Inverno, hora de encontrar seu mundo interno
Estação mais fria do ano sugere momento de quietude e introspecção
Por Juliana Garcia
Em artigos anteriores, já falamos sobre o que as estações do ano podem nos ensinar se estivermos dispostos a aprender as lições da natureza! Conversamos sobre como a primavera pode nos convidar ao florescer de novos tempos, o verão a despertar nossa energia, e no outono podemos aprender mais sobre o desapego e a renovação. Agora vem chegando a estação mais fria do ano, na qual nos refugiamos e buscamos o aconchego do ambiente interno.
O solstício de inverno demarca a temporada em que as noites são mais longas que os dias, ou seja, estamos mais tempo na escuridão e no recolhimento. Em nosso país essa estação não é tão demarcada em todas as regiões, visto que estamos aqui embaixo nos trópicos. Não temos neve, só um friozinho mais suave!
O inverno pode representar os momentos de nossas vidas em que precisamos diminuir o ritmo para ouvir nosso mundo interno.
De qualquer maneira, observando os ciclos da natureza muito se pode aprender e muitas metáforas podemos trazer para nosso crescimento. Observar esses ciclos nos devolve à condição que muitas vezes esquecemos: somos seres que fazem parte da natureza!
Antes do inverno, veio o outono – que podemos pensar como sendo aquela estação da alma, onde somos convidados a desapegar de velhas ideias, atitudes, hábitos e relações que não eram saudáveis. Após o desapego, é natural chegar um período de introspecção, até para avaliar os ciclos passados, pesar o que se foi e o que ficou, não é verdade? As noites mais longas do inverno podem também servir de metáfora para momentos em que entramos mais em contato com a nossa sombra, ou seja, nossos aspectos escondidos, guardados a sete chaves, mas que podem revelar incríveis potenciais se perdermos o medo de encará-los de frente. O inverno pode representar os momentos de nossas vidas em que precisamos diminuir o ritmo para ouvir nosso mundo interno.
Inverno pede mais recolhimento
Na natureza, o inverno é um tempo de aparente morte. As árvores sem folhas, com galhos congelados, os animais escondidos em suas tocas, poucos sons, pouca luz. Porém, por trás dessa aparente morte, está a vida latente. As árvores perderam as folhas justamente para sobreviverem ao frio rigoroso e voltarem viçosas na próxima estação. O urso parece destinado ao derradeiro sono eterno. No entanto, está apenas hibernando, concentrando toda a sua energia para despertar em breve no clima mais favorável. O inverno pode nos trazer a imagem daqueles momentos na vida em que tudo parece inerte para quem está de fora, mas por dentro sentimos que é a quietude e a introspecção necessárias, que antecedem importantes movimentos na vida.
Estar aberto ao inverno é oportunidade maravilhosa de se conectar com o ciclo vida-morte-vida que rege tudo na natureza. Essa é a dança linda da vida, que nos assusta muitas vezes, mas que devia mesmo nos acalentar: essa é a certeza que temos, de que tudo se renova sempre!
Os tempos de inverno da vida nos parecem duros demais, mas se aceitarmos a dança, se aceitarmos que são períodos que podem nos ensinar muito e que podemos nos recolher para gerar energia, aí acontece o mais bonito e maravilhoso milagre da vida: depois do inverno, vem a primavera. Sempre! O desafio é aceitar o ritmo presente, aproveitar o melhor que ele tem a oferecer, aprender com o frio e a noite, assumir nossas faces integralmente, perceber a beleza de estar no aqui e agora e, em breve, tudo se renova, porque decidimos nos abrir à mudança!
Psicóloga graduada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), pós-graduada em Psicodrama pelo Instituto Mineiro de Psicodrama Jacob Levy Moreno, pós-graduanda em Análise Junguiana e Arteterapia. Trabalha temas ligados ao universo inconsciente dos sonhos, autenticidade, coragem e transições de vida. Especializada na condução de grupos de estudos do livro “Mulheres que correm com os lobos”.
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