Constelação Familiar pode ajudar no tratamento de depressão
Abordagem terapêutica sugere que sejam tratadas também as razões por trás da doença
Por Alice Duarte
Todos enfrentamos, vez ou outra, dias ruins, certo? Aquela nuvenzinha negra que paira sobre a cabeça trazendo falta de motivação, falta de propósito, insônia, melancolia, angústia e até desespero. Para quem tem depressão, entretanto, essas dores são companhias cotidianas e persistentes.
A pessoa luta para levantar todos os dias e as tarefas cotidianas acabam se tornando um fardo pesado. O depressivo olha para o passado e tenta entender como foi que se perdeu de si mesmo, como deixou de sentir prazer em fazer o que sempre gostou.
Chega um momento em que já não há mais espaço na cabeça para pensar positivamente em soluções criativas: só um cenário sombrio ao redor, que cria um abismo entre ela e o mundo. Não há forças para agir ou, em muitas vezes, sequer para pedir ajuda. Depressão é uma doença séria, incapacitante, cheia de tabus e que, se não diagnosticada e tratada, pode levar até ao suicídio.
Causa biológica da depressão
Há muitas formas de entender e tratar a doença. Há quem prefira adotar o ponto de vista estritamente físico, biológico, que diz que a doença se manifesta devido a um desequilíbrio químico no cérebro.
Sendo assim, os medicamentos antidepressivos são frequentemente indicados. Eles ajudam o paciente a sair da crise, pois atuam diretamente no sintoma que se manifesta no corpo físico (o desequilíbrio químico do cérebro).
Mas, se não for tratada paralelamente a causa da doença, o paciente poderá viver sua vida inteira dependente dos laboratórios.
Por trás do diagnóstico
Muitas doenças só podem ser entendidas e curadas se tivermos um olhar para além do sintoma, levando em consideração um contexto mais amplo. Por trás de uma enfermidade, geralmente há um “não” a uma situação difícil ou a exclusão de alguém em nosso sistema familiar.
A doença vai “olhar” para onde nós não estamos querendo ou conseguindo ver. E, sendo assim, ela muitas vezes se torna um portal, uma oportunidade de curar alguma ferida emocional em nós ou em nosso clã.
Segundo Stephan Hausner, constelador alemão reconhecido por usar as constelações familiares para temas de saúde, uma das dinâmicas mais comuns em casos de enfermidades é quando os descendentes estão dispostos a tomar para si uma carga por amor ao seus antecessores: pais, avós, bisavós etc.
Eles acabam carregando, de forma inconsciente, histórias difíceis ou traumas não resolvidos que ainda pesam sobre a família.
Constelação Familiar e depressão
A pessoa em depressão frequentemente se sente vazia. Isso pode ser um sinal de que lhe falta incluir, amar e aceitar algum membro de sua família. Quando falta algum elo da cadeia familiar, há uma interrupção no fluxo de vida na linha materna ou paterna. Como resultado, um dos sintomas psicológicos é a pessoa se sentir incompleta.
A depressão inicialmente pode ser resultado de um grande vazio causado por não querer ou poder tomar um dos pais, no sentido de aceitar e dar amor. Seja porque houve um trauma que bloqueou o acesso do filho aos progenitores ou porque a pessoa está emaranhada com algum antepassado.
Neste último caso, a pessoa está substituindo por ressonância um membro de alguma geração anterior do sistema familiar que não quis ou pôde tomar a alguém: uma mãe violentada por um familiar que não quis tomar o filho fruto dessa violação; um filho abortado, assassinado ou esquecido que não quer tomar o amor de seus pais; um pai que tem um filho fora do casamento e não quer reconhecê-lo; etc.
Segundo a psicóloga e consteladora radicada na Espanha, Brigitte C. de Ribes, a depressão e sua consequente vontade de morrer podem também ocultar um sentimento incontrolável de raiva e uma forte energia assassina. As tentativas de suicídio, portanto, seriam maneiras de tentar reprimir esse impulso agressivo.
Tratamento: fluxo do amor
Quando tratamos a depressão na Constelação Familiar, primeiro buscamos liberar o emaranhamento com as histórias do passado e dar o devido lugar a todos os excluídos do sistema. Em seguida, buscamos examinar o vínculo com o pai e a mãe para ver se o fluxo do amor foi interrompido.
A plenitude e a felicidade são finalmente alcançados quando conseguimos dizer “sim” para tudo aquilo que foi difícil no passado e, principalmente, quando fortalecemos nossa conexão com o presente e com a vida.
Alice Duarte é facilitadora de Constelação Sistêmica Familiar e Organizacional, com treinamentos internacionais com o alemães Bert e Sophie Hellinger, e os espanhóis Joan Garriga e Brigitte Champetier de Ribes. Desde 2015 facilita processos de autoconhecimento, cura emocional e solução de conflitos nos relacionamentos. É jornalista, mantém um site autoral com artigos em português e é criadora do programa online Por Uma Vida Sem Amarras. Vive em Curitiba, onde trabalha com grupos terapêuticos, workshops, cursos e atendimentos individuais (presenciais e online) de Constelação Familiar e Consultoria Sistêmica Empresarial. Aqui no Personare escreve sobre autoconhecimento e relações humanas.
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