É possível ser feliz sem companhia?
Maria Izabel, do livro "Para que o amor aconteça", conta sua história
Por Personare
Você acha possível ser feliz sem um amor? Para Maria Isabel, “solidão é a falta que sentimos de nós mesmos”. Na entrevista abaixo ela conta como recuperou a autoestima depois do término do casamento. A autora da história “De caso comigo mesma” também fala sobre como curte a vida de solteira e diz que o autoconhecimento mudou sua forma de enxergar o outro.
Personare – Após entregar-se a um relacionamento que não deu certo, como você fez para recuperar a autoestima e acreditar que o amor ainda vale a pena?
Maria Izabel – Após meu casamento tive que me reinventar. Como explico na história, a minha opção foi pelo autoconhecimento. Esta jornada começou pelo desenvolvimento do meu lado espiritual. A fé me deu forças para suportar o sofrimento, perdoar – pois sem perdão não há cura – e buscar respostas que explicassem como deixei a situação (viver um relacionamento) me causar tanta dor. Quanto ao amor, sempre vale à pena. Hoje acredito que tudo que vivemos tem somente uma função: nos ajudar a crescer, aprender.
Como você faz para curtir a vida de solteira sem sentir solidão?
MI – Aprendi que solidão é a falta que sentimos de nós mesmos. Não adianta estar cercada de gente e continuar se sentindo mal, triste, sentindo “falta” de um companheiro. Procurei me enriquecer de coisas boas, me tornar uma pessoa interessante, fazer novos amigos, aprender o que eu queria, viajar, ler e até descobri um talento: escrever. Assim, minha felicidade está dentro de mim. Gosto da companhia dos amigos, de homens interessantes, mas não dependo disso para viver. Posso estar bem acompanhada ou sozinha, mas sempre procuro encontrar vantagens nas duas coisas. Aprendi que ter alguém, como um namorado, um marido, não é necessariamente sinônino de felicidade. Já estive em várias situações (só e acompanhada) e sei que estar bem consigo mesma é o que importa.
O que de mais valioso você aprendeu com os términos pelos quais passou?
MI – Aprendi que posso superar qualquer sofrimento. Que minha força vem de um poder maior, mas que devo antes de tudo acreditar em minha capacidade de resistir. Basta apenas eu encarar a situação de frente, sem me sentir vítima. Acredito muito firmemente que são nossas crenças e nosso modo de agir que trazem até nós as situações de aprendizagem. Assim, quanto mais cedo aprendo a lição, mais cedo e sem dor ela termina.
Você comenta que não se achava bonita na juventude e acabou investindo seu tempo e energia no setor profissional. A falta de autoestima pode ter prejudicado suas escolhas na vida amorosa?
MI – Sim. Quando não nos valorizamos, não temos fé em nosso poder pessoal e tendemos a aceitar situações que não nos convém. E olhe que na época da separação as pessoas comentavam: “você é uma mulher bonita, vai superar”. Então a questão era interna, eu mesma não via (ou não acreditava) na minha beleza. Hoje sinto-me segura e sei que beleza é apenas um item do nosso bem-estar.
Você acha que as experiências frustradas no amor lhe ajudaram a se conhecer melhor? Por que?
MI – Com toda a certeza. Se não tivesse passado por estas experiências, não seria a pessoa que sou hoje. É aquela história: “ou aprendemos pelo amor ou pela dor”. Como a dor é mais urgente, nos força a buscar a cura rapidamente. Então sou grata por todas as minhas vivências.
É comum, quando a gente vive uma situação difícil, ter dificuldades para falar sobre aquela situação. Isso também acontecia com você? Explique melhor.
MI – É verdade, quando vivemos uma situação ruim, o mais usual é não abrir o jogo com ninguém, às vezes até conosco mesmo. Acho que temos vergonha de admitir o fracasso de uma coisa na qual colocamos nossas melhores esperanças. Mas buscar ajuda, seja de um psicólogo ou de amigos, sempre é bom. Verbalizar as nossas emoções as deixam mais fracas, pois elas perdem a força quando são analisadas, e ajuda a entender nossas reações a elas.
Você acha que compartilhar sua história no Fórum a ajudou a entender melhor ou até superar os momentos difíceis que viveu? Fale sobre os benefícios que o Fórum trouxe.
MI – Vi no Fórum a possibilidade de compartilhar esta experiência com tantas outras pessoas que estão vivendo situações semelhantes. É meu propósito de vida hoje divulgar o conhecimento e as crenças que me possibilitaram viver mais feliz. Se eu conseguir ajudar apenas uma pessoa, já me sentirei plenamente gratificada.
Psicólogos acreditam que escrever ajuda as pessoas a se conhecerem melhor. Quais descobertas valiosas sobre si mesma a escrita proporcionou?
MI – Concordo plenamente. Para mim, hoje em dia escrever passou a ser uma necessidade. Escrevendo coloco minhas experiências e sonhos no papel. Criei um blog e o simples ato de escrever me obriga a pesquisar, a buscar informação, a refletir. Tudo isso vai me acrescentando muitas coisas boas, além da alegria e da realização de pôr em prática um dom.
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