Rompendo o cordão umbilical
Evite a superproteção estimulando a individualidade das crianças
Por Maria Cristina
Ser mãe é um desafio que a grande maioria das mulheres deseja enfrentar durante sua vida. Imagine o que é ter um ser se desenvolvendo dentro de você. Apenas quem já passou por essa experiência sabe o turbilhão de sentimentos que a acompanha. “Qual será o sexo do bebê? Será saudável? Será que serei uma boa mãe? Será que conseguirei dar o melhor para essa criança?”. Essas são algumas dúvidas que geralmente assombram as mães de primeira viagem. Mas são hipóteses apenas, não sabemos como será o futuro. Enquanto a criança está na sua barriga, você consegue protegê-la. Só depende de você afinal.
O que fazer, então, quando chega a hora da separação? Essa criança que esteve com você durante nove meses agora está exposta aos riscos que o mundo oferece. Por enquanto ela ainda precisa de você, mas logo isso deixará de ocorrer. O tempo passa muito rápido. Nesse momento as mães precisam se conter para não colocarem seus filhos em uma redoma de vidro imaginária, para tentar protegê-los do mundo. O pai é um ótimo mediador nesses casos. Quando não há a figura paterna, outros que fazem essa função são importantes para ajudar nessa ruptura que naturalmente deve ocorrer entre a mãe e a criança.
Aprendendo a lidar com as expectativas
Outro cuidado que se deve ter nessa fase é não projetar nessa criança todas as nossas expectativas. “Esse garoto será um campeão…”, “Veja como é linda, nasceu para brilhar!”, “Ela terá tudo que eu não tive!”. Essas projeções são perigosas e podem gerar adultos frustrados e ansiosos ao tentar cumprir o que os pais determinaram.
Precisamos nos lembrar que também já fomos filhos (as) um dia. E que por mais que os pais tentassem nos dizer o que fazer e qual o melhor caminho a seguir, no final, a escolha é sempre nossa. Sendo assim, as mães que iniciam esse novo papel, devem lembrar que a individualidade dos filhos é fundamental e inevitável. Melhor aceitar que o cordão umbilical se rompeu e buscar transmitir a criança que ela sempre terá alguém em quem confiar. Não há uma fórmula do sucesso, nem um manual para acertamos sempre. Aliás, o erro é importante para um melhor aprendizado.
O primordial é que essa criança saiba que a mãe não irá aprisioná-la, mas estará sempre ao seu lado quando for preciso. Com isso, não estaremos gerando alguém para se tornar nossa eterna companhia, e nem simplesmente, mais um ser para o mundo. Mas sim, contribuindo para que futuramente, o mundo conte com a presença de um adulto cheio de autoconfiança, autoestima e responsabilidade, porque assim foi criado e estimulado.
Precisamos reconhecer a individualidade da criança, mas devemos lembrar que a liberdade é importante, tanto quanto os limites o são. Dizer “não” quando necessário, também é essencial para o desenvolvimento de seu filho.
Questione-se
As mães podem se perguntar se estão fazendo o suficiente para promover a individualidade de seus filhos. Sendo assim, algumas questões são importantes para verificar se estamos estimulando a autoestima, autoconfiança, auto-observação e responsabilidade nas crianças.
Nas duas últimas semanas…
- Eu tive tempo para conversar e fazer algumas atividades com meu filho, sem pressa para encerrar logo a interação?
- Eu ensinei meu filho a fazer alguma coisa?
- Eu saberia dizer quais atividades meu filho gostaria de fazer em minha companhia?
- Eu lhe dei alguma forma de atenção, carinho, sem exigir antes nenhuma forma de comportamento adequado?
- Eu lhe impus alguns limites que considerei necessários?
- Eu menti ou minimizei informações sobre as possíveis consequências de um comportamento? (Exemplo: “Fique tranquilo, injeção não dói nada”).
- Eu insisti em acompanhá-lo em situações que ele poderia (e deveria) enfrentar sozinho?
- Eu perguntei o que ele tem feito e como tem se sentido?
- Eu sugeri para ele (a) observar seus próprios comportamentos com as outras pessoas e como elas reagem ao que ele diz e faz?
- Eu estimulei meu filho a falar das coisas desagradáveis que tem ocorrido com ele, sobre os sentimentos que elas desencadearam e como as tem enfrentado?
É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.
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