Hooponopono para seus filhos: um método de cura
Prática limpa bloqueios inconscientes dos pais, que são refletidos nas crianças
Por Maria Cristina
Quando nos tornamos pais adentramos por um caminho totalmente novo e desafiante. Cada novo dia diante deste papel adquirido pode ser uma oportunidade para nosso próprio autoconhecimento. Sim, os filhos têm este poder. De serem espelhos de comportamentos, sentimentos e atitudes que estão fora de nossa consciência.
Filhos dão oportunidade de encararmos monstros adormecidos
É muito comum pais de primeira viagem cercarem-se de livros e opiniões de especialistas para tentarem educar as crianças da melhor maneira. Criamos expectativas para todos os filhos, mas é claro e natural que o primeiro vem um pouco mais carregado delas. Tudo que trazemos em nosso próprio papel de filho e a ideia que fazemos de nossos pais influenciarão nesta nova relação.
Como as crises familiares se perpetuam por gerações
E geralmente percebemos apenas dois caminhos: o que eu já sei sobre filhos baseado em minhas próprias vivencias familiares, ou tudo o que os outros sabem sobre a melhor maneira de criar filhos.
Então, à medida que a relação com nosso filho vai se desenvolvendo, percebemos que o primeiro caminho se sobrepõe a todos os outros. Ou seja, será inevitável eu agir conforme minha própria experiência, independente de todos os manuais. E ao contrário do que nosso imaginário acredita, essa relação é construída dia a dia.
O fato de sermos influenciados por nossos padrões familiares não necessariamente será algo ruim ou negativo. A verdade é que os filhos são uma ótima oportunidade para encararmos aquele monstro há muito tempo escondido e adormecido. Eles são aqueles que denunciarão, na maioria das vezes de maneira implícita e não verbal, que algo não vai bem no âmbito familiar. Em terapia de família é muito comum a criança aparecer como o problema e, no decorrer do processo, as questões do inconsciente familiar irem se revelando.
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Até 7 anos, crianças refletem comportamentos inconscientes dos pais
Os filhos, principalmente até os 7 anos, percebem aquilo que transmitimos em nível inconsciente, implicitamente, mais do que explicitamente. Ou seja, o que você faz é mais importante do que o que você diz.
o que você faz é mais importante do que o que você diz.
E geralmente até esta idade isso se manifestará nas crianças, na grande maioria das vezes, através de sintomas. Mas, mesmo após a primeira infância, os filhos continuam sinalizando algumas questões desafiantes que seus pais vivenciam.
Assim, como um exemplo, poderíamos pensar em alguém que traz a queixa de ter um filho mesquinho, teimoso ou birrento. Ampliando o olhar para os pais, poderíamos refletir sobre o quanto são presos às suas ideias, seus bens e pertences, suas verdades e dogmas. Claro que é só uma hipótese, mas a ideia é fazer refletir sobre o comportamento fazendo parte de um contexto familiar, e não como o problema de uma única pessoa ou da personalidade dela.
Em relação aos sintomas físicos, principalmente nas crianças pequenas, seria praticamente a mesma leitura, como se aquele sintoma fosse nos próprios pais. Se você tem o hábito de se perguntar, pesquisar e procurar entender o que um sintoma específico traz de recado do inconsciente para você, então, a ideia é fazer o mesmo para o sintoma do filho. Assim, por exemplo, se os pais vivenciam uma grande instabilidade emocional com brigas constantes, a criança pode vomitar, já que não consegue entender (ou digerir) bem o que está acontecendo ao seu redor.
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Ho’oponopono para seus filhos: uma ferramenta de cura
Uma ótima ferramenta que pode lhe ajudar neste trabalho é o Ho’oponopono. Este método utilizado para limpar crenças limitantes, padrões de autossabotagem, bloqueios e todo tipo de memória negativa que carregamos ao longo de nossa vida, lhe ajudará a se autoconhecer e conhecer melhor seu filho.
Quando usamos as 4 frases do Ho’oponopono – Eu te Amo. Sinto Muito. Me perdoe. Sou grato(a) – limpamos ou purificamos todo e qualquer sentimento, comportamento, crença e sintoma relacionado à situação que nos causa desconforto.
Por exemplo, um filho doente causa bastante desconforto. Então, se os pais começam a limpar suas próprias memórias, isso pode ser influenciado positivamente na criança. Como os próprios pais estão olhando para suas questões inconscientes, que surgem como estas memórias e limpam-nas, as crianças não precisarão mais manifestar os sintomas para que os progenitores percebam estas memórias.
Como praticar o Ho’oponopono com os filhos?
Lembrem-se: as memórias surgem para serem libertadas. E as crianças fazem isso por nós, pois as memórias atuam através delas. Assim, ao identificar isto, comece a limpá-las, falando as seguintes frases para si mesmo: “Eu sinto muito. Me perdoe. Te amo. Sou grata(o)”.
As frases podem ser ditas em silêncio ou voz alta. Não precisa falar diretamente para as crianças, mas, se sentir-se à vontade, pode fazê-lo também.
E mesmo se não houver nenhum sintoma em seus filhos, aplique o Ho’oponopono constantemente. Não há um número de vezes indicado, nem prazo. A ideia do método é que como temos muitas memórias acumuladas, a limpeza deve ser constante ou sempre que algo nos causar desconforto. Não precisamos esperar que elas se manifestem externamente para limpá-las. Elas já estão atuando a todo momento em nossas vidas. Manter a limpeza constante nos ajuda a trazer as memórias para a consciência e, com isso, é possível evitar que se manifestem como sintomas.
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Minha experiência com o Ho’oponopono
Sempre olhei para os sintomas de minhas duas filhas de forma simbólica, sabendo que elas expressavam algo do meu inconsciente. Quando incluí o Ho’oponopono na minha rotina diária, percebi que tinha nas mãos uma ótima ferramenta para lidar com a angústia da falta de controle de como meu inconsciente se manifestava nelas.
Como a ideia principal desta metodologia é assumir 100% da responsabilidade, a única coisa a ser feita, mesmo em relação aos sintomas das crianças é limpá-los! Nem sempre o sintoma some magicamente, mas em algumas ocasiões eles podem, sim, simplesmente desaparecer.
O que costumo fazer é compreender o que aquele sintoma pode estar sinalizando, como se fosse em mim mesma. As tosses, por exemplo, têm muita relação com algo externo que me incomoda e evito (ou não consigo) expressar verbalmente o desconforto que aquela situação ou pessoa me causou.
Assim, tossir é uma forma de expelir algo que traz desconforto. Então, neste caso, se este for o sintoma de minhas filhas, me pergunto de onde vem esta dificuldade em mim. E começo a purificar a situação.
Tenho notado que geralmente elas estão envolvidas na situação que causou o desconforto, mesmo que indiretamente. Também faço Ho’oponopono para a tosse e quaisquer sintomas relacionados, falando para minhas filhas as quatro frases. Sempre quando posso falo em voz alta para elas, pois assim também vão aprendendo.
Mas é bom esclarecer que de maneira alguma eu faço o Ho’oponopono visando a cura delas. Afinal, o único objetivo deste método é limpar memórias e nos trazer a paz e unificação com o Todo. Contudo, liberando as memórias em mim, também libero nelas.
Prática não deve trazer culpa aos pais
A ideia de começar a prestar atenção nos sintomas e comportamentos dos filhos e como eles refletem suas próprias questões, não é para trazer mais culpa aos pais, que já é um sentimento tão comum. É simplesmente para ampliarmos o olhar sobre nós mesmos, termos a oportunidade de revisitar nossa história, emendar os fios partidos pelo caminho e fazermos uma reconstrução de quem somos verdadeiramente. Aliás, a culpa é uma baita memória, já limpou ela hoje? Culpa, sinto muito, me perdoe, te amo, sou grata.
É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.
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