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Como cultivar equilíbrio emocional?

Nosso estilo de vida acelerado, somado à crença de que ser multitarefa é produtivo, nos transformou em pessoas estresseadas e desatentas; como aprender a lidar com as emoções?

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Como você está se sentindo agora? Qual emoção está presente nesse momento? Talvez você não saiba responder ou nomear as próprias emoções. A boa notícia é que podemos aprender a manejar as emoções e cultivar essa habilidade momento a momento; isso se chama equilíbrio emocional.

É com essas duas perguntinhas que inicio os encontros no CEB (Cultivating Emotional Balance), meu curso sobre emoções. E muitos alunos arriscam um “tá tudo bem” ou um “não estou legal hoje”, e só.

Isso me leva a pensar que passamos tantos anos na escola, porém nunca nos ensinaram a olhar para o nosso mundo interno – até o nosso vocabulário emocional é limitado!

No entanto, a educação socioemocional é tão importante para o cultivo da nossa saúde mental quanto para manter relacionamentos saudáveis, que me pergunto: por que não faz parte do currículo desde a mais tenra infância?

O nosso estilo de vida acelerado, somado à crença de que ser multitarefa é produtivo, nos transformou em pessoas estresseadas e desatentas. Passamos boa parte do tempo no piloto automático, e nossa desatenção compromete a  autopercepção necessária em identificar o que estamos sentindo.

Vamos, juntos, refletir um pouco mais sobre as emoções, nossas companheiras intimas de todas as horas, e o que podemos aprender para viver melhor.

Existe emoção positiva ou negativa?

Uma das características das emoções é que elas chegam sem avisar. Em milissegundos, somos impactados e um gatilho é disparado: pronto, lá vamos nós…

Em primeiro lugar, vamos deixar claro: não existem emoções positivas ou negativas. É a forma como respondemos a elas que pode ser construtiva ou destrutiva. Afirma o psicólogo americano e expert no estudo das emoções Paul Ekman.

A emoção em si não é de todo boa ou ruim, é a forma como eu escolho responder a ela é pode ser construtiva ou destrutiva.

Por exemplo:

  • Uma emoção como a raiva, que muitos chamam de “negativa”, pode sinalizar que algo precisa ser feito; e eu posso escolher direcionar essa energia para algo bom. Com certeza você já presenciou alguém que, a partir de um episódio de raiva, impediu que uma injustiça fosse cometida.
  • E a alegria? Muitos diriam que é uma “emoção positiva”. Porém, um estado feliz pode me conduzir a uma ação destrutiva. Posso estar feliz, celebrando com amigos, e um tanto desatenta: não olhar para os dois lados da rua ao atravessar, por exemplo. Ou seja, uma ação destrutiva foi desencadeada por um episódio de alegria.

Suprimir ou reagir as emoções?

Como ficou claro, a emoção em si não é de todo boa ou ruim, é a forma como eu escolho responder a ela é pode ser construtiva ou destrutiva. O que acontece na prática é que vivemos tentando nos equilibrar entre suprimir o que sentimos ou nos deixarmos arrastar pelas emoções mais intensas.

  • Suprimir é prejudicial ao nosso corpo e afeta nosso sistema nervoso instantaneamente, gerando estresse e inibindo sentimentos autênticos, como mostram inúmeras pesquisas sobre estresse e emoção.
  • Por outro lado, ser reativo também se mostra um caminho arriscado. Em quantas encrencas já nos metemos por conta da impulsividade? E o resultado é quase sempre aquele gosto amargo de arrependimento.

As 7 emoções universais

O minucioso trabalho de Paul Ekman sobre as emoções serviu de base para roteiros de filmes e séries. Vocês se lembram do desenho da Disney “Divertidamente”? Paul foi consultor dessa animação que ilustra como cada uma das emoções tem um papel importante em nossas vidas, mesmo as mais desafiadoras.

Seu legado inclui o mapeamento das 7 emoções universais, suas características e microexpressões faciais. São elas:

  1. Alegria
  2. Nojo
  3. Desprezo
  4. Medo
  5. Tristeza
  6. Surpresa
  7. Raiva

Como cultivar equilíbrio emocional?

Sem dúvida, é um desafio lidar com todas as emoções, porém, não poderíamos viver sem elas. Uma luz nesse cenário é que todos nós somos especialistas em emoções. Reflita comigo:

  • Quantas dessas emoções você vem experimentando desde que nasceu?
  • Quem mais além de você pode saber o que se passa aí dentro?

Só você pode controlar e escolher como se relacionar e responder às suas emoções.

Como diz Eve Ekman, filha de Paul e professora do CEB no Santa Barbara Institute na Califórnia:

Podemos utilizar as emoções como um caminho para cultivar o bem-estar pessoal e coletivo, para isso precisamos de uma abordagem em primeira pessoa para investigar, compreender e transformar nossas emoções – Eve Ekman

Conhecer as emoções, suas funções e ser capaz de nomeá-las no momento em que elas emergem seria um primeiro passo para ter mais clareza e evitar sofrimentos desnecessários.

A boa notícia é que podemos aprender a manejar as emoções; nem suprimir nem reagir tomar consciência e escolher. Esse mergulho nas emoções; que tem absolutamente tudo a ver com autoconhecimento, é transformador.

Quando aprendo a não mais engolir sapos, fugir ou resistir às emoções, e as acolho com curiosidade, abertura e gentileza, a possibilidade de me relacionar melhor comigo e com os outros se revela.

Isso pra mim é sinônimo de alegria e bem-estar.

Virginia Nowicki

Virginia Nowicki

Especialista em Nutrição Consciente, Mindful eating e Mindfulness

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