Dando asas aos filhos
Qual o momento certo para ampliar os limites das crianças?
Por Carolina Arêas
E no começo, eram eles dentro de nós. Depois de nascidos, foram cuidados com amor infinito, acalentados e protegidos o tempo todo. Mas, passados os anos, o colo dos pais deixa de ser tão interessante frente ao mundo enorme que se abre para eles. E que bom que é assim. Filho se cria pra vida, não é o que aprendemos? Mas qual o momento certo para largar a mãozinha deles e deixar que experimentem – aos poucos – a liberdade pela qual tanto anseiam?
Impossível não olhar para nossos pequenos (para nós, mães, eles nunca crescem, certo?) sem pensar em cuidar e proteger. O zelo pelos filhos faz parte do pacote que ganhamos automaticamente quando os colocamos no mundo. No dicionário, a definição dá força ao que escrevo. Zelar é tomar conta de alguém com o máximo cuidado e interesse.
Mas excesso de zelo pode comprometer a independência e a confiança da criança, já que ela acaba impedida de experimentar e criar suas próprias defesas em relação ao mundo e à vida.
À medida que o tempo passa mais ela aspiram por sua autonomia e caso não tenham aprendido a fazer por si mesmas e com confiança, a dificuldade de adaptação será enorme. Amor em excesso e superprotetor pode, sim, asfixiar e impedir que a criança tenha oportunidade de ampliar seus limites
Amor em excesso e superprotetor pode, sim, asfixiar e impedir que a criança tenha oportunidade de ampliar seus limites
, experimentar a vida, descobrir suas fraquezas, sua força e suas habilidades em lidar com as situações.
Chegou a hora?
Descer de elevador sozinho, ir para escola com os amigos, andar de bicicleta sem a supervisão de um adulto. O melhor momento para você permitir? Não tem resposta padrão. O melhor momento para cada um chega naturalmente quando percebe-se o desenvolvimento e o fortalecimento da independência construída no dia a dia. Um filho amado, seguro e estimulado a encarar a vida de frente é o aval para pais conscientes permitirem gradativamente que os horizontes sejam ampliados.
E quem disse que seria fácil? Pais e mães loucos de amor por seus filhos às vezes sofrem demais, sempre em busca de ajudá-los a trilhar da maneira mais feliz possível este muitas vezes complicado caminho da vida.
E no caminho deles sempre vai ter uma pedra. Ou galhos, buracos, depressões. O carro que não parou no sinal, o menino que faz bullying na praça, a bicicleta roubada. Isso é fato. Mas se olharmos pela perspectiva de que são desafios que os farão crescer, amadurecer e se desenvolver, o coração acalma. E mesmo quando nosso lado super-hiper-protetor ficar tentado a agir, o melhor é estar em equilíbrio. Ansiedade por si só, além de ser um tormento mental, drena nossa energia e nada faz para ajudar de fato.
A maior contribuição que podemos dar quando não estamos por perto o tempo todo é transmitir pensamentos calmos e amorosos para que eles, mesmo tropeçando um pouco, possam conseguir. E se fortalecer. A frase do jornalista americano Hodding Carter nunca fez tanto sentido: existem dois legados duradouros que podemos deixar para nossos filhos. Um deles, raízes; o outro, asas.
Depoimentos
Iniciou sua formação como terapeuta floral através do Healing Herbs, da Inglaterra, estudando as essências de Bach. Também trabalha com Reiki nível II e massoterapia ayurvédica, e é co-criadora do projeto "Word Rocks" e “Love it Forward List”.
Saiba mais sobre mim- Contato: carolinaareas@yahoo.com.br