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“Tenho raiva de mim mesmo”: você já sentiu essa sensação?

O que você precisa fazer para colocar em ação o que tem que fazer?

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“Tenho raiva de mim mesmo”. Quantas vezes você já sentiu isso? Muitas vezes, sabemos o que temos que fazer para mudar essa sensação, mas simplesmente não conseguimos! Para abordagem psicoterápica do Sistema Interno Familiar, a nossa mente é composta por uma multiplicidade de personalidades que chamaremos de “partes”. Elas são formadas ao longo da nossa vida e conduzem nossos comportamentos.

Entendemos como se fossem subpersonalidades, dentro de um único indivíduo que têm emoções, sensações, atitudes e até mesmo formas de pensar diferentes entre si. Algumas dessas partes são mais frágeis, dependendo da época que “nasceram” em nós e em que situação de vida estávamos, muitas foram geradas em situações adversas que passamos na infância.

Outras partes, surgem com o objetivo de nos proteger, gerenciam a nossa vida, cumprem uma agenda, ou seja, possuem uma lista de tarefas com a ilusão que se essas tarefas forem executadas, nada sairá do controle e as emoções não virão à tona e nem transbordarão.

Porém, essas partes, que chamaremos de gerentes, também falham. E quando nossas emoções mais “escondidas” e “protegidas” são tocadas, emergem imediatamente outras partes para “salvar” o indivíduo. Esses são verdadeiros “bombeiros” que existem para “tentar” apagar o fogo que se inicia ao ser tocadas as feridas mais profundas. Essas partes agem por meio de comportamentos impulsivos que acabam por serem atos impensados, o que pode colocar em risco a saúde e vida da pessoa, com comportamentos compulsivos, o uso de substancias psicoativas, ingestão de comida e bebida exageradas, práticas sexuais arriscadas e etc.

Você já se considerou seu pior inimigo?

Uma das hipóteses para esse tipo de pensamento/comportamento é que um “gerente” quer cumprir sua tarefa e fica com raiva da parte “bombeiro” que só quer apagar a dor que a pessoa está sentindo.

Mas na verdade todas as nossas partes têm o único objetivo: diminuir a angústia e a dor que sentimos. Elas só querem nos ajudar. Porém, os meios para conseguir isso, às vezes, nos prejudicam e atrapalham mais porque são feitos de forma repetitiva, seguindo comportamentos aprendidos de forma disfuncionais no passado.

No processo psicoterápico, buscamos, primeiramente, mapear nossas subpersonalidades, identificar quando cada uma das partes que assume o lugar de liderança e promove a descarga das emoções de forma adequada.

Vamos dar um exemplo prático: no caso do luto, que sempre é um processo muito dolorido, temos que desinvestir uma energia que estava direcionada a uma pessoa, nos apropriarmos dessa força e redirecionamos para outras pessoas ou situações. Porém, o processo natural tem um tempo padrão. Quando prolongado, provavelmente é porque fomos tocados  em uma parte frágil nossa. No caso de uma pessoa que perdeu a mãe, é natural que sinta a perda, sofra, chore e leve anos para conseguir se recuperar d a sensação de a vida ter acabado. Muitas pessoas, nesse caso, têm vontade de morrer também porque a vida não tem mais sentido. Pode ser que quem está sentindo essa dor, seja a criança interna e não o adulto.

Somente uma criança é ameaçada em sua vida com a morte de seus pais, no ciclo natural da vida, a morte faz parte e é esperado que aconteça com nossos antecessores. Podemos entender essa dinâmica emocional em relação ao divórcio também – que é considerado uma forma de luto.

Danielle Pinheiro

Danielle Pinheiro

Danielle Pinheiro, Psicóloga, Mestre em Psicologia (UFF), pioneira, no Brasil, como Terapeuta do Sistema Interno Familiar. Possui mais de 10 anos de experiência clínica nas áreas de compulsões, fobias, ansiedade, dependência química e afetiva.

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