Retomar a vida depois de lidar com a morte
Constelação Sistêmica permite aceitar e dar um lugar de honra ao que chegou ao fim
Por Isabela Borges
Faz parte da vida passar por grandes perdas. Mais cedo ou mais tarde, elas chegam fechando ciclos. A forma de lidar com a morte e com as perdas faz muita diferença na continuação do no nosso percurso.
Não importa o quanto amamos e o quanto queremos estar perto da pessoa amada. A morte chega e leva embora a convivência, a voz e o gesto. Ficamos apenas com a presença do vazio.
E precisamos de tempo para lidar com a morte e ir preenchendo de vida este espaço que foi aberto. Não que iremos esquecer ou às vezes nem queremos esquecer, mas passamos a conviver com outras coisas que aos poucos vão nos distraindo.
Lidar com a morte de outros relacionamentos
Da mesma forma, encontramos a morte em muitas outras ocasiões. No fim de um relacionamento afetivo, em uma mudança de cidade, na saída do emprego, no divórcio dos pais.
O falecimento da mãe ou do pai, ou mesmo dos avós, também são impactos imensos em nossas vidas, não importando a idade em que aconteça. Porém, para os jovens e crianças, essas perdas podem ser ainda mais dilacerantes.
E como convivemos com a ausência? Como vamos lidar com a morte?Permitimos voltar para a vida, agora diferente, ou nos prendemos ao passado, naquilo que se foi? Será traição continuar em frente?
Aceitamos o destino e as despedidas ou resistimos ao movimento da vida que segue? Será que se eu amar de novo estarei traindo quem antes amei?
Lidar com a morte do que não aconteceu
E a morte daquilo que não foi? Do sonho da gravidez que não aconteceu, da viagem que não foi realizada, do emprego que não foi alcançado, do relacionamento que não foi vivido. Tantas mortes de sonhos…
O que muitas vezes é difícil entender com o coração é que a morte e as perdas fazem parte da vida e que também são vida! Mas quando a dor que as envolvem é muito grande, esquecemos que esta é uma das faces da natureza.
A morte, por seu princípio, sempre dá lugar à renovação.
A Constelação Sistêmica permite dar lugar de honra no nosso coração e na nossa história ao que foi finalizado. E, então, podemos compreender melhor o curso da vida e aceitar o que aconteceu para seguirmos em frente.
Lidar com a morte para viver novos começos
O que vem depois nunca irá ocupar o lugar do que veio antes. Esta é uma das Leis do Amor que Bert Hellinger observou e trouxe como fundamento da Constelação Sistêmica. Honrar cada experiência de vida e encontro libera para novos começos.
Isso inclui casamentos, por exemplo. Muitas vezes, as separações são dolorosas e as pessoas preferem tratar a relação findada como algo de menor importância, ainda mais se são suprimidas por novos relacionamentos.
Porém, se não há o reconhecimento da história anterior, a dor abafada daquele relacionamento tende a retornar até que esta encontre novamente a fluidez amorosa. Não refiro ao retorno do relacionamento em si, mas dos sentimentos feridos que reaparecem em outras dinâmicas.
Mesmo se não for com os próprios envolvidos, algum membro da família, ainda que posteriormente, lembrará do que foi esquecido e reviverá as mesmas dores como uma homenagem a este amor machucado. Quando esses casais têm filhos, as consequências são ainda mais agravadas.
Quebramos ciclos de dores ao dar o devido lugar a cada experiência de vida, ao respeitar cada história, a reconhecer a importância de cada relacionamento realmente significativo que passou por nosso caminho.
Uma história de amor
Uma vez constelei uma mulher que tinha dificuldades para lidar com o pai depressivo e ainda corria risco de sofrer depressão em idade mais avançada.
Iniciamos a constelação e ao entrarmos no campo, surgiu o núcleo de tamanha tristeza: sua bisavó paterna, mãe de sua avó, casou-se muito nova e teve quatro filhas. Morreu também muito cedo, deixando as quatro ainda muito crianças.
O bisavô logo casou-se novamente e teve mais 8 filhos. Aquela bisavó foi esquecida. Talvez as circunstâncias do segundo casamento não permitiram ao bisavô reconhecer seu primeiro amor e dar o devido lugar em seu coração.
Quando a constelação a trouxe de volta ao lugar de primeira esposa, abriu-se a possibilidade de novos começos para seus descendentes. A tristeza não precisava mais se fazer presente no lugar da lembrança da bisavó.
Minha surpresa aconteceu no dia seguinte, quando essa cliente me ligou contando que a constelação ocorreu exatamente no dia do aniversário da bisavó!
É assim que o movimento da vida entra novamente em ordem e aprendemos a honrar cada história, cada experiência em sua integridade, destino e beleza. Abrir-se para aceitar o que finalizou é abrir para o que virá a ser.
Por que o Dia de Finados é bom para trabalhar as perdas?
Se você se identifica com alguma dessas colocações, esse momento é muito bom para transformar sua vida! Pode ter sido uma perda recente que aconteceu, nem tão recente ou mesmo há muito tempo.
Às vezes levamos anos, décadas para superar uma grande dor. O fato é que se houver algum sentimento que o impeça de se abrir para o novo, algo do passado pode estar ainda no presente e liberar esta questão é virar uma página em sua vida.
Segundo os conhecimentos da Astrologia, estamos com o Sol sob o signo de Escorpião, o guardião dos atributos da morte e renascimento, regeneração, poder pessoal, magnetismo, sexualidade. A escolha do Dia de Finados, que foi o motivo de eu discorrer sobre este tema, está intimamente ligada ao signo.
Durante esses dias de Escorpião, enquanto o Sol se levanta na linha do horizonte, ele nos convida a transformar, a mergulhar em nossas águas profundas, a acessar o que está guardado para trazer à tona vida regenerada.
Terapeuta especializada em terapias transpessoais constelações sistêmicas, astrologia, tarô e Reiki Integrado. Os atendimentos podem ser pontuais ou em processos terapêuticos e promovem o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal.
Saiba mais sobre mim- Contato: alquimiadacura@gmail.com
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