Enriquecer não é sinônimo de prosperar
Mais do que ter dinheiro, prosperidade significa gerar riqueza para si
Uma das principais características da sociedade moderna é a busca continua por algo. Nós todos somos presas fáceis de um conceito consumista que leva-nos a acreditar que é indispensável termos o mais novo aparelho celular, o mais moderno carro, o último e mais fino modelo de televisão. Algumas corporações, conhecendo esta nossa tão declarada tendência, alimentam em nós necessidades que nem temos. Com isso, passamos a procurar coisas que não estão presentes em nosso cotidiano, e elaborar planos para trazê-las à nossa realidade.
Com frequência, passamos a confiar nossa felicidade ao que temos e, na mesma conta, medimos nossa infelicidade pelo que nos falta.
Com frequência, passamos a confiar nossa felicidade ao que temos e, na mesma conta, medimos nossa infelicidade pelo que nos falta. Atua ainda como agravante à nossa infelicidade, aquilo que nos falta, mas que nosso vizinho possui – esteja ele na casa ao lado, ou a milhares de quilômetros de distância.
Valor x Preço
Neste cenário, é muito fácil perder as grandes alegrias da vida e, pior, é mais fácil ainda perder também as pequenas. Assim, perdemos nossas referências de valores, substituindo-as pelas referências de preços. O resultado disso é uma tendência a avaliarmos as pessoas a nosso redor de maneira equivocada. É assim que aquele sujeito que tem uma bela carreira profissional, uma linda casa, um lindo carro e se veste com roupas de grife – mas que talvez não tenha nenhum valor moral – passa a valer mais, na nossa equivocada balança. Nesse sentido, aquele outro que, sem possuir estes atributos materiais – aos quais se pode atribuir preço – é pessoa digna, honesta, bom amigo, bom filho, bom cidadão.
O grande Rui Barbosa tem uma frase que resume este raciocínio: “de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”, diz.
A grama do vizinho é sempre mais bonita?
Se vocês me permitirem, vou convidá-los a imaginar um jardim, o mais lindo que possam pensar. O dono do jardim em questão todo dia cuida de sua manutenção, removendo ervas daninhas, podando as plantas no tempo e na maneira certos, e empenha-se cada vez mais em descobrir meios de tornar esse espaço ainda mais bonito.
Na casa vizinha, o quintal é um amontoado de mato mal cuidado, espesso a tal ponto que é quase impossível caminhar por ele. Ervas daninhas tomaram conta do espaço, a terra é fraca e a paisagem resultante chega a repugnar. O dono deste segundo quintal evita ao máximo olhá-lo e nunca o visita, tão desagradável que é. Seu plano para resolver isto é mudar-se dali, afinal aquilo nunca será um jardim de verdade.
Com estes dois jardins em mente, fica fácil para você entender porque o primeiro dono cuida tão bem de seu jardim. Um lugar tão bonito e agradável até o inspira a trabalhar e cuidar dele. Também dá para entender porque o dono do segundo jardim já desistiu e deu a causa por encerrada. Um lugar tão inóspito quanto aquele não desperta nenhum desejo de cuidado.
É exatamente aí que está a confusão dentro de todos nós. Nós confundimos a situação. Não é verdade que o dono do primeiro jardim tem tanto cuidado porque trata-se de um belo horto. Nem tampouco é verdade que o dono do segundo jardim deixa-o minguar por ser um local desagradável.
Fazemos esta confusão todos os dias em nossas avaliações. A verdade é que o primeiro jardim é belo, porque seu dono cuida dele. A grande verdade é que o segundo jardim é feio porque seu dono é um descuidado. E mesmo que ele ganhe milhões e compre a mais bela das casas, com o mais belo dos jardins, se ele continuar desleixado, em pouco tempo casa e jardim serão também feios como o primeiro.
Dinheiro na conta bancária não significa prosperidade
Considerando-se que prosperar é um termo indicado ao desenvolvimento da pessoa, enquanto enriquecer tem a ver com o desenvolvimento da conta bancária, fica muito fácil compreender que mesmo sendo rica a pessoa não será necessariamente próspera.
Embora seja mais comum encontrar pessoas que queiram enriquecer, temos aqui o mesmo equivoco da história do jardim. Nós passamos a acreditar que a pessoa rica é necessariamente próspera, e esquecemos que é muito mais fácil enriquecer se prosperarmos antes. Ou seja, se desenvolvermos em nós capacidades de real valor e não de real preço – do que vice versa.
Vou terminar citando outro grande homem: Henry Ford. “Se o dinheiro for a sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, de experiência e de competência”, afirmava.
Busque prosperar mil vezes antes de enriquecer.
Vicente Sevilha Jr é bacharel em ciências contábeis e autor do livro "Assim Nasce Uma Empresa", voltado para empreendedores que desejam abrir um negócio próprio.
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