O Segredo do Anel e a história de Maria Magdalena
Romance histórico de Kathleen Mcgowan relata o encontro de uma jornalista com a figura mítica de Maria Magdalena e sua vida
Por Claudia Quadros
“O Segredo do Anel“, livro escrito por Kathleen Mcgowan, é um mergulho na história de Maria Magdalena, através do olhar da personagem principal chamada Maureen Paschal. Ela decide pesquisar a vida de mulheres da história que foram relegadas a um segundo plano.
Sua busca começa quando viaja à cidade de Jerusalém para realizar pesquisas e encontra um anel que será seu símbolo no resgate da história de Maria Magdalena e Jesus.
Maureen encontra sociedades secretas destinadas a guardar os segredos de Maria Magdalena, que foi excluída de uma das histórias mais importantes da origem do Cristianismo. Sua passagem pela França, mais especificamente na região de Languedoc, revela muitos mistérios, romances e locais pouco conhecidos do grande público.
A perspectiva da autora do papel de Maria Magdalena, como discípula e esposa de Jesus, é uma das abordagens hoje mais atribuídas ao arquétipo do feminino sagrado, onde o equilíbrio do feminino e do masculino estão presentes no casal sagrado do cristianismo (Jesus e Maria Magdalena).
Ela coloca Jesus como nosso Messias e Salvador, sem deixar de lado sua humanidade, sendo capaz de amar, casar e ter filhos. O romance “O Segredo do Anel” mostra várias passagens do Manuscrito de Maria Magdalena, ainda pouco divulgado, onde revela uma mulher iniciada nos mistérios egípcios, utilizando toda sua sabedoria para ser a companheira e parceira para divulgar a palavra de Jesus numa cultura patriarcal.
O romance fala que os dois estavam predestinados pelas famílias que arranjaram o casamento, como era costume dos hebreus, mas principalmente porque Maria Magdalena era tão iniciada quanto Jesus nos mistérios espirituais.
O Arquétipo do Feminino Sagrado
Durante séculos a imagem de Maria Magdalena foi associada a uma prostituta que lavou os pés de Jesus com seus cabelos, porem essa foi uma das distorções criadas para excluir a intimidade de casal ao messias.
Magdalena, não só representa a conexão do feminino sagrado numa relação com um homem, e esse também sendo um arquétipo do masculino sagrado, como relata Kathleen brilhantemente no seu livro, que o amor entre os dois representa a união das polaridades que carregamos dentro de nós.
Acredita-se que ela era uma princesa da Casa de Bethânia, Sacerdotisa do Templo de Isis e que ao casar-se com um descendente da linha de Davi; como Jesus; cumpriria uma antiga profecia.
Vista como pecadora e prostituta, ela passou a representar a sombra do feminino, seu lado negativo, em oposição à luz da Virgem Maria, pura e sem pecado original. Esta sombra afetou profundamente o psiquismo das mulheres, provocando muita culpa feminina em relação à sexualidade, pois a imagem seria uma mulher casta e sem desejo.
Ao longo de milênios, preconceitos disfarçados em religião foram transformados em acusações, maledicência, perseguição e violência, deturpando as verdades originais.
A figura de Magdalena está presente mais do que nunca nessa nova era que iniciamos agora, quando mulheres em todo o mundo buscam uma representação do divino feminino para orientar e manifestar sua sexualidade.
Das brumas do tempo ela ressurge, envolta em seu manto vermelho, segurando o cálice sagrado e ativando o arquétipo reprimido da nossa plena expressão como mulheres.
A Irmandade da Rosa é um dos seus protetores dessa sabedoria que ela tão calorosamente compartilhou com Jesus.
O meu encontro com a história de Maria Madalena
Essa história me impactou tanto que, em maio de 2018, resolvi percorrer todos os locais descritos no livro, que supostamente teriam sido percorridos por Maria Madalena, em busca do meu próprio olhar.
A região de Languedoc é um dos maravilhosos locais medievais, que guardam ruas de pedras e rios congelados. Segundo a autora, os cátaros, povo que vivia no sul da França durante a Idade Média, foram os guardiões da história vivida entre Cristo e Maria Madalena.
O livro “O Segredo do Anel” me serviu de guia e inspiração para ir além e tentar seguir os passos da personagem, buscando sempre a conexão com o feminino Sagrado da Rosa, irmandade guardiã desses segredos, que ainda existe na Europa.
Kathleen Mcgowan empregou 20 anos de pesquisas sobre personagens históricas e, embora o livro seja um romance ficcional, boa parte do que me foi possível vivenciar durante meus passos nas terras francesas me trouxe uma conexão profunda e maravilhosa com essa mulher, que sem dúvida foi, e ainda é, um arquétipo do feminino sagrado.
Psicóloga, mestra em educação e xamã matricial. Ministra workshops, palestras e vivências de auto desenvolvimento da consciência. Conduz grupos em experiências iniciáticas em retiros e viagens para locais sagrados pelo mundo.
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