Quíron na Astrologia: a visão de quem não utiliza este ponto na leitura do Mapa Astral
Entenda os significados de Quíron na Astrologia e por que alguns astrólogos podem não usá-lo na análise de um Mapa Astral
Por Alexey Dodsworth
Atalhos
Primeiramente, saiba que Quíron na Astrologia é um ponto divergência e alguns profissionais não usam esse ponto na análise de um Mapa Astral.
Quando falamos em “Quíron”, é importante destacar que os astrólogos que usam esse objeto se referem especificamente ao corpo cujo nome técnico é “2060 Quíron”, descoberto em 1977 pelo astrofísico Charles Kowal.
Inicialmente, acreditava-se que se tratasse de um asteroide, do modo como alguns astrólogos o incorporaram ao sistema de interpretação de Mapas Astrais, com alguma razão.
Há um movimento astrológico que busca incorporar asteroides de tamanho significativo a mapas astrais e, por isso, há astrólogos que usam Ceres, Vesta e outros corpos menores.
A suposição inicial sobre Quíron se revelou, contudo, equivocada. As peculiaridades de Quíron na Astrologia fazem-no muito mais próximo de cometas, como, por exemplo, o fato de que ele cria uma cauda quando se aproxima do Sol.
A cauda se manifesta por evaporação do material congelado que constitui o corpo. Por isso, renomeou-se tecnicamente como “95P/Quíron”, um cometa.
Quíron já gerou confusão astronômica
Alguns astrônomos propõem que Quíron integre um conjunto de corpos denominados “centauros”, termo dado a objetos cujo comportamento é algo entre um asteroide e um cometa, mas mais próximo ao segundo.
Ao longo da história, Quíron já causou bastante confusão astronômica. Houve uma época, por exemplo, em que se pensou que ele tivesse sido engolido por Júpiter ou que tivesse sido catapultado para fora do sistema solar. E isso pode acontecer. Cometas não gozam da mesma estabilidade de planetas.
Há muitos outros cometas no sistema solar. Apenas no cinturão de Kuiper, após a órbita de Plutão, temos mais de 35 mil cometas.
Se considerarmos também os cometas da nuvem de Oort, nos limites do Sistema Solar, subiremos os números para trilhões de cometas. Assim, se quisermos reduzir o número e considerarmos apenas os tipos de cometas conhecidos como “centauros”, que são da família de Quíron, teremos quase cem objetos.
Por que Quíron na Astrologia é especial?
Se há tantos cometas em nosso sistema, o que faz Quíron ser tão especial a ponto de ser considerado em interpretações astrológicas, enquanto outros corpos do mesmo tipo seguem absolutamente ignorados?
Há algumas respostas para isso. A primeira tem a ver com a mística do nome. “Quíron” se refere a um personagem da mitologia grega cuja história é muito tocante: o centauro curandeiro que pode curar a todos, exceto a si mesmo.
A segunda diz respeito ao fato de que, no começo dos anos 1980, o mercado editorial estava saturado de livros de Astrologia que falavam sempre sobre as mesmas coisas. Houve pressão para produção de novidades.
Tenho perfeita lembrança disso porque o mercado pressionava: “fale de outra coisa, chega de Ascendente, chega de Vênus, o que tem mais para inventar?”.
Isso pegou com força nos Estados Unidos e o Brasil comprou a pressão. Quíron, na época, era uma excelente novidade: sua descoberta causou alarde e a mitologia envolvendo seu nome era atraente.
Na época, pensava-se que Quíron fosse um novo planeta. Para decepção geral, reclassificou-se como asteroide. Em seguida, foi entendido como um cometa.
Vários astrólogos passaram a utilizar esse objeto em suas interpretações e muitos até hoje dizem, equivocadamente, que se trata de um asteroide.
Porque eu não uso Quíron
Eu não integro o time dos que usam Quíron, pelas razões expostas a seguir:
1) Se vamos usar Quíron na Astrologia, por que não todos os cometas do sistema solar?
Mesmo que reduzamos o número de cometas e decidamos usar apenas os centaurídeos, ainda teremos algumas centenas de corpos: Ceto, Pélion, Bienor, Nesso, Asbolo, Folo, Diorétsa, Tereu…
Haverá tantos objetos no Mapa Astrológico que será impossível lê-lo em uma vida.
Um deles tem um nome muito bonito: Narciso. Por que não vemos astrólogos interpretando em que casa ou signo está Narciso? Há de se ter algum critério para usar determinados corpos e não dar muita importância a outros.
Quando alguém me pergunta “por que você não usa Quíron?”, como se isso tivesse alguma importância, eu devolvo a pergunta: “e por que você não usa Folo, Tereu, Pélion…?”.
São objetos do exato mesmo tipo. Alguns são até maiores do que Quíron e com órbitas menos confusas!
2) Os planetas usados em Astrologia, do Sol até Saturno, tiveram seus nomes dados de acordo com suas qualidades
Naquela época, há mais de cinco mil anos, Astronomia e Astrologia eram uma coisa só. Esse processo não se deu com Quíron. Não houve uma observação de suas qualidades para depois conceder um nome.
Foi ao contrário: astrônomos deram um nome, como poderiam ter dado qualquer outro para, em seguida, astrólogos passarem a usá-lo como um ponto de análise importante.
3) Evito qualquer interpretação que se aproxime de uma leitura fria
O que é leitura fria? É quando se diz algo de modo tão vago que, no fim das contas, se encaixa em qualquer um.
Até hoje, não me dei por satisfeito com nenhum livro que oferece interpretações sobre Quíron. Não realizou-se uma pesquisa sobre o corpo.
O que se faz é uma interpretação que considera a mitologia de Quíron só porque a União Astronômica Internacional deu esse nome ao objeto.
Um objeto, aliás, que, por suas características de cometa, evapora mais a cada vez que se aproxima do Sol. Ganha um doce quem adivinhar o que vai acontecer com o tempo.
4) Por fim, a principal razão: nunca precisei usar Quíron
Mesmo considerando as interpretações disponíveis nos livros sobre o assunto, não há nada ali que não possa ser dito por outras posições astrológicas seguras.
Em Astrologia, eu uso o que tradicionalmente funciona. Eu uso o que eu tenho segurança de que funciona.
Na verdade, até já sou experimental o bastante por me valer de Urano, Netuno e Plutão, cujas descobertas ocorreram há tão pouco tempo.
Mais experimental ainda ao considerar Plutão, que na verdade não é um planeta, mas um planeta-anão, categoria que envolve outros corpos como Makemake e Eris – que, acho eu, deveriam ser considerados e espero que alguém algum dia os estude dedicadamente.
Até lá, continuarei a devolver a pergunta sempre que me perguntarem “por que você não usa Quíron na Astrologia?”:
– E por que não Crantor, Equeclo, Âmico, Cílaro, Orius, Riphonos…?
São 90 centauros astrais a serem incorporados, e esse número só cresce.
Desejo sorte e sucesso a quem quiser incorporá-los. E desejo tempo. Vão precisar, se forem falar de tudo isso em uma sessão astrológica.
Astrólogo e autor de análises de Astrologia, Tarot e Runas do Personare. Sua afinidade com temas esotéricos se alinha com sua defesa à liberdade de saberes, sejam eles científicos ou não.
Saiba mais sobre mim- Contato: alexey-revista@personare.com.br