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Crianças livres da dengue

Confira mitos e verdades da doença, dica sobre uso de repelente e mais

Atualizado em

É comemorado nesta quarta-feira (19/11) o Dia Nacional de Combate à  Dengue. Apesar da doença atingir pessoas de idades variadas, a incidência em crianças ainda é alta. De acordo com o Ministério da Saúde, das 390 milhões de pessoas infectadas a cada ano, 32% dos casos registrados no primeiro semestre desse ano foram em crianças e adolescentes. Além disso, nos últimos 50 anos, a incidência de dengue aumentou 30 vezes, com mais da metade da população mundial em risco, segundo a organização.

De acordo com o manual “Dengue: diagnóstico e manejo clínico – Crianças”, elaborado pela Secretaria de Vigilância em Saúde, é preciso cuidado e atenção com os pequenos. Segundo o documento, a dengue em crianças pode ser de difí­cil diagnóstico, pois os sintomas são menos aparentes e às vezes passam despercebidos ou são confundidos com outras doenças. O pediatra Sylvio Renan Monteiro alerta que os pais devem ficar atentos se os pequenos começarem a apresentar febre baixa, que cede logo, ou vermelhidão no corpo.

“De um modo geral, na dengue clássica a primeira manifestação é a febre, de início repentino, associada à  dor de cabeça, prostração, dores musculares e articulares, dor atrás dos olhos e vermelhidão na pele, acompanhada ou não de coceira. Falta de apetite, náuseas, vômitos e diarreia também podem ser observados. Os sintomas iniciais da dengue hemorrágica são os mesmos descritos para a dengue clássica, entretanto, entre o terceiro e o sétimo dia a febre começa a diminuir e o quadro hemorrágico se instala. Ocorrem sangramentos espontaneamente, ou provocados por traumas, em gengivas, narinas e olhos, além de também ocorrer sangramentos em órgãos internos, que são os que levam às piores complicações”, alerta o médico, que atua na c­línica MBA pediatria, em São Paulo.

Repelente certo para os pequenos

Como a dengue é transmitida pela picada do mosquito Aedes Aegypti infectado, muita gente enxerga o repelente como uma forma eficaz de proteção. No entanto, o pediatra informa que o uso desse produto é proibido para bebês abaixo de seis meses de idade, e não recomendado para crianças com menos de dois anos. Pequenos acima dessa idade podem usar repelente com restrições, já que nos ingredientes encontram-se substâncias tóxicas, cujo uso prolongado pode levar a reações alérgicas ou prejudiciais à  saúde das crianças.

Sendo assim, antes de comprar um repelente, é importante ler o rótulo. Confira abaixo as substâncias que os produtos podem conter, a indicação de idade e o tempo de eficácia de cada um:

  1. DEET: concentração 6% a 9%, ação de 2h. Recomendado para crianças acima de dois anos.
  2. DEET: concentração 14%, ação de até 6h. Recomendado para crianças acima de 12 anos.
  3. Icaridina: concentração 50%, ação de até 5h. Recomendado para maiores de 12 anos.
  4. Icaridina: concentração 25% (extreme), ação de até 10h. Recomendado para maiores de 10 anos.
  5. Icaridina: concentração 25% (infantil), ação de até 10h. Recomendado para maiores de dois anos.
  6. IR3535: ação de até 4h. Recomendado para maiores de seis meses.
  7. Óleo de citronela: concentração 1,2%, ação de 2h. Recomendado para maiores de dois anos.

Depois de escolher o produto certo para a criança, é importante ter alguns cuidados para que o uso do repelente aja com eficácia:

  1. Leia sempre o rótulo do produto antes de aplicá-lo e guarde a embalagem para caso de necessidade.
  2. Siga as instruções do fabricante, aplicando o repelente somente nas partes do corpo permitidas.
  3. Mantenha os repelentes fora do alcance de alimentos e de crianças e não permita sua autoaplicação.
  4. Evite o uso do produto próximo a mucosas (boca, nariz, olhos, genitais) ou em pele irritada ou ferida.
  5. Usar repelente no rosto requer cuidados especiais. Primeiro espalhe o produto nas mãos, e depois aplique-o na face dos pequenos, evitando olhos, narinas e boca.
  6. Crianças habitualmente levam muito as mãos à  boca. Por este motivo não aplique o repelente nas mãos dos pequenos.
  7. Use quantidade suficiente pra recobrir a pele exposta e evite reaplicações frequentes. Respeite o tempo de ação indicado na embalagem do produto.
  8. Evite usar o repelente em conjunto com protetores solares, pois diminui a eficácia.
  9. Ao entrar em ambientes fechados e protegidos dos mosquitos, lave as áreas expostas ao produto com água e sabão.
  10. Não deixe as crianças dormirem com repelente no corpo. O ideal é colocar os pequenos no banho, antes de dormirem.

“No caso de qualquer reação adversa, lave bem a área onde o repelente foi aplicado, e entre em contato com um centro de controle de intoxicações mais acessível, ou posto médico. Leve a embalagem do repelente que você guardou”, ensina o médico Sylvio Renan Monteiro.

Mitos e verdade sobre a dengue

Além dos repelentes, alguns pais optam pelo uso de pulseira de citronela nas crianças, que promete manter o mosquito afastado. No entanto, o médico informa que esse método não é eficaz. “Se considerarmos o exemplo da citronela, ela pode repelir insetos numa área próxima à pulseira, mas com certeza não terá ação em áreas mais distantes no corpo”.

A mesma orientação serve para as velas de andiroba, usadas para evitar a presença do mosquito transmissor da dengue. “Quando usada em uma área de 10m², a vela é eficaz. Se a criança não apresenta alergia a esse ingrediente, ele pode ser usado. Mas os pais devem tomar cuidado para evitar queimaduras nos pequenos, ou mesmo incêndios, enquanto as pessoas dormem”, aconselha o especialista.

Muita gente acredita que ar condicionado e ventiladores matam o mosquito. Como no sistema de refrigeração o ar circula pelo aparelho através de filtros, o inseto tem dificuldade de penetrar nesse ambiente. Para isso, é importante manter os cômodos fechados. No caso dos ventiladores, eles mantém parcialmente os mosquitos afastados. Segundo o pediatra, os insetos preferem agir onde não há correntes de vento, mas isso não é garantia para mantê-los longe.

Outra informação equivocada é a de que tomar vitamina C afasta o mosquito. De acordo com Sylvio, na verdade a substância aumenta a função do sistema imunológico, além de estimular a ação da quercetina, que tem ação antialérgica. Isso diminui as reações que podem ocorrer após a picada do inseto, mas não previne o aparecimento da dengue.

A respeito da ingestão de alho para prevenir a ação do mosquito, o médico acredita parcialmente na eficácia do método. “O alho contém moléculas de enxofre em seu interior, que têm ação repelente para insetos. No entanto, uma grande quantidade do alimento teria que ser ingerida para conseguirmos um efeito razoável. Também tenho lido sobre a ação da vitamina B1 como repelente. Mas até o momento o que se considera é que também são necesárias altas doses desta vitamina para termos um efeito modesto na proteção”, pondera o pediatra.

Tratamento eficaz

Em caso de suspeita de dengue nas crianças, os pais devem procurar imediatamente auxílio médico, com pediatra, em Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou em Unidades de Pronto Atendimento (UPA). “As febres muito altas, tí­picas da dengue, podem levar a uma desidratação, pela perda de lí­quidos pela pele (suor), diarreia ou vômitos. Para manter a criança sem febre, aconselho o uso de antitérmicos, desde que não contenham aspirina – AAS – em sua fórmula. Também é importante manter os pequenos hidratados, por meio da ingestão frequente de água ou sucos”, ensina o pediatra.

Outras formas de prevenção

O Aedes Aegypti, mosquito transmissor da dengue, se reproduz em água parada. No entanto, especialistas informam que os ovos do inseto são invisí­veis a olho nu e conseguem durar cerca de 450 dias sem água. Por isso, não adianta somente lavar os reservatórios possivelmente contaminados, como vasos ou garrafas, é preciso prevenir a proliferação do mosquito.

O médico acredita que é necessário um esforço coletivo para evitar as infestações, por meio de medidas simples, como: esvaziar e guardar latas e garrafas emborcadas para não reter água, manter caixas d’água fechadas, limpar frequentemente calhas de telhados ou qualquer lugar onde possa haver acúmulo de água e encher com areia os pratinhos de vasos de plantas.

Para continuar refletindo sobre o tema

Site da Dengue

Site do Ministério da Saúde

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