência extra
Para o neto, a vovó é um doce. Ninguém tem mais paciência do que a avó: paciência com o choro, paciência para convencer a experimentar só um pedacinho daquela comida esquisita e não se importar se a criança se negar a comer, paciência para responder a todos os “por quê?” sem se irritar… Paciência, sim, porque quem é que aguenta contar a mesma história dez vezes sem pular nenhum pedacinho e fazendo as mesmas caretas e entonações de voz, senão a vovó? Quem se importa de ter que enxugar o banheiro com a farra da água na hora do banho? A vovó é que não se importa! E cá entre nós, poder se sentir assumidamente “ridícula” voltando a ser criança junto dos netos é maravilhoso, porque para eles a avó que faz palhaçadas é que entende de criança!
Entusiasmo renovado
O vínculo afetivo se agiganta a cada encontro, a cada gargalhada, a cada brincadeira nova que a vovó propõe. Porque embora ela já conheça de cor e salteado cada fase do bebê e da criança, também se surpreende com as reações dos netos como se fosse a primeira vez que as vê. E as avós tem o poder de esquecer que acabaram de ver uma gracinha para poderem rir tudo de novo e com o mesmo entusiasmo!
As avós são sábias porque tem certeza de que podem aprender com seus netos. Não existe nelas a ilusão de que sabem tudo como ocorria quando elas se tornaram mães. Estão sempre prontas para aprender uma gíria nova e a divertir os pequenos com sua espalhafatosa ignorância diante de um personagem de desenho desconhecido para elas ou diante do monstro do controle remoto da televisão nova.
Uma vovó pode quase tudo quando entra no espírito da “voternidade”:
- Desaparece com um simples pano de prato na cabeça
- Faz os biscoitos ganharem vida quando saem do forno com formato de rostos e bichinhos
- Vira aluna quando deixa o neto ensinar que a roupa dele não pode caber nela
- Conta segredos como ninguém quando revela que o papai também chupava chupeta e… Que incrível, ele também já foi daquele tamanhinho!
- Se transforma em fada quando depois de deixar o neto ou a netinha misturar ovos, leite, farinha e açúcar, apresenta o bolo como obra deles.
É muito simples ser avó, basta desejar se divertir trazendo à tona a criança eterna que mora em você. Basta se deixar capturar pela inocência e por esses seres tão únicos, os filhos de nossos filhos queridos.
Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiacalima@gmail.com