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Teoria Integral: ferramenta para uma vida melhor

Abordagem ajuda a encarar desafios, ter relações mais saudáveis e sociedade justa

Atualizado em

Cada vez é mais comum vermos pessoas em busca de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal. E com o advento da globalização, os mais diversos tipos de informação e conhecimento podem ser acessados por nós, independente do local em que vivemos. Ou seja, neste exato momento, a soma total do conhecimento humano está disponível para nós – incluindo a sabedoria e a reflexão das antigas tradições aos mais modernos avanços científicos.

Já imaginou como seria se você fosse capaz de pegar o que há de melhor para o seu desenvolvimento mental, espiritual, físico e emocional dentro de todo esse conhecimento já produzido? Que descobrisse um mapa abrangente, composto de diversos elementos oriundos das mais diferentes fontes de conhecimento e pudesse utilizá-lo para seu autoconhecimento e desenvolvimento?

É exatamente isto que a Teorial Integral, criada pelo grande pensador Ken Wilber, objetiva fazer. Recorrendo à ciência, à religião, à psicologia, ao desenvolvimento humano, à filosofia e a dezenas de outros campos, esta abordagem é um modelo revolucionário para a compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos.

Teoria Integral: para que serve e como funciona?

Ken Wilber, após anos de estudo sobre o ser humano e recorrendo a renomes como Buda, Einstein, Freud, Jung, Goleman, Piaget, Aurobindo, Kegan e muitos outros, criou uma “Teoria Integral de tudo”, uma metateoria composta de diversas teorias, um mapa formado a partir de outros mapas, que nos ajuda a ter uma nova compreensão do ser humano e da realidade que o circunda. Seu objetivo é integrar os conhecimentos para sermos pessoas mais plenas nesse mundo de pluralidades.

Seu objetivo é integrar os conhecimentos para sermos pessoas mais plenas nesse mundo de pluralidades.

Este mapa é composto de 5 elementos simples e profundos, capazes de nos ajudar de forma holística e sustentável em nosso desenvolvimento pessoal. São eles: os quadrantes, as linhas, os níveis, os estados e os tipos. Estes 5 elementos não são apenas conceitos teóricos, mas aspectos de nossa própria experiência, atributos de nossa consciência que co-ocorrem em todo e qualquer momento.

Uma breve descrição de cada um deles:

  1. Quadrantes: são as quatro dimensões da realidade, as quatro perspectivas nas quais tudo na vida acontece. Tais perspectivas são formadas por duas distinções fundamentais: interior/exterior e individual/coletivo. Quando juntamos essas duas distinções, criamos 4 quadrantes: 1 Individual Interior, 1 Individual Exterior, 1 Coletivo Interior e 1 Coletivo Exterior. No Individual Interior está tudo que diz respeito ao nosso “Eu Interno”, como nossos valores, sentimentos, pensamentos, anseios. Já no Individual Exterior estamos falando do “Eu Externo”, ou seja, o nosso corpo físico, as nossas ações no mundo, tudo que alguém quando nos olha de fora consegue enxergar. No Coletivo Interior estamos falando da nossa subjetividade, são os relacionamentos internos, a cultura, as trocas intangíveis e o jeito de ser de um grupo. Para conhecer bem essa subjetividade, você tem de fazer parte do grupo. Por fim, temos o Coletivo Exterior, que são todas as estruturas e sistemas externos que permli que o grupo exista e se relacione, o que inclui desde o ambiente físico no qual estamos, como as regras estruturais para vivência comum, ou mesmo um sistema de vendas, por exemplo, que permite uma empresa operar.
  2. Linhas: são as famosas inteligências múltiplas, as áreas específicas em que o crescimento e o desenvolvimento podem ocorrer. Por exemplo, temos a inteligência interpessoal que diz respeito a nossa capacidade de nos relacionar, a inteligência emocional que fala da forma com que lidamos com nossas emoções, a inteligência cognitiva que diz respeito a nossa capacidade de ver em diferentes perspectivas, a nossa inteligência espiritual, a inteligência moral e assim por diante. Ken Wilber identificou 24 linhas diferentes!
  3. Níveis: são os diversos níveis através dos quais nossa consciência evolui ao longo da vida. Segundo a Teoria do Espiral da Consciência, nós todos nascemos num primeiro nível que é bem preso ao nosso “Eu Egóico” e vamos evoluindo ao longo da vida no caminho de uma abertura em relação ao “Todo Não Dual”. Em outras palavras, é como se começássemos muito focados em nós mesmos e na nossa subsistência, como um bebezinho que vive em prol de satisfazer as suas necessidades, e ao longo da vida fossemos nos abrindo para os outros e para o mundo até um nível de total iluminação e conexão com o universo.
  4. Estados: são formas temporárias, mutáveis e às vezes intensificadas de consciência (como: vigília, sonho, sono profundo, estados meditativos ou experiências de pico).
  5. Tipos: são nossas diferenças horizontais, aquelas que mesmo sendo completamente distintas, não dizem respeito a questões superiores ou inferiores entre si (as famosas tipologias de personalidade, gêneros, etc.). No coaching Integral, por exemplo, usamos muito o Eneagrama e a Tipologia de Gêneros.

Por que é interessante saber mais sobre Teoria Integral e seus elementos?

Independente de qual seja sua área de atuação profissional, o mapa integral vai sempre lhe fazer ter certeza que você estará olhando a realidade em todos os seus aspectos, de forma bem completa.

Independente de qual seja sua área de atuação profissional, o mapa integral vai sempre lhe fazer ter certeza que você estará olhando a realidade em todos os seus aspectos, de forma bem completa.

Por mais difícil que seja o seu desafio, se você tiver um mapa como esse, menores serão suas chances de se perder.

O grande mapa é utilizado por diversos líderes, artistas, governantes e pensadores, como Al Gore, Tony Robbins, Bill Clinton, para ampliarem seu entendimento sobre o mundo e entenderem os sistemas e os seres de forma mais completa. A trilogia Matrix foi inspirada por ele. Essa metateoria tem as melhores ferramentas, modernas e antigas, orientais e ocidentais, para que sigamos na direção correta a caminho de um coração mais compassivo, uma mente mais brilhante, relações mais saudáveis e uma sociedade mais justa.

Além disso, uma vez que utilizar este mapa para ler a si mesmo, você ampliará e muito seu autoconhecimento e consciência, além de ter todas as ferramentas necessárias para seguir continuamente com seu próprio desenvolvimento. A partir desse mapa, ou desses “óculos de percepção da vida”, entendemos o porquê das diferenças culturais, das dificuldades e das facilidades inatas que temos, e conseguimos dar o devido valor para a evolução de todas as nossas partes, individuais e coletivas. Também entendemos melhor a dinâmica entre nossos pensamentos e sentimentos, e como eles interagem com nosso corpo, nossa cultura, nossa sociedade. Assim, colaboramos para ter menos ignorância, desentendimento, julgamento, briga e dualidade em nossas vidas, relacionamentos e sociedade.

A Teoria Integral tem diversas utilidades, mas uma muito bacana é usar o entendimento deste mapa para nosso autoconhecimento e, por consequência, fazer movimento em prol de mudanças. Esta é a lógica utilizada no coaching integral, em que a pessoa e o tópico de mudança que ela gostaria de trabalhar são colocados nas lentes da abordagem integral. Com base nessa “avaliação” nas lentes, ela pode perceber seus pontos fortes, limitações e caminhos de desenvolvimento. Podemos utilizar a lente em questão de forma isolada ou cruzar uma lente com a outra para ter uma leitura ainda mais profunda da pessoa.

Como a Teoria funciona na prática?

Para ilustrar, contarei um exemplo de utilização dos quadrantes. Vamos supor que você queira emagrecer e para isso considera importante fazer exercícios físicos e rever sua alimentação. Então, iremos pegar aquelas quatro dimensões que abordamos acima e refletir, em cada quadrante, quais são os elementos que envolvem essa questão de emagrecer. Você deve avaliar cada um deles e pensar como está seu nível de desenvolvimento em cada um. Abaixo descrevo quais aspectos devem ser considerados em cada quadrante para esse tema:

  1. Quadrante Individual Interior: esta perspectiva se concentra no porquê detrás do ato de comer e de se exercitar, na minha intenção. O que me motiva a consumir da maneira que consumo? O que me motiva a me exercitar/ ou não exercitar? Por que tenho determinados padrões nutricionais ou formas de me relacionar com meu corpo? Quais as minhas crenças e desejos que motivam a vontade de emagrecer?
  2. Quadrante Individual Exterior: esta perspectiva aborda o meu comportamento. São todas as minhas ações concretas e meu corpo físico em si. O que eu estou fazendo? O que estou comendo? E o que estou praticando de atividades físicas? Com que frequência? Como está minha respiração? E meu batimento cardíaco? Estou me esforçando o quanto deveria no exercício? E o tempo de descanso está sendo suficiente para uma recuperação dos meus batimentos? Estou vendo efeitos no meu corpo da dieta que estou seguindo e dos exercícios que estou praticando?
  3. Quadrante Coletivo Interior: Nesse quadrante, estamos abordando a cultura. Quais os significados compartilhados que cercam a comida e a prática de exercícios? Como a cultura na qual eu me insiro está influenciando na maneira que me alimento ou me exercito? Quais são os alimentos ou tipos de exercícios privilegiados no meio do qual eu faço parte?
  4. Quadrante Coletivo Exterior: Nessa dimensão são abordados os sistemas. No exemplo citado, vale pensar que os alimentos funcionam como uma ligação direta entre o organismo humano e o seu ambiente natural, fornecendo matérias primas que constroem o corpo físico. Nessa perspectiva, estamos considerando os sistemas naturais e criados pelo homem que permli a longa jornada dos alimentos da terra até o meu prato. De onde vieram os alimentos que eu consumo? Como foram produzidos? Da mesma forma, é interessante pensar que o sistema ao meu redor pode ou não facilitar certas práticas de atividades físicas. Ou o fato de eu ter acesso fácil à uma academia, ter uma piscina para nadar em casa, morar em uma cidade de praia que propicie espaços físicos externos para a execução de exercícios.

Uma vez que refletir sobre os aspectos considerados em cada quadrante, você deve analisar quais aspectos estão bons e quais ainda não estão tão satisfatórios. Com base nesta análise, você terá uma consciência muito maior sobre o que realmente precisa trabalhar para conseguir emagrecer.

Este foi apenas o exemplo de uma lente sendo utilizada. A utilização completa da teoria pode envolver usar também as demais lentes, vendo qual o nível de desenvolvimento que a pessoa tem em cada uma de suas inteligências, identificando qual o nível de consciência em que ela está, considerando quais estados ela pode usar para se desenvolver e também descobrindo mais sobre si mesma através de seu tipo de eneagrama ou essência de gênero. E tudo isso serve para lhe ajudar a conhecer melhor a si mesmo, os demais e o mundo. E assim poder transformar a si mesmo e a sua realidade.

Afinal, quando entendemos nossas limitações e sabemos quais são os próximos degraus do desenvolvimento, tudo fica mais fácil. A Teoria Integral é aquela ajuda tão esperada, é como termos alguém confiável apontando a direção correta, mas a graça aqui é que não é mais uma receita pronta, é dotar a pessoa de ferramentas para que ela crie as próprias receitas.

* Com a colaboração da naturóloga integral Mari Mel Ostermann.

Evento da autora

Se você quiser saber mais sobre a Abordagem Integral e cada um dos 5 elementos, inscreva-se aqui no Mini Curso Gratuito Integral Way. São quatro vídeo aulas gratuitas sobre a abordagem integral e algumas de suas lentes.

Gabi Picciotto

Gabi Picciotto

Co-criadora do Curso Integral Way, é Master Coach Integral, especialista em propósito de vida. Atua apoiando pessoas no alcance de uma vida plena e com sentido. www.thesunjar.com

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