Misérias emocionais: como as relações familiares definem você
Pais muito rígidos, ausentes ou que, mesmo por perto, não demonstram interesse por seus filhos, geram filhos que não conseguem desenvolver relacionamentos saudáveis
Por Bruna Rafaele
Sabe aquelas famílias de muito silêncio e segredo, aquelas em que não se conversa sobre assuntos íntimos, como amor e sexualidade? Então, estas famílias, muitas vezes, são ninhos de misérias emocionais.
São relacionamentos que não apresentam muito investimento e amparo emocional, de forma que seus filhos sentem dificuldade em cultivar outros relacionamentos de uma maneira saudável.
O que são misérias emocionais
O termo que surgiu em uma consulta, em que um analisante usou para definir suas relações com seus parentes, que eram muito frios me fez pensar sobre o assunto.
Para essa pessoa, seus pais se preocupavam com o desempenho escolar dos filhos e com a saúde física deles, mas não pareciam se importar com o que acontecia por dentro, com emoções e sentimentos.
Causas
Pais muito rígidos, que cobram demais, que brigam demais, que são ausentes ou que, mesmo por perto, não demonstram interesse por seus filhos, e substituem o amor, o carinho e a atenção por celular ou outros objetos não facilitam que seus filhos sejam saudáveis emocionalmente.
Sabe aquelas crianças que aparentemente estão bem nutridas, sadias e têm “coisas”? Podem ser um exemplo de crianças infelizes, que vão crescer e viver relacionamentos muito infelizes também.
Consequências
Geralmente, pessoas que nascem em ambientes deste modo não conseguem ter uma boa relação com seu corpo, o que se intensifica no período da adolescência, quando o corpo e a mente começam a passar por mudanças devido aos hormônios.
Em muitos casos, filhos que nascem neste tipo de ambiente têm muita dificuldade para poder entender o que sentem e nem sequer sabem se exprimir.
Chorar, por exemplo, é algo inaceitável dentro deste ambiente, principalmente se for menino, o que leva à explosões através da raiva. É como se qualquer gota d’água provocasse o transbordamento para pessoas criadas neste círculo familiar.
Os pais que compõem estas famílias não conseguem dar carinho e afeto às crianças. Em muitos casos, o toque fica muito restrito às palmadas, que dividem a atenção com os gritos, impondo castigos ou mesmo há ausência de fala com as crianças.
Assim, os filhos tendem a não sentir amor-próprio, ter baixa autoestima e autocobrança excessiva. Se sentem incapazes de produzir algo bom o suficiente, tanto no ambiente estudantil quanto no profissional, fruto de um grande rigor nas suas relações afetivas com seus familiares.
Viver num ambiente deste modo gera muitas dores emocionais, traumas e vontade de mudar de casa, de cidade ou até de país pelo fato de querer fugir de si mesmo, de suas próprias origens – seus pais.
O que fazer quando se recebe misérias emocionais?
O primeiro ponto é aprender a não se sentir mal por ter nascido neste ambiente hostil aos seus sentimentos e à sua expressividade.
Descobrir como não ficar revoltado com o que seus familiares foram capazes de te oferecer é importante. Pode não ser fácil, mas é essencial entender que eles são pessoas que, em muitos casos, já passaram por esse ciclo como filhos e, infelizmente, não conseguiram sair do padrão familiar.
É crucial buscar a Psicanálise para trabalhar questões como insegurança, medo de se expor, fobia social e outros problemas relacionados à baixa autoestima para, principalmente, poder tecer relações de afeto saudáveis.
É doloroso demais viver uma vida sem ter aprendido a se exprimir, a errar e a trocar carinho e afeto com seus pais.
Isso gera grandes reflexos e cada pessoa pode trazer em si alguma marca dessas misérias emocionais, que lhe impedem de se sentir feliz, principalmente consigo mesmo.
É preciso perceber a situação e entender que o que você aprendeu em casa não precisa ser repetido. Tenha consciência do que você passou ou ainda vivencia e busque a Psicanálise para trabalhar suas questões vividas. Se for preciso, busque minha escuta ajuda analítica.
Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.
Saiba mais sobre mim- Contato: contato@brunarafaele.com.br
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