Brincadeira de gente grande! Veja por que brincar faz bem para adultos
Cientistas têm se dedicado a entender cada vez mais por que brincar faz bem para adultos — e os resultados são surpreendentes!
Por Celia Barboza
Você sabia que há uma área de pesquisa que se dedica a entender por que brincar faz bem para adultos? E mais: os cientistas também tentam saber os motivos para os mais velhos terem tanta dificuldade de se jogar nas brincadeiras.
Em seus estudos, os pesquisadores estão descobrindo que o brincar é essencial não somente para o desenvolvimento psicológico e social das crianças, mas também para melhorar a saúde geral dos adultos.
Quer saber por que é importante os adultos também brincarem? Veja a seguir algumas explicações surpreendentes!
Por que brincar faz bem para adultos? Descubra!
Brincar é um exercício de adaptação
A pesquisa do psiquiatra Stuart Brown, fundador do The National Institute for Play (Instituto Nacional para o Brincar), traz considerações muito importantes e curiosas.
Ele mergulhou no tema quando percebeu que os grandes criminosos da história tiveram privação de brincadeiras em sua infância. Claro que não se trata da única razão, mas essa informação moveu o cientista para pesquisar a fundo os efeitos benéficos de brincar.
“Nada ilumina o cérebro tanto quanto o brincar. Brincadeiras tridimensionais ativam o cerebelo, mandam vários impulsos para o lobo frontal — a parte executiva do cérebro —, ajudam o desenvolvimento da memória contextual, entre outros benefícios”, explica Brown.
Portanto, brincar não é somente distração. No fim das contas, é um exercício para construir melhores formas de adaptação à vida, inclusive para os adultos. Participar de brincadeiras nos coloca em contato com o inusitado, e o cérebro gosta de desafios.
Brincar e trabalhar não são opostos
“Uma coisa muito peculiar sobre a nossa espécie é que fomos concebidos para brincar ao longo de todo o nosso curso de vida”, destaca Brown.
De acordo com o pesquisador, o desenvolvimento da confiança surge nas experiências complexas em que todos os sentidos estão envolvidos, principalmente a partir dos “códigos de brincar”: tom de voz, gestos corporais, expressões faciais e por aí vai.
Um exemplo: lembra quando você era criança e seu amiguinho o chamava para brincar? Pelo jeito dele, você já sabia se era para andar de bicicleta ou para contar um segredo.
O que acontece é as pessoas irem se afastando dessa comunicação intuitiva quando se tornam adultas. “Isso é uma lástima. Acho que temos muito a aprender”, defende Brown.
A vida adulta traz uma sobrecarga de informações e responsabilidades. Então, mesmo que inconscientemente, as pessoas começam a se punir e a ficar cada vez mais críticas consigo mesmas e com os outros. Ou seja: se sentem incomodadas quando observam um adulto se comportar de “forma não regular” — e isso inclui o brincar.
É como se adultos só pudessem trabalhar. Mas, ao contrário do que boa parte das pessoas pensam, o oposto de brincar não é trabalhar. O contrário de brincar pode ser definido pelas palavras rigidez e cobrança.
Brincar é uma maneira de “baixar a guarda”
O que acontece quando você vai a algum lugar e vê uma pessoa adulta livremente se divertindo sem se preocupar se alguém está olhando?
Claro, alguns até acham bacana e talvez embarquem nessa energia, no entanto, a grande maioria entra num conflito interno. Vem uma vontade forte de se soltar, mas, dependendo dos sistemas de controle e repressão, esse impulso inicial de brincar será substituído pelo mecanismo de defesa de crítica e julgamento. As pessoas acabam classificando a situação como “ridícula” ou “fulano está querendo aparecer”.
Nos locais ao ar livre ou festas, observamos que, em geral, as crianças brincam e os adultos ficam “de fora” só olhando. Ou conversando com outros adultos ou não desgrudam os olhos do celular.
Muitas vezes, é somente quando a criança chama a atenção do adulto que ele interage. O pavor do julgamento nos faz recolher o ser brincante dentro da gente.
Brincar é sair da zona de conforto
Quais posturas e qualidades a criança precisa para brincar? Para responder a essa pergunta, observei minha sobrinha de cinco anos. A presença dela era absoluta: ela estava ali, totalmente focada naquele fazer.
Era nítido também como a imaginação dela estava ativada, construindo a experiência. As expressões faciais mostravam o diálogo interno, as tentativas e o encontro de soluções e o livre fluxo de emoções.
No brincar, a criança experimenta raiva, medo, aflição, frustração e tudo o que existe na grande plataforma de emoções e sentimentos humanos. Por isso, sai da zona de conforto inúmeras vezes nesse processo.
A experiência lúdica é repleta de enfrentamentos e, graças a isso, existe a possibilidade de deixar fluir a criatividade, abusar da flexibilização, da autorregulação, das habilidades de negociação e ainda aprender a lidar com as próprias emoções.
E o que uma criança tem que a maioria dos adultos não têm? Presença, autenticidade, curiosidade natural e permissão para a fantasia.
Brincar é uma forma de “iluminar” o cérebro
“Nada ilumina o cérebro tanto quanto brincar”, afirma Brown. Essa frase do pesquisador e médico é para ilustrar e incentivar que você leve a sério a brincadeira.
Cada um teve a sua própria experiência, seu histórico de brincadeiras. E esse passado pode estar cheio de boas lembranças para alguns ou ter cargas emocionais difíceis para as pessoas que não puderam brincar, precisaram trabalhar muito cedo ou encararam limitações.
Examinar esse histórico focado no brincar pode trazer muitas pistas sobre o adulto que você se tornou! Você já pensou sobre isso?
Vamos brincar? Saiba como começar
Tente uma experiência para começar a nutrir a criança que quer brincar e está presa aí dentro de você. Veja a seguir o passo a passo!
- Deixe vir na sua memória a lembrança mais antiga e alegre de brincadeiras.
- Se não vier uma lembrança espontaneamente, crie uma. Isso mesmo, invente! É isso que as crianças fazem.
- Pense: quantos anos você tinha? Quais emoções e sentimentos você consegue identificar?
- Agora, experimente perceber, a partir do conjunto de sensações dessa lembrança, como ela se conecta à sua vida agora. De que forma a emoção dessa criança colabora com sua vida agora?
- Definitivamente, o brincar é também para adultos. Se você se emocionou durante essa leitura, ou se o texto despertou memórias difíceis, saiba que é sua criança interior convidando você ao autocuidado de forma mais gentil e dando permissão para levar a vida de uma maneira mais leve!
Terapeuta Integrativa, Celia Barboza é certificada em BodyTalk Sistem, Master em Programação Neurolinguística, Consteladora, integrando outros saberes filosóficos para uma abordagem terapêutica profunda.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiabodytalk@gmail.com
- Site: https://www.celiabarboza.com