Depoimento: quebrando a barreira dos 50 anos
Quando a fronteira final não é o espaço, mas o tempo
Por Simone Kobayashi
Segundo dados do IBGE, em 1900, a expectativa de vida não chegava aos 40 anos. Em 2012, porém, foi constatado que de 1960 a 2010, a expectativa de vida foi aumentada em 25,4 anos. Entre 2000 e 2015, esse índice aumentou mais cinco anos globalmente – a evolução mais rápida desde a década de 1960. Ou seja, a população está tendo uma vida mais longa, em geral. E agora, o que fazer com essas décadas a mais?
Há quem diga que entre os 30 e 40 anos estamos no auge da vida. Mas, vou contar, pode ser aos 50, ou mais, também. Não há idade limite para plenitude e experienciar a vida com qualidade e prazer.
Acabei de completar 50 anos e, nos últimos tempos, estou mais sociável, viajando bastante, inclusive sozinha, praticando Arquearia Meditativa e até acampando a menos 3°C. De repente, me vi em Termas Del Plomo, na Cordilheira dos Andes, atirando flechas de fogo, à noite, em um grupo maravilhoso de 20 pessoas de seis nacionalidades diferentes. Esse foi meu ritual de passagem para os 50 anos. E, se isso é uma amostra, estou adorando.
Uma linha invisível
Não sei se sou eu, mas não vi a linha que delimita e mostra exatamente quando o tempo futuro ficou em menor quantidade que o tempo que já vivi e, certamente, isso já aconteceu. Neste momento, é que surge o questionamento: preciso de um tempo maior, ou melhor? Estamos falando de quantidade ou de qualidade?
A quantidade de tempo sim, reduz a medida que caminho, mas a qualidade se transforma. Tendo consciência de um tempo mais plástico e flexível que o cronológico, a relação com a passagem desses ciclos ficou diferente, para dizer o mínimo.
Até “perder tempo” deixou de fazer peso. Quando quero fazer nada, me delicio fazendo nada, quando quero fazer algo, nunca penso “estou velha para isso”. Na verdade, posso não ter o físico para uma trilha mais íngreme (o joelho me dói), ou a paciência para uma balada pesada (a cabeça me dói), mas continuo, ou melhor, faço mais coisas que quero e gosto.
Percebo que, quanto mais exploramos novas experiências, viagens, comidas, novas formas de ver o mundo, novos estilos de vida e jeitos de se relacionar, inclusive novos hobbies, menos a nossa idade faz peso na mala. Aliás, a minha mala também ficou mais leve. Preciso de menos coisas para viver, menos personagens para vestir e nenhum salto para me posicionar.
Tudo que já passei só me mostrou que eu consigo realizar o que preciso e que a vida só fica insuportável se eu deixar me levar pelas fraquezas. Quem chega aos 50 sem marcas e cicatrizes? Se não tivesse havido momentos, situações e pessoas que me machucaram e marcaram, eu não seria hoje quem sou. É preciso entender e ressignificar para evoluir.
Isso vale para tudo e todos. Entretanto, escolher crescer e evoluir requer dedicação, constância e energia. É como desenvolver uma nova habilidade. Ninguém nasce assim, e dá trabalho. Lidei muito bem com tudo – ou não. Avancei da melhor forma que consegui e, de qualquer jeito, sou grata por cada pedaço de caminho que me trouxe até aqui.
Viver o agora
Acredito que o importante é estar integral neste agora: seja aos 40, 50, 60 anos e além. Com o tanto de experiências e informação adquirida, transformamos em conhecimento ou em enciclopédia, transbordamos sabedoria ou rabugice. Basta estar consciente de que se tem escolhas.
Escolhi ser mais feliz, leve e aventureira, mas nem por isso superficial e frívola. As questões que coloco na minha frente são: se o que vivo está coerente (o racional e o emocional), se faz ressoar dentro da minha alma e, por último, por que não?
É assim que ajudo as pessoas a alinhar e reconectar com seu propósito de alma, estando e seguindo o meu próprio propósito.
Do futuro, não sei. Não sei se continuarei viajando bastante ou viajando sozinha, acampando nos Andes ou atirando flechas. Mas, certamente, rir de mim mesma, com a gargalhada solta e o brilho nos olhos, eu farei questão de cultivar. Vida longa e próspera!
Simone Kobayashi - Especialista em Terapia Vibracional, Terapeuta Holística e Vibracional, Mentora e Autora. Co-criadora de técnicas que promovem o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Ajuda pessoas a expandirem suas consciências e transformarem suas vidas para alcançar plenitude.
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