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Por que tenho medo de ser feliz?

Vamos pensar sobre alguns motivos pelos quais nos privamos da felicidade e como mudar os pensamentos

Atualizado em

O medo de não dar certo, de fracassar, de errar ou de receber um não pode ter como base de fundo o medo de ser feliz. Você já se perguntou como seria se desse certo? O que faria? Como ficaria sua vida se fosse feliz?

Se permitir ser feliz é assumir para si e para o mundo a sua própria potência. É se abrir para a expansão de quem você é em sua verdade. Também é se permitir dar certo, encontrando novos caminhos mesmo quando se encontram barreiras. 

Você sente culpa, vergonha ou medo de ser feliz? A seguir, vamos pensar sobre alguns motivos pelos quais nos privamos da felicidade, nos comprometendo com um não interno inconsciente, mesmo quando o racional quer dizer sim.

Porque ficamos na nossa zona de conforto desconfortável

Aquele famoso lugar onde nos acomodamos mesmo quando não gostamos de estar ali é um lugar conhecido. Apesar de insatisfatório, você já sabe como funciona, o que acontece, quais defesas você pode utilizar pra sobreviver, que ferramentas servem ali e onde está pisando. 

Por mais desagradável, o conhecido é traduzido pelo cérebro como seguro. Afinal, nosso cérebro funciona sempre buscando nos defender pra sobreviver, e tudo aquilo que já “está cansado de saber como é” se torna um lugar de segurança. Bem ou mal, você sabe sobreviver ali. 

Por que temos medo de ser feliz?

A sensação de falta de repertório comportamental e emocional para lidar com o que não conhece pode ser assustador. É dessa mesma forma que viciamos o nosso olhar, dando significado para o que nos acontece a partir de situações passadas. 

O ciclo funciona mais ou menos assim:

  1. O cérebro busca o repertório aprendido que deu certo em algum momento para, então, poder se defender e se manter seguro. Eu falo mais sobre isso aqui no texto Defesas emocionais geram situações que você mais teme.
  2. Com isso, criamos hábitos enraizados em nós e viciamos nosso comportamento e nossas células com específicas químicas geradas por padrões de pensamento e emoções. Nesse sentindo, habituamos o nosso corpo e a nossa mente a um estado específico, e tudo o que nos tira desse lugar gera uma sensação de vazio e de estar no escuro. 
  3. Você não sabe como agir, o que fazer, quais os perigos estão ali. Por isso, os neurônios buscam as ligações já conhecidas e enviam a química que seu corpo está habituado a sentir. 
  4. Então, você sente novamente a sensação de que não é capaz, que não merece, vê a sua vida triste e abraça a tristeza de estar onde está. Sente medo de ser feliz.
  5. Faz amor com a queixa ao invés das novas soluções. Assim, nossa energia sexual, que nada mais é do que a nossa energia vital, em algum momento desse caminho, se conecta com o prazer no sofrimento. 
  6. Por isso, o processo de expansão dessa energia é bloqueado, diminuindo o espaço para a sua potencialidade em te fazer experienciar o sim e assumir o seu lugar no mundo.

E se eu for feliz e cair? 

Observo muito em meus atendimentos a tendência a ficar “deitado no chão”, sem aproveitar os momentos de felicidade e sucesso, por medo dos momentos de queda. É preciso que compreendamos algo: 

Vão ter momentos de baixa. Faz parte da vida os altos e baixos, a não linearidade, a dualidade. Isso apenas é sinal de que estamos vivos.

É como mostro nesse post aqui:

Assim como as batidas do coração oscilam, se a vida se tornar completamente linear e sem nenhum movimento, não estaremos mais vivendo. O que faz a diferença é a maneira com que lidamos com essas fases, tanto as altas como as baixas e médias. É a qualidade do nosso olhar pra vida e as ferramentas que utilizamos para seguir.

👉🏼Investigue o que, em você, está comprometido com o não pra vida, com o “melhor ficar aqui infeliz do que ousar algo novo”.

Pode haver também o medo da frustração. Frustrar a si mesmo, caso venha uma onda baixa, ou frustrar uma outra pessoa caso você não supra as suas expectativas (ou as expectativas que você imagina que o outro tem a seu respeito). Isso acontece com você?

Culpa, vergonha ou “não mereço” ser feliz

Pense sobre você:

  • Já observou uma culpa ou vergonha em estar feliz com a sua vida? 
  • Em estar satisfeita ou com a possibilidade de estar? 
  • Algum compromisso com a tristeza, como se isso legitimasse algum lugar em você? 
  • Ou a crença de que você só receberá amor se estiver triste? 

Às vezes, há uma crença inconsciente profunda que diz que se você for feliz, um castigo virá. Ou que você não merece e não está certo ser tão feliz assim. 

👉🏼Investigue as crenças escondidas em você e de onde elas vêm, de qual experiência que possa ter te marcado no passado.

Assuma-se

Ser feliz também envolve assumir ser quem você é no mundo com a sua potência. Com isso, pode vir o medo da rejeição e do abandono por poder ser quem é e correr o risco de não agradar. 

  • A quem você tem medo de desagradar e perder o amor caso seja você mesmo? 
  • Esse medo está com você desde quando? 
  • De onde vem e surgiu como? 

👉🏼Investigue as suas relações familiares desde a infância. Tem alguma dessas crenças morando nessa época?

O medo de ir além por lealdade familiar

Por último, quero pontuar algo muito comum: todos nós herdamos crenças do sistema familiar que carregamos em nós inconscientemente. Por exemplo, a crença na escassez ou a crença de que “se algo der certo, em seguida vem algo ruim”. 

Também observo, em grande parte dos meus atendimentos, uma crença limitante baseada em uma lealdade familiar inconsciente: não se sentir autorizado a “ir além” dos pais e fazer o seu próprio caminho. 

É como se seguir os seus próprios passos ou até mesmo prosperar mais do que o seu núcleo familiar fosse equivalente a dar as costas e deixar os familiares para trás. Isso não é uma verdade. Você veio ao mundo para seguir o seu próprio caminho e a melhor forma de honrar a vida que recebeu de seus pais é fazer algo de muito bom com ela. 

Quando podemos nos dar conta das principais crenças inconscientes que carregamos conosco, segurando o fluxo da vida e da felicidade, damos um grande passo para a ressignificação desses padrões e a abertura para novos caminhos.

👉🏼O processo psicoterapêutico é uma ferramenta chave que pode apoiar, trazer clareza e resoluções para a elaboração dessas crenças e padrões, abrindo espaço para o compromisso com o sim pra si mesmo e sua satisfação na vida.

Experimente esse exercício para trabalhar o medo

No dia 3 de maio, farei um encontro terapêutico online focado em dar suporte e ferramentas-chave para você ir além do seu medo, compreendendo e integrando tudo o que te paralisa ou gera angústia, para seguir o caminho que quer trilhar. Inscrições e informações aqui.

Luisa Restelli

Luisa Restelli

Psicóloga e Psicoterapeuta Corporal Reichiana. Realiza atendimentos no RJ e online, grupos terapêuticos para mulheres e palestras.

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