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Traumas Herdados: entenda por que seus problemas podem vir dos ancestrais

Entenda como os padrões familiares repetitivos podem ser compreendidos e transformados, trazendo uma importante cura pessoal e familiar

Atualizado em

Você já se perguntou por que certos padrões parecem se repetir em sua vida, mesmo quando você tenta arduamente mudá-los? A resposta pode ser mais profunda do que você imagina: nos Traumas Herdados.

Neste artigo, entenda como os padrões familiares repetitivos, muitas vezes negativos, podem ser transformados, trazendo uma importante cura pessoal e familiar.

Ciência explica como herdamos traumas

A história que compartilhamos com nossa família começa muito antes de sermos concebidos. Entenda:

  • Em sua forma biológica inicial, como um óvulo não fertilizado, você já compartilhava o ambiente celular com sua mãe e avó.
  • Quando sua avó estava grávida de sua mãe, as células que um dia se tornariam você já estavam presentes. 
  • Isso significa que, antes mesmo de sua mãe nascer, três gerações – sua avó, sua mãe e os primórdios de você – compartilhavam o mesmo ambiente biológico. 
  • O mesmo acontece do lado paterno. Portanto, a vida de nossos ancestrais forma o terreno no qual nossa própria existência se enraíza. 

O Mapa do Nascimento, estudo que desenvolvo baseado na Psicologia Perinatal, explora essas origens para compreender como nossa informação ancestral é transmitida principalmente no período do nosso nascimento – e isso inclui os traumas.

Essas questões nos levam a examinar padrões familiares recorrentes, que podem incluir:

  • Vícios
  • Abandono
  • Escassez
  • Abusos
  • Doenças
  • Traições
  • Violência

Você reconhece seus Traumas Herdados?

Se você percebe padrões que se repetem em sua família, parabéns! Este é o primeiro passo para a transformação.

Traumas herdados podem ser geracionais e, embora desafiadoras, podem ser chaves para uma grande liberdade.

Nas profundezas das famílias, histórias não contadas ecoam através das gerações.

Enquanto muitos escolhem ignorar o passado, a verdadeira cura emerge quando alguém se dispõe a enfrentar e transformar essa herança emocional.

Há muito tempo, Sigmund Freud identificou esse padrão. A reencenação traumática ou “compulsão à repetição”, como denominado pelo psicanalista, é uma tentativa do inconsciente de repetir o que não foi resolvido, para que possamos “solucioná-la”.

É como disse Carl Jung: “O que permanece inconsciente não se dissipa, mas reaparece em nossas vidas como destino”.

Como os traumas herdados se manifestam em nossas vidas

Um dos pioneiros nos estudos de traumas herdados, Mark Wolynn mostra que muitos dos nossos medos e ansiedades podem ter raízes em experiências vividas por gerações anteriores.

Segundo ele, o trauma herdado pode se manifestar como: 

  • Medos inexplicáveis 
  • Ansiedades persistentes
  • Comportamentos autodestrutivos
  • Sintomas físicos sem causa médica aparente

E o trauma pode ser transmitido de várias formas:

  • Biologicamente: Através de alterações epigenéticas que afetam a expressão dos genes.
  • Psicologicamente: Por meio de comportamentos aprendidos e dinâmicas familiares não resolvidas.
  • Energeticamente: Através do que alguns chamam de “campo morfogenético” familiar.

Exemplos de traumas herdados

Medo de água

Uma paciente de 45 anos sempre teve um medo inexplicável de água, mesmo sem ter passado por qualquer experiência traumática relacionada.

Ao explorar sua história familiar através do Mapa do Nascimento, ela descobriu que sua avó quase se afogou quando estava grávida da mãe de Maria. 

Este trauma, inscrito no DNA através de alterações epigenéticas, foi transmitido para ela, manifestando-se como uma fobia aparentemente sem origem.

Trauma de fome

Estudos com sobreviventes do Holocausto e seus descendentes mostraram que filhos e netos apresentam ansiedade relacionada à comida e tendência a estocar alimentos, mesmo nunca tendo passado por escassez.

Pensamentos suicidas

Mark Wolynn, em seu livro “Não começou em você”, compartilha o caso de Jesse, um homem de 30 anos que sofria de depressão severa e pensamentos suicidas desde a adolescência. 

Durante o trabalho de investigação de sua história familiar, Jesse descobriu que seu avô havia perdido seu irmão gêmeo aos 16 anos, a mesma idade em que Jesse começou a experimentar pensamentos suicidas. 

O avô nunca falou sobre essa perda, mas ele transmitiu o trauma silencioso através das gerações.

Assim, ao reconhecer essa conexão e trabalhar para curar esse trauma ancestral, Jesse foi capaz de superar sua depressão.

Muitos outros

Esses casos nos mostram como nossos medos, comportamentos e até mesmo condições de saúde mental podem ter raízes profundas. 

Como em experiências que nem sequer vivemos diretamente, mas que foram tão impactantes para nossos antepassados que ficaram gravadas em nosso DNA emocional e biológico. 

Ou seja, compreender essas conexões pode ser o primeiro passo para a cura e transformação pessoal e familiar.

Você pode curar traumas herdados

Se você nasceu em uma família enredada com questões como:

  • abandono
  • escassez
  • abusos
  • doenças
  • traições
  • violência
  • vícios…

Saiba que existe uma força na sua linhagem que vai sempre querer te levar a resolver o que os seus ancestrais não conseguiram.

Esses desafios não são apenas uma sina; são heranças traumáticas de coisas que seus ancestrais não puderam lidar naquele momento, mas que em algum ponto alguém precisará fazê-lo.

Para quebrar esses ciclos, é necessário entender de forma profunda o que, e como se repetem as questões ancestrais nas famílias, tanto do lado da sua mãe quanto do seu pai.

O erro mais comum é achar que os problemas de hoje são só seus. Não são! Há uma história por trás deles, que vem de antes de você nascer.

Nisso, existe dor e desafios, mas também muita força e caminhos de cura que você pode percorrer se decidir não tentar escapar sem compreender o seu significado de crescimento e libertação.

Entendendo a Cura Ancestral

Em essência, herdamos de nossos ancestrais, através do DNA e do ambiente epigenético, uma história que se repete por gerações.

Chega um momento em que alguém decide interromper esse ciclo de conflitos e mal-entendidos, buscando novas respostas para problemas antigos.

A cura ancestral inicia-se com a consciência. Ao nos reconectarmos com a história e a energia de nossos ancestrais, podemos descobrir forças adormecidas, promovendo uma profunda transformação pessoal e familiar.

Para fazer essa cura, é crucial identificar as crenças raízes, ou seja, os padrões de pensamento, medos e comportamentos herdados de gerações anteriores. 

O que uma geração não resolve tende a ser transmitido para a próxima, aguardando cura.

Como curar Traumas Ancestrais Herdados

Para iniciar esse processo de cura, considere os seguintes passos:

  1. Explore a história de seus ancestrais, investigando o ambiente das famílias materna e paterna para identificar as crenças raízes.
  2. Reconheça a família como um sistema interconectado. 
  3. Compreenda a existência de um inconsciente coletivo familiar.
  4. Observe como as gerações transmitem informações e emoções entre si.
  5. Investigue seu próprio nascimento, estudando o início da sua vida junto a sua mãe e pai para entender como eles transmitiram essas influências a você. Estudos de Psicologia Perinatal.
  6. Então pratique a cura através da compreensão das dinâmicas familiares inconscientes, buscando novas respostas para problemas recorrentes.

O objetivo é construir uma nova narrativa – uma história que honre nosso passado, mas também nos liberte para viver nossa própria vida.

Cada passo dado para honrar e liberar seus ancestrais aumenta sua capacidade de perdoar, amar e agir com mais confiança e clareza.

Lembre-se: você tem o poder

Você pode dar um passo além e transformar o que gerações não processaram ou curaram. Ao curarmos nossos traumas ancestrais, contribuímos para a cura coletiva.

Mas ao abraçar sua história ancestral por completo, você descobre o que precisa compreender, purificar e transformar. Não apenas para si, mas para toda a sua linhagem.

Esta jornada de cura não é apenas um desafio, mas também um presente, permitindo que as próximas gerações vivam de forma mais leve e consciente. 

A epigenética nos mostra que podemos influenciar a expressão de nossos genes, oferecendo a oportunidade de reescrever não apenas nossa história, mas também nosso futuro biológico. 

Um estudo publicado na revista Nature Neuroscience em 2014 demonstrou que experiências traumáticas afetam o DNA, transmitindo medos específicos para gerações futuras.

Mas também sugere que intervenções adequadas podem reverter essas alterações.

Ao embarcar nessa jornada corajosa de cura e transformação, estamos criando um novo legado de saúde, consciência e amor para todas as gerações futuras. 

Esta é a verdadeira essência da transformação ancestral – um ato de amor que ecoa através do tempo, curando o passado e iluminando o futuro.

Adriano Calhau

Adriano Calhau

Especialista em Psicologia Perinatal e Criador do Mapa do Nascimento®. Método que une Ciência e Autoconhecimento para iluminar a importância do início da vida e das histórias de nascimento na formação base da nossa identidade e senso de pertencimento. 

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