Superproteção afeta desenvolvimento infantil
Pais devem proteger os filhos, mas na medida certa
Por Sylvio de Barros
Zelo, proteção e carinho são três qualidades que todo pai e mãe quer transmitir ao seu filho. Aliás, a preocupação dos pais vai desde o amparo contra doenças até à atenção para que a integridade da criança seja mantida em todos os sentidos. Além disso, dia após dia somos bombardeados com notícias sobre violências e demais perigos que assolam nosso país e mundo e, consequentemente, geram inseguranças em todos nós.
Estes fatores aumentam as aflições dos pais, fazendo-os, algumas vezes, despertar uma superproteção. Cuidados são necessários, mas essa função de protetores e zeladores pode ultrapassar os limites e atrapalhar o desenvolvimento da criança.
Antes de tudo, é importante entender que a criança precisa explorar o que o mundo tem a oferecer. Claro que isso deve ser feito com toda a observação de seus responsáveis. Mas, para isso, ter equilíbrio é a melhor atitude. Às vezes, cuidados exagerados podem impedir o desenvolvimento saudável dos pequenos. Por exemplo, quando os pais cercam os bebês com excesso de cuidados, as crianças costumam demorar mais para andar com firmeza.
Um dos fatores que contribui para o crescimento infantil é a prática de exercícios físicos E geralmente esta oportunidade é negada à criança superprotegida. Nesses casos, os pais alegam medo de acidentes, lesões ou doenças. Mas é importante reforçar que uma criança sob estas condições poderá crescer menos que outra que pratica esportes.
Liberdade faz bem
Para ter uma ideia básica sobre os benefícios para uma criança que brinca e explora o mundo, posso dizer que elas passam a ter certa imunidade a vermes e bactérias, por exemplo. Claro que isso não significa que os pais devam “largar” seus filhos, deixando-os sem agasalho, com fome e desprotegidos. É necessário entender, por mais difícil que isso seja, que toda criança precisa aprender, explorar, conhecer e descobrir o mundo. Pais, o mundo não é uma bolha! Criança que sofre limitações pode se tornar um adulto inseguro, dependente e cheio de medos.
Permitam que suas crianças vivenciem experiências únicas e saudáveis para a sua faixa etária. Amor e atenção devem estar presentes no laço entre pais e filhos, mas amar é também permitir que a criança descubra o que o mundo tem a lhe oferecer.
Amor e atenção devem estar presentes no laço entre pais e filhos, mas amar é também permitir que a criança descubra o que o mundo tem a lhe oferecer.
Dê ao seu filho a oportunidade de crescer como pessoa, de poder enxergar o mundo com seus próprios olhos, de viver momentos mágicos, encontrar desafios e novas descobertas, superar seus medos e inquietações. E não se esqueça de que privar e superproteger interfere no progresso, seja físico ou psicológico da criança.
Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e diretor da MBA Pediatria . http://www.mbapediatria.com.br
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