Como conciliar namorado e filhos?
Abra a guarda e tente enxergar os prós dessa equação
Por Claudia Chaves
Você acorda, se espreguiça, olha para o lado e surpresa! Tem alguém ao seu lado.Você já tinha se acostumado à rotina da mulher solteira com filhos. Solteira porque não tem par para andar de mãos dadas, ver filme agarradinho, pedir para matar aquela nojenta barata. Mas tem que tomar conta da casa, ver menu, olhar as crianças. E depois de um tempo, você acreditava que essa era a única equação possível. Tudo somadinho, acertado. Conta campeã.
De repente, o frio na barriga volta a aparecer no meio do trânsito. Ou quando você olha as anotações da reunião, só tem coração e “aquela” inicial.
Pronto! Estamos aqui no melhor estado do mundo: enamoramento. Apresentar para as amigas, dar beijo na porta do trabalho. Mas, de repente, o choque de realidade: e as obrigações com os seus filhos? Começam a se colocar as escolhas cruéis: você precisa levar o filho à uma festa, justamente no mesmo horário daquela roda de samba que o seu novo amor lhe propôs. Ou, então, o namorado quer ficar em casa, de preguiça, enquanto sua filha tem que ir comprar o primeiro sutiã. “E mãe, tem que ser hoje, agora”, diz sua princesa, naturalmente ansiosa.
Novo personagem
Sempre pensamos que um novo ator que entra em um elenco até fechado veio para tirar falas ou deslocar algum protagonista. Será que podemos fazer de outro jeito? Vamos pensar que o x da questão, como conciliar namorado e filhos, é x de multiplicar, atrair, fazer mais, somar.
Vamos pensar que o x da questão, como conciliar namorado e filhos, é x de multiplicar, atrair, fazer mais, somar.
Um namorado não é um ladrão de amor. Não é um arquiinimigo que veio trazer uma kriptonita para paralisar o seu relacionamento com os filhos. Um namorado é uma nova experiência, um novo jeito de ser. E tudo que é novo nos movimenta, nos joga para frente e nos faz crescer.
É claro que o dia só tem 24 horas e a semana só tem sete dias. E o final de semana que deveria ter cinco dias, tem só dois. Mas vamos às compensações: podemos mudar de programa e restaurante. Ou aprender a ter colaboração, descer um pouco do nosso dilema de “sou capaz de tudo”. Pensando nos exemplos dados no início do texto: que tal pedir a amiga para levar as crianças à festa e depois você ir buscar? Ir com um homem com quem você mesma ainda não tem muita intimidade comprar um sutiã não é simples. Mas e se você for ao shopping e encarregar seu cavaleiro andante de ir comprar um livro enquanto se perde com a filhota nas lojas de lingerie? Depois encontro, gargalhada, café. Assunto de ambas as partes para trocar.
Permita-se
A premissa não pode e não deve ser a da perda. Um namorado é alguém nos alegra, enriquece, aquece a alma. Algo que nos faz renascer, reviver, não ser vetor de qualquer tipo de ausência. E filhos são alegria e reviver o tempo todo. Então, mais do que somar, multiplique, amplie. Permita o crescimento, a troca. Abra espaço e a guarda. E aí você dirá: “mas e os ciúmes dos dois lados, as brigas, as implicâncias, como administrar?”
Primeiro: sentimento e emoções não se administram. Na melhor das hipóteses se conciliam. São universos diferentes, sentimentos diversos, amores intensos, mas de outras ordens. E aí é o x. Transforme o ciúme em amizade. A briga em diálogo para ultrapassar as diferenças. E a implicância em convivência pacífica. É claro que é difícil, dolorido. Trabalho, trabalho. Mas quando você ouve o seu filho dizer:”Puxa, mãe, se o Fulano(o novo namorado) tivesse aparecido mais cedo, nós seríamos melhores em alguns aspectos. Aí é sentar em frente à TV, fazer pipoca, envolver todos num abraço que só a gente saber dar. E cuidar para não explodir de tanta felicidade.
Doutora pela PUC-RJ, professora de Técnicas de Texto e Atendimento Publicitário da PUC-Rio, professora de Gestão de Carreira do IBMEC. Atualmente desenvolve atividades de mentoring e aconselhamento de negócios, carreira e de vida.
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