Emoções conflitantes existem?
Reprimir emoções não é saudável para o corpo, nem para a mente. Aprenda a lidar com elas.
Por Fernanda Miguez
Já vou começar esse artigo matando a sua curiosidade: emoções conflitantes não existem. O conflito acontece quando reprimimos as nossas emoções ou quando não sabemos manejá-las.
Mas na sua natureza, elas não são emoções conflitantes.
As emoções são, em sua natureza, neutras e a forma como lidamos com elas e as expressamos pode ser de maneira construtiva ou destrutiva (danosa para nós e ao outro).
Infelizmente, a educação emocional não foi uma prioridade em nossa sociedade e até hoje consideramos uma estratégia reprimir a emoção, mas isso não é saudável nem para o corpo e nem para a mente.
“Meu ponto é que as verdadeiras fontes de problemas são as emoções destrutivas. Quer gostemos ou não temos que lidar com essas emoções que nos criam um monte de problemas nos níveis: global, nacional, nacional, familiar e individual” – Dalai Lama
Primeiro passo: não segure as emoções
Muitos de nós aprendemos que para ser uma pessoa educada e gentil, precisamos segurar a emoção. Mas isso é uma bomba relógio e em algum momento somatizamos.
de um trabalho de cultivo do equilíbrio emocional, podemos lidar melhor com elas, criar estratégias e minimizar nossos sofrimentos.
Quando falamos sobre o cultivo do equilíbrio emocional, falamos sobre uma série de estratégias a serem aplicadas no dia a dia.
O mais importante é você saber reconhecer a emoção que está sentindo e conseguir expressá-la de alguma maneira, da forma menos danosa possível. A informação emocional precisa ser expressa de forma clara e assertiva e às vezes precisamos ser firmes para colocar os nossos limites. Ou silenciar até que nos sintamos preparados para expressá-la.
Aprenda uma técnica para lidar melhor com as emoções
Vou ensinar para vocês a técnica RAIN (chuva em inglês) que significa Reconhecer, Aceitar, Investigar e Não se identificar.
Essa prática é uma estratégia autocompassiva que pode ser usada em momentos de desafios e sofrimento. Quando isso acontecer, lembre-se destes passos:
R – Reconhecer
Nesta etapa você nota a emoção com consciência. Trazendo toda a sua atenção à ela. Com consciência é possível lidarmos de alguma forma com as nossas emoções. Neste momento apenas perceba a emoção chegando, sem se apegar ou ignorar.
Então você pode dizer assim: isso parece medo; sinto as minhas mãos suando; estou me julgando por estar assim. Você apenas reconhece esse fato.
A – Aceitar/Acolher
Depois de reconhecer, você aceita o sentimento e permite que ele esteja lá. Ao invés de julgar a emoção como ruim ou errada, simplesmente entende ela como desafiante.
Você pode notar seus pensamentos e emoções surgirem e criar espaço interno para eles, mesmo que eles sejam desconfortáveis. Você não se apega a raiva, por exemplo e não se fixa nela, nem a trata como algo ruim ou a ser reprimido.
I – Investigar
Só depois de reconhecer e aceitar, você começa a fazer perguntas e explorar as suas emoções com curiosidade, gentileza e abertura. Podemos explorar como o sentimento se manifesta em nosso corpo e também notar o que o sentimento contém.
Valores e conceitos que você possui, que fazem parte da sua história (por exemplo: de certo, de errado ou de desagradável) ao se depararem com acontecimentos da sua vida, podem ter gatilhado aquela emoção. Assim fazemos descobertas a partir desta investigação.
N – Não se identificar
Na etapa final do RAIN, nos tornamos conscientes do fato de que não somos aquele sentimento ou emoção. Ele tem uma duração, que é momentânea, como um visitante. Pode ser que ela já tenha até desaparecido, após as etapas anteriores.
Você permite ver a raiva, o medo, a tristeza e, em vez de julgar, traz para a percepção gentil, algo assim: este é um estado de sofrimento. Assim você não se identifica com a emoção.
A técnica RAIN é um processo, mas é uma prática é bem potente.
As práticas contemplativas são fundamentais neste processo e você pode começar com esta prática de atenção plena com ênfase no relaxamento:
Deixo esse poema de Rumi, poeta persa do século XIII, para inspirá-los:
A casa de Hóspedes
O ser humano é como uma casa de hóspedes
Toda manhã, uma nova chegada
Uma alegria, uma tristeza, uma mesquinhez
Uma percepção momentânea chega, como visitante inesperado
Acolha a todos!
Mesmo se for uma multidão de tristezas, que varre violentamente sua casa e a esvazia de toda a mobília
Mesmo assim, honre a todos os seus hóspedes
Eles podem estar limpando você para a chegada de um novo deleite
O pensamento escuro, a vergonha, a malícia
Receba-os sorrindo à porta e convide-os a entrar
Seja grato a quem vier
Porque todos foram enviados
Como guias do além.
É de extrema importância pedir ajuda a um profissional, caso não consiga implementar as estratégias e se os seus processos emocionais estejam causando prejuízo na sua vida. Peça ajuda, isso é um ato de coragem.
É astróloga formada pela Sociedade de Astrologia do Rio de Janeiro (SARJ) e idealizadora do Projeto Astrologia da Consciência. Trabalhou por 10 anos na equipe da astróloga Maria Eugênia de Castro e como colaboradora em 13 livros na área. Engenheira pela UERJ, atualmente é acadêmica de Psicologia. Tem formações na área de autoconhecimento, atua como trainer de Mindfulness pelo MTi (Mindfulness Trainnings International) e é professora de Cultivo do Equilíbrio Emocional pelo Albert Einstein - SP.
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