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Encare o prazer de outra forma

Como viver sua sexualidade sem cobranças, seguindo seus desejos

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Num primeiro momento, as mulheres precursoras do feminismo encorajaram a legitimidade do sexo pelo sexo. Muitas embarcaram nessa aventura porque é mesmo muito difícil resistir à caixa inteira de bombons quando se está há um ano sem comer um docinho sequer. E caíram de boca nesses bombons, mesmo que isso tenha passado a lhes custar trocar pneus, consertar chuveiros, carregar sacolas pesadas e arcar sozinhas com as responsabilidades junto aos filhos, com o sustento da casa e o difícil encontro com a solidão da autonomia.

Muito do “espírito feminista” esteve atrelado a um revanchismo contra os homens. O que muitas mulheres não perceberam, é que eles também tiveram que ajustar seu comportamento com a nova realidade que o contexto sócio-cultural impunha. Não sabiam mais como equilibrar o comportamento nos novos tempos. Daí surgiu a proposta do relacionamento aberto e uma grande desordem emocional foi instalada. Para que o homem se sentisse seguro junto à sua parceira, percebeu o quanto era importante prestar atenção a ela, em seus prazeres, para que a vida sexual fosse longa.

Ora, sexo é muito bom, é prazer puro e deve ser exercitado. Não é preciso atrelar sexo a amor como costumávamos fazer para justificar a realização dos nossos desejos. Isso foi um grande ensinamento do universo masculino para nós. Mas parece que muitas mulheres, depois que se casam, esquecem de apreciar os prazeres do sexo, como se ter se tornado esposa ou mãe nublasse ou deixasse sua natureza de fêmea eclipsada. Seus parceiros se ressentem com a mudança de comportamento, já que o homem consegue não misturar as estações. Percebendo o quanto o sexo – a presença ou ausência dele – interfere no humor masculino, consciente ou inconscientemente a mulher transforma o sexo numa “arma”.

Muitas vezes a mulher passa a seduzir para obter vantagens e também a negar sexo como forma de punição. Inúmeras mulheres, diante de um comportamento que elas desaprovam de seus parceiros, dizem: “Não me procure”. Como se negando a seu companheiro o prazer do sexo, não estivessem negando a elas também. Quantas vezes não pedimos exatamente o contrário do que estamos querendo que eles façam? Ao invés de buscar o entendimento, o esclarecimento da situação que as aborreceu, as mulheres usam o sexo como arma para obter um pedido de desculpa, para demonstrar sua irritação.

Isso muitas vezes ocorre mesmo de forma inconsciente e as “dores de cabeça” são reais. Outras mulheres vivem com problemas ginecológicos. É o corpo materializando a negação do prazer ao outro – e a si mesmas. Quando o casal não prima pelo diálogo, acaba demonstrando seu desagrado na prática. Assim, o corpo reage e surgem as famosas desculpas para evitar o contato mais íntimo.

As mulheres se perguntam como é que seus parceiros pensam em sexo depois de um dia difícil, quando brigaram, bateram o carro… É hora de aprender com os homens: sexo relaxa, acalma, revigora.

As mulheres se perguntam como é que seus parceiros pensam em sexo depois de um dia difícil, quando brigaram, bateram o carro… É hora de aprender com os homens: sexo relaxa, acalma, revigora.

Nos faz sentir vivos, capazes. Os homens obedecem seus corpos e nós devemos seguir esse exemplo. É certo que tendemos a pensar que os homens funcionam na base do “plug and play” com relação a sexo, pensamos que eles são como máquinas nesse terreno. Isso não é verdade, eles desejam realmente suas parceiras. Já nós precisamos de um estado emocional todo propício para que a relação aconteça, e é aí que se pode modificar o olhar sobre a questão.

É importante lembrar que o momento da relação sexual entre um casal é o momento de maior intimidade. É só ali que os dois querem exatamente a mesma coisa, ou seja, ter e proporcionar prazer. Declarar o desejo, a paixão. É nessa hora que os dois se misturam, não tem divergências de opiniões, não tem prestação do carro para pensar, não tem que decidir sobre a escola das crianças. Estão ali, um para o outro.

Sexo promove a intimidade da alma, ambos se descobrem continuamente. Proponho às mulheres que se permitam experimentar sexo mais vezes com seus parceiros. Que olhem objetivamente para o prazer que podem encontrar na entrega. Que caso tenham uma real dor de cabeça, tomem um comprimido antes de ir para a cama. Que falem sobre suas fantasias, que experimentem eliminar o tabu do “estou muito cansada”.

Convido as mulheres a refletirem: o que no início da liberação feminina era tido com um direito, o direito aos prazeres, pode ser visto hoje como uma verdadeira e genuína entrega, como um presente ofertado a si mesmas. Afinal, nós também podemos nos entregar às inúmeras possibilidades e alegrias que o sexo proporciona. É hora de quebrar paradigmas.

Por que não?

  1. Nos momentos de estresse, feche os olhos deixe vir lembranças dos momentos de sexo.
  2. Converse muito com seu par a respeito de prazeres, de fantasias
  3. Quando ele a procurar num momento em que você não está muito disposta, não diga não, não o evite. Imprima você o ritmo, pedindo para ele falar o que deseja de você. Entregue-se às palavras e seu corpo ficará predisposto…
  4. Busque a maior intimidade possível com seu par, instigue-o por telefone, por exemplo, durante o dia. Os jogos de sedução com o parceiro são estimulantes.
  5. Fique no comando quando achar que não vai conseguir se soltar. Aos poucos você entra no clima e se deixa arrebatar.
  6. Não esqueça: nossos corpos são um grande parque de diversões. Encare o prazer com mais leveza, como realmente um prêmio.
Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.

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