Entre a dor e os limites: como Adolescência expõe as complexidades da condição humana
Como a série Adolescência, da Netflix, nos convida a refletir sobre a dor e os limites da experiência humana
Por Celia Lima
Dor e limites são temas que permeiam a experiência humana de maneiras profundas e complexas.
Quando pensamos que as dificuldades emocionais e psicológicas só afetam famílias disfuncionais ou desatentas, somos confrontados com a realidade de que a dor pode estar presente em qualquer lugar — dentro de nós, nas nossas relações, nas telas ou até no silêncio de um quarto.
A série Adolescência, da Netflix, nos convida a refletir sobre essas questões, ao expor a fragilidade humana diante das dificuldades internas e externas.
Embora a história se concentre em um caso específico de um adolescente, o que realmente se destaca é a universalidade da dor e dos limites. Como lidamos com nossas próprias emoções? O que acontece quando essa dor não encontra uma saída saudável?
Não pretendo aqui fazer uma análise profunda dos personagens, mas somente convidar a quem viu ou ainda vai ver a série, às suas próprias reflexões. Porque, sim, causa impacto. Nos faz pensar o quanto nada está sob nosso controle. Sobre nossa impotência.
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A dor humana e seus limites: um retrato da fragilidade emocional
O ser humano é uma caixinha de surpresas. Nossa mente vaga por lugares sombrios que sequer imaginamos. No pensamento, tudo é possível, mas nem tudo pode se tornar palpável, tangível.
Mas quando a dor interna, a angústia emocional, se torna tão intensa que começa a se manifestar de maneira destrutiva, como um pensamento sombrio que toma forma? É aí que a dor e os limites se tornam um problema real e palpável.
A série Adolescência conta a história de um adolescente de 13 anos acusado de matar uma colega de escola a facadas. Apesar da sinopse, a trama não aponta culpados. Nem mesmo o menino, o pai silencioso, a mãe otimista, quase superficial, nem a irmã. Ninguém.
Os autores tratam das mazelas humanas, do quanto estamos despreparados para o inusitado. Isso porque todos sofrem de si a partir do que não podem compreender.
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Por que a dor não é reconhecida?
O que mais me chamou a atenção na série foi a insistência do menino em dizer: “Eu não fiz nada errado”.
Isso ilustra um ponto crucial: a dor interna, o sofrimento emocional que ele estava experimentando, não era reconhecido como errado — ele não sabia que aquilo o estava consumindo de dentro para fora.
Então, quando ele se sentiu diminuído, fraco e incapaz de acompanhar o que parecia que seus colegas alcançavam, quando a rejeição tomou conta de sua vida, sua solução foi eliminar a fonte de sua frustração. A dor se materializou, o que o levou a tomar atitudes drásticas.
Esse tipo de sofrimento não acontece somente em famílias disfuncionais ou desestruturadas. Dor e limites são realidades que podem atingir qualquer um de nós, em qualquer contexto, especialmente quando não conseguimos lidar com as emoções que nos afligem.
É um sinal que passa como um rolo compressor nos pais que querem dar espaço aos filhos, mas que perdem a medida da noção de limites. Mas que limites, se tudo parecia ir bem?
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Como lidar com a dor e os limites
A série nos força a refletir sobre a dor e os limites da experiência humana.
- Até onde podemos controlar nossos sentimentos, nossas emoções?
- O que acontece quando não sabemos como lidar com os sentimentos mais intensos e negativos?
- Como podemos encontrar caminhos para aliviar a dor, sem que ela se torne destrutiva?
A internet, as redes sociais, definitivamente são uma caixa preta de possibilidades. Cada vez mais a faca afiada e mordaz dos comentários ou acusações que adolescentes e adultos trocam entre si conseguem despertar os mais profundos ferimentos.
E como curar as feridas num momento tão frágil do desenvolvimento como é a adolescência?
Cada um de nós, em algum momento da vida, pode ser tocado pela dor e pela fragilidade emocional. E é fundamental entender que, quando não conseguimos reconhecer essa dor, ela tende a se acumular, gerando frustração e desespero.
A chave para lidar com a dor e os limites não está em negar os sentimentos, mas em reconhecê-los e acolhê-los, tendo a consciência de que o que consumimos como valores pode construir, mas também pode destruir.
É fundamental buscar maneiras saudáveis de expressar os sentimentos.
Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e estudiosa de Psicologia da Saúde e Hospitalar. Utiliza os florais, entre outras ferramentas, como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiacalima@gmail.com