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Entenda e combata o bullying

Observe o comportamento dos pequenos e evite essa violência

Atualizado em

O ambiente escolar frequentemente é lembrado por recordações afetuosas e alegres de um tempo que passou. No entanto, a escola, para algumas crianças, além de local de ensino e de diversão, também é um lugar aonde elas precisam lidar com brincadeiras, que diferente daquelas típicas do ambiente escolar, são cruéis e excedem o respeito ao semelhante. Estamos falando de um fenômeno cada vez mais discutido no âmbito da saúde pública: o bullying.

O bullying se caracteriza por seu caráter repetitivo e pela clara intenção de causar danos ou prejudicar alguém que é percebido como mais fraco ou mais vulnerável. Um exemplo de prática de bullying é o ato não só de colocar apelidos pejorativos no colega, mas também de contribuir para o seu isolamento social e o seu constrangimento diante dos outros. Há, na grande parte dos casos, uma assimetria de forças, além do envolvimento de agressões físicas, verbais e isolamento da vítima. Embora se trate de um fenômeno que atinge meninos e meninas, estudos apontam que há diferença no tipo de comportamento apresentado pelos agressores de acordo com o sexo. Enquanto os meninos que praticam bullying recorrem mais frequentemente à violência física, as meninas costumam apresentar formas mais sutis (mas não menos perversas) de expressarem a violência como difamações, fofocas e isolamento social da vítima.

Identificação dos próprios defeitos nos outros

Dentro de uma perspectiva psicanalítica, o bullying muitas vezes pode ser entendido pela identificação projetiva, já que a criança identifica no colega características que ela repudia em si mesma e, desta forma, utiliza o outro como um “bode expiatório”, ou seja, alguém que se torna portador de algo que é intolerável pelo grupo.

A violência do agressor é reforçada pela interação social e pelo poder de liderança entre os membros do grupo, já que contrapondo-se à sua satisfação em dominar e à pouca empatia pelo sofrimento alheio, está o comportamento social inibido, passivo ou submisso das vítimas. Estas últimas, podem muitas vezes ser encontradas no recreio, por exemplo, próximas a um adulto que elas entendem que pode protegê-las.

É importante que os pais estejam atentos ao comportamento dos filhos, já que é comum que a criança que sofre bullying apresente alguns transtornos psicossomáticos como dores abdominais, insônia, vômitos, muitas vezes coincidindo estas queixas com o horário da escola ou com o término do final de semana.

Além das vítimas e dos agressores, há ainda crianças que assistem de forma passiva os ataques sofridos por outros alunos por medo de se tornarem potenciais vítimas destes agressores.

A fim de auxiliar os educadores, foi distribuída recentemente a “Cartilha sobre Bullying”, de autoria da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa (veja link no box abaixo) para ajudar professores e pais a prevenirem o problema nas escolas a partir da discussão do assunto, tanto em sala de aula quanto em casa.

A indicação de um trabalho terapêutico às crianças vítimas de bullying é também importante, pois permite que a criança adquira uma postura mais assertiva diante das agressões e melhore a sua autoestima.

Os pais devem procurar estar atentos ao que acontece na vida social de seus filhos, já que embora a escola tenha um papel social muito importante no cotidiano dos pequenos, o papel da família enquanto transmissora de valores e de afeto é fundamental para que possamos criar adultos responsáveis e cientes do valor da fraternidade nos dias atuais.

Para continuar refletindo sobre o tema:

Cartilha sobre Bullying lançada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ): http://www.cnj.jus.br/images/Justica_nas_escolas/cartilha_web.pdf

Marina Diuana

Marina Diuana

Mestre em Psicologia Clínica, atua como psicóloga responsável pelo Centro Pediátrico da Lagoa e como apoiadora da Superintendência de Atenção Básica da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro - marinadiuana@ig.com.br

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