Como mudar o que nos incomoda?
Estabeleça metas de mudança revendo sua própria trajetória de vida
Por Marcelo Guerra
Em tempos de crise, seja financeira ou pessoal, a necessidade de mudanças na vida se torna cada vez mais importante. Mudar é importante, mas mudar como? Mudar o quê? Mudar para quê? Responder a estas três perguntas é a chave para que essas mudanças sejam coerentes com sua história, sua trajetória até o momento atual.
Como identifico o que precisa ser mudado? Lendo artigos sobre autoajuda? Ouvindo conselhos de amigos preocupados? Radicalizando e mudando tudo de uma vez? Muitas vezes, mudamos levados pela precipitação.
Sendo assim, o “barulho” interior, causado pela insatisfação, não permite escutar nossa voz interior que sussurra claramente aquilo que nos incomoda e como podemos mudar. É aí que a proposta da Terapia Biográfica melhor mostra seus efeitos.
Através de um trabalho chamado Panorama Biográfico, em que a primeira atividade é elaborar uma pergunta, geralmente expressa de forma artística, por meio de aquarela ou modelagem em argila.
Por que de forma artística e não simplesmente falando? Temos diferentes meios para nos expressarmos, a palavra falada é um deles, talvez o mais prático, pois você carrega suas cordas vocais o dia todo. A palavra escrita já é outro meio, e o que você expressa já assume um significado um pouco diferente.
Faça o teste: grave uma conversa sua com alguém falando sobre qualquer assunto. Depois escreva o que você pensa sobre aquele assunto. Então leia o que escreveu e ouça o que falou. Perceba como o peso das palavras numa forma ou outra de expressar-se assume proporções distintas, e permite que você tenha uma percepção diferente de tal assunto.
Muito mais diversa ainda é a proporção dos fatos ao ser expressa em meios diferentes, como na pintura, no desenho, na modelagem em argila, na dança. Esta é a missão maior da arte: permitir a expressão daquilo que, de outra forma, não poderia ser expresso, pelo menos, não com as possibilidades que os recursos artísticos permitem.
Voltando ao assunto das metas, elaboramos a pergunta sob uma forma artística, aquela a que estamos menos acostumados, menos condicionados, menos preparados para manipular e criticar durante o processo.
Daí seguimos o processo de rever e recontar a própria história, acessando a memória também através da palavra falada e escrita, e através da arte. Ouvir a própria história contada por si mesmo de diferentes maneiras permite uma visão panorâmica, como se você olhasse um vilarejo do alto de uma montanha, e o sentido da sua biografia se revela com maior clareza.
É por este sentido que você puxa o fio para criar as suas metas de mudança. E elas precisam sempre responder às três perguntas:
- O que quero mudar na minha vida?
- Para que quero mudar isto?
- Como vou realizar esta mudança?
Estas mudanças, portanto, não são aleatórias, são fundamentadas na voz interna – que traz aquilo que em essência você é e busca sua missão de vida. É importante que após três meses você reveja essas metas, a partir do que você realizou no curto prazo:
- A forma como você vem agindo vai de encontro às suas aspirações ou lhe provoca arrependimento logo após a ação?
- Essas metas são possíveis ou somente geradoras de culpa e ansiedade?
Se for o caso, refaça suas metas em bases mais próximas de suas aspirações e de suas possibilidades neste momento. As metas são um meio para aproximar-se de seu eu interior, não devem ser mais uma cobrança sem sentido que nos impomos. E quando nos aproximamos de nosso eu interior, de nossa essência, nos aproximamos desse estado que sempre buscamos: a felicidade!
Médico graduado pela UFRJ. Começou a carreira como Psicanalista e depois enveredou pela Homeopatia e Acupuntura. Ministra oficinas e palestras em todo o Brasil e atende em consultório no RJ.
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