Plutão no Mapa Astral: você sabe quem você é?
Planeta derruba certezas e revela o pior em nós, mas ensina a viver com o essencial
Por Marcia Fervienza
“Você sabe quem você é?” Esta será a primeira pergunta que uma presença relevante de Plutão no seu Mapa Astral (faça aqui uma versão gratuita) lhe obrigará a fazer, seja através dos ângulos ou em contato tenso com seus planetas pessoais.
Assustadores para muitos, mas profundamente enriquecedores, os trânsitos de Plutão colocam em evidência nossas debilidades mais profundas, com o fim de nos fortalecer. Senhor das trevas, Plutão conhece a nossa sombra, aquela parte nossa que escondemos até de nós mesmos, e que, por estar escondido, se constitui em uma fraqueza.
Plutão em trânsito vai e toca justamente onde somos mais fracos, para fazer cair aquelas máscaras que colocamos socialmente e que, de tanto usar, acabamos acreditando nelas. Somos fortes, poderosos, imbatíveis e analisados, até Plutão colocar tudo isso em questão.
Quando a vida se torna um livro aberto
Por Plutão ser dono daquilo que é inconsciente, os processos terapêuticos – especialmente aqueles baseados em Freud, que usam o inconsciente como elemento principal de informação e condução da terapia – costumam avançar tremendamente em quem tem esse planeta em destaque no mapa, seja por trânsito ou por casa astrológica.
Muita coisa vem à tona, às vezes mais do que é suportável administrar. Neste caso, entra em jogo a competência do especialista. Plutão traz à tona, mas deixa o lixo à céu aberto para que seja decantado e elaborado. Com essa exposição apenas, sem a presença de um terapeuta competente, a pessoa pode olhar para aquilo e se perguntar: e agora, o que eu faço com tudo isso que descobri?
Plutão traz à tona, mas deixa o lixo à céu aberto para que seja decantado e elaborado.
Máscaras caem, tanto nossas como alheias, e mentiras são reveladas. Muitas vezes nos damos conta de que não podemos contar com ninguém além de nós mesmos; vemo-nos profundamente sozinhos. Mas descobriu em relação a que? Depende do trânsito em questão. Trânsitos pelo ascendente (casa 1) e pelo descendente (casa 7) evidenciam tudo sobre nós, os outros e a nossa forma de nos relacionarmos com eles.
Estas descobertas, sem a devida elaboração, podem produzir fobias, ansiedades patológicas e distúrbios psicológicos decorrentes de uma sobrecarga emocional e cognitiva, em que nos vemos diante de muito mais do que aquilo que podemos administrar.
Plutão põe todas as certezas em xeque
Quando o trânsito plutoniano ocorre pela casa 4 (fundo do céu) ou pela casa 10 (meio do céu), podemos descobrir coisas do nosso passado ou de nossa família de origem que desenterram muitas emoções desconhecidas e acabam por nos fazer mudar nosso caminho de vida, ou dão outro rumo à nossa carreira.
Tudo em que acreditávamos sobre nossa própria vida, nossas certezas, aquilo que havíamos desenhado para nós mesmos como destino, é questionado. Somos obrigados a parar e repensar tudo, deixando muita coisa para trás e nos transformando profundamente.
Aliás, essas são duas palavras fundamentais em trânsitos de Plutão: transformação e desapego, “deixar para trás”. Se renunciarmos ao que não é verdadeiro, o processo é mais fácil. Se nos agarrarmos, possivelmente o que considerávamos fundamental nos será arrancado sem dó nem piedade, e seremos obrigados a encontrar uma forma de viver sem aquilo.
Você deve saber quem você é, sem essa pessoa, esse trabalho, esse ambiente e essa situação em que você se encontra.
Uma delas, senão a principal, é a do autoconhecimento. Como dizia a pergunta inicial, você deve saber quem você é, sem essa pessoa, esse trabalho, esse ambiente e essa situação em que você se encontra. Você sabe quem é diante deste segredo terrível que guarda? Sequer se imagina sem o suporte com o qual sempre contou? E quando tudo aquilo sobre o qual você construiu seu mundo se perde, quem é você?
Daí a associação de trânsitos de Plutão com mortes – não necessariamente a morte física, mas a morte de tudo aquilo que não é verdadeiro e fundamental. No entanto, não é incomum que ocorram mortes, especialmente na vida de quem não consegue se desapegar, que resiste às tendências do trânsito.
E aí, você precisa descobrir. Plutão nos deixa sem quase nada, mas existe uma coisa que ele não nos tira: nós mesmos! Com sua foice feroz, ele ceifa tudo que não é fundamental, para que possamos descobrir nossa força interna real, para que possamos descobrir do que somos capazes sem toda aquela máscara e fantasia.
Seu objetivo é que, ao sermos confrontados com nossa sombra, possamos integrá-la em nossa personalidade e trazê-la para a luz, tornando-nos mais fortes, mais donos de nós mesmos, mais verdadeiros. Freud dizia que não somos donos nem de nós mesmos, porque somos dominados pelo nosso inconsciente (Plutão).
O que Plutão em trânsito faz é tornar consciente esse inconsciente que nos domina, nos sabota e nos priva do contato com a nossa verdadeira essência.
Enxergando a riqueza e aprendendo a viver com nossos monstros
É verdade, inicialmente tudo isso causa muito medo. Mas uma vez que abrimos a porta do armário e trazemos o monstro para a luz, depois da devida batalha para compreender do que ele se trata, nos tornamos incrivelmente fortes e aptos para ter uma vida próspera.
Sim, porque Plutão rege o subterrâneo e, como tal, os minerais. Logo, ele também representa riquezas, não só subjetivas como materiais. Assim, um trânsito de Plutão importante e bem elaborado, em que o desapego foi conquistado e a própria iluminação foi posta em caminho, costuma trazer um futuro próspero nos âmbitos material e financeiro.
Quando descobrimos do que realmente precisamos para viver, ele nos entrega todo o supérfluo de que não precisamos mais. Porque, afinal, seu objetivo nunca foi deixar-nos miseráveis, emocional ou materialmente. Seu propósito sempre foi que aprendêssemos a diferenciar o importante do supérfluo para, uma vez donos de nós mesmos, estarmos aptos a conquistar o mundo.
Astróloga e terapeuta há mais de 20 anos. Associa sua experiência com aconselhamentos analíticos ao trabalho com Astrologia para facilitar o autoconhecimento, o empoderamento e a transformação pessoal.
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