Pesquisar
Loading...

Vaidade em excesso é sinal de autoestima baixa?

Busca exagerada pela beleza e a vaidade em excesso podem indicar necessidade de olhar com mais atenção para questões emocionais

Atualizado em

Você já se perguntou por que quer mudar seu visual? As pessoas geralmente buscam por meio de dietas, exercícios físicos e tratamentos estéticos a aparência que desejam. Vamos refletir juntos sobre quando a busca pela beleza passa do ponto e a vaidade em excesso sinaliza um problema de autoestima baixa?

Corpos perfeitos? Eles não existem! Podemos até achar um corpo esteticamente mais belo do que o outro, mas isso não implica sobre funcionalidade e boa saúde.

Além disso, por mais que algumas pessoas busquem uma estética ideal e até uma eterna jovialidade, todo corpo envelhece a cada dia – ainda que haja disciplina e alimentação saudável.

Também temos de entender que existem diferentes biotipos. Todo mundo conhece aquela pessoa que come de tudo, não pratica exercícios e, mesmo assim, é magra e não acumula gordura.

Alguns corpos já reagem de forma totalmente diferente e para se manterem magros, é preciso seguir uma dieta equilibrada para respeitar seu metabolismo.

Nosso metabolismo tende a diminuir o ritmo a cada ano. O organismo aumenta a busca pelo acúmulo de gordura e passa por mudanças internas e externas, que exigem um cuidado cada vez maior não só relacionada à estética quanto a um estilo de vida mais saudável.

Ou seja, uma alimentação mais leve, atividades físicas adequadas às possibilidades do corpo e maior atenção ao sono contribuem para driblar a autoestima baixa – e evitar a vaidade em excesso.

Ultrapassando limites

Há casos em que as pessoas seguem uma alimentação que desrespeita completamente a fome e as necessidades básicas do corpo. Isso geralmente acontece porque esse indivíduo não aceita de jeito nenhum seu corpo e sempre se sente mal com seu corpo, pois nunca se sente bem consigo mesmo.

Essa visão distorcida sobre como é o próprio corpo frequentemente ocasiona doenças como a anorexia e a bulimia, que em muitos casos acompanham a compulsão alimentar.

Pessoas com esses distúrbios costumam tomar atitudes agressivas com o corpo para perder peso, fazendo mal a si mesmas.

Muitas delas agem assim de maneira inconsciente e é sempre uma pessoa ao seu redor que acaba percebendo esse tipo de maltrato com o organismo e chama a atenção da pessoa com esses hábitos alimentares tão prejudiciais à saúde física e mental.

Tem ainda os casos de vigorexia. Também conhecida por Síndrome de Adônis ou Transtorno Dismórfico Muscular, é uma doença psicológica em que o indivíduo se enxerga magro ou pouco forte, quando na verdade tem músculos bem desenvolvidos.

Os portadores dessa síndrome costumam tomar hormônios (anabolizantes) sem nem mesmo saber a procedência, para ficarem mais musculosas e sem gordura no corpo.

As pessoas  que seguem nesta busca geralmente querem encontrar resultados de maneira rápida, sem respeitar as etapas naturais que o corpo passa. Essa atitude é um golpe silencioso ao próprio corpo e demonstra pouquíssima preocupação com as consequências.

Para ter uma vida saudável, é importante evitar cair em armadilhas feitas por pessoas do seu meio que usam hormônios e químicas “milagrosas”.

É sempre bom desconfiar se um bom médico iria te receitar medicamentos que podem afetar a sua saúde, causando insônia, irritação, agressividade, depressão, acne, perda de cabelo, mudança de tom de voz e mudanças bruscas no organismo, além de doenças mais severas.

Reflita sobre:

  1. Quantos casos já foram relatados pela mídia de pessoas que acabaram gerando doenças graves em seus corpos e até morreram por causa de vaidade em excesso?
  2. Será que fazer qualquer coisa com o próprio corpo vale a pena para caber no padrão de beleza do momento?
  3. E que padrão de beleza é esse que faz com que as pessoas fiquem excessivamente preocupadas com sua imagem ao ponto de se fazerem mal a curto e a longo prazo?
  4. Por que viver uma vida aprisionada correndo atrás de um modelo de beleza que pode não ser o seu?
  5. Por que viver uma vida em busca de uma alimentação completamente organizada em prol da beleza, se esquecendo que seu corpo é uma máquina que precisa de alimentos nutritivos para funcionar bem?

A perfeição das redes sociais: o que há por trás?

É importante estar atento às armadilhas do que pregam os blogueiros sobre o assunto.

Eles dizem que seguem dietas muito restritivas, mas esquecem de mencionar que seus corpos são o resultado de muito exercício físico e tratamentos estéticos como massagens modeladoras, uso de hormônios e outros procedimentos camuflados, inclusive uso de aplicativos para mudar suas curvas.

A pergunta que eu sugiro é: devemos mesmo acreditar que essas pessoas que se dizem muito disciplinadas e vendem essa ideia não fogem da dieta?

Será mesmo que esse produto que é vendido realmente leva à eterna felicidade ou faz com que seus seguidores se sintam incapazes de viver bem dentro dos seus corpos?

Tem muita gente venerando esse tipo de influenciador digital que dita moda sobre o corpo, mas a verdade é que ninguém conhece de fato essas pessoas.

Só podemos enxergar o que elas “vendem” em suas redes sociais, local em que nem sempre mostram seus pontos fracos e fugas da rotina.

Em muitos casos, só vemos exemplos de pessoas que cultuam a vaidade em excesso, mas não respeitam a carne em que habitam, muito menos suas emoções e seus sentimentos.

Excesso com procedimentos estéticos

Hoje, as técnicas estéticas estão permitindo grandes mudanças no corpo das pessoas e, em muitos casos, ajudam a autoestima baixa de quem quer passar por transformações. Mas há muitos relatos de pessoas que ficam frustradas com os procedimentos aos quais se submeteram.

É por isso que tantas pessoas acabam entrando em um “vício de bisturi“. Tudo em busca de melhorar a própria imagem.

Mas muitas intervenções são invasivas e sérias, geram transtornos no pós-operatório e podem causar rejeição aos produtos aplicados. Sem contar que podem causar infecções e até levar a óbito.

Além disso, as pessoas estão buscando mudar a aparência cada vez mais jovens e, em muitos casos, essa busca pela beleza é apenas uma tentativa de aceitação pelos outros, demonstrando falta de autoaceitação e amor-próprio.

Cuidar da autoestima baixa é cuidar da mente

Concordo com a afirmação de Fabíola Simões (escritora e autora do blog A Soma de Todos os Afetos):

Bisturi nenhum vai dar conta de um buraco de uma alma negligenciada anos a fio.

Não se pode tapar um buraco na autoestima baixa através de procedimentos estéticos, pois investir na autoestima é cuidar, acima de tudo, da mente, que nesses casos está precisando de muita atenção para ficar saudável.

A pessoa que busca procedimentos estéticos para ser aceita ou que tenta fugir do envelhecimento dificilmente vai se sentir satisfeita com o seu corpo, porque o que a angustia não é algo concreto, não é o olhar e nem a voz do outro sobre seu corpo.

É um mal-estar que habita dentro da sua própria mente e ela não quer dar atenção ou até mesmo desconhece seus motivos de querer sempre agradar o outro.

Um pouco mais de consciência

A solução para viver bem com o seu corpo está na mudança de hábitos alimentares, de pensamento e de comportamento com você mesmo(a) e na ajuda profissional qualificada para te dar apoio, ouvir e entender as razões pelas quais você se trata dessa maneira.

É importante encontrar um caminho saudável, com a assessoria de profissionais competentes, como nutricionistas ou nutrólogos, que possam recomendar uma dieta alimentar de acordo com o que o corpo precisa e que leve a pessoa a um emagrecimento sadio.

Você já observou que pessoas que emagrecem de forma brusca geralmente voltam a engordar?

A solução de fato não está em fazer dietas malucas e sim buscar uma reeducação alimentar que permita construir um novo relacionamento com a comida.

A cura sobre a maneira como você se vê (autoestima baixa) e lida com o seu corpo deve vir através da compreensão e aceitação de que você não é nenhuma máquina.

De que pode viver só de alguns alimentos, deixando de lado a importância que os nutrientes têm em nosso organismo e ajudam, acima de tudo, a manter a saúde.

Autoaceitação e os benefícios da Psicanálise

Aprender a se aceitar é o melhor caminho sempre! A vontade de se sentir feliz consigo mesmo (a) é muito mais importante do que ficar sofrendo por não ser quem você provavelmente nunca será.

Você precisa se sentir pleno por ser quem é, esse é o primeiro passo! Já pensou em como a vida é curta demais para você tentar agradar a plateia e não viver o que você realmente tem vontade de fazer e ser?

Ao fazer as sessões de Psicanálise, a pessoa aprende que tem um caminho único e próprio a ser percorrido para viver bem consigo mesmo.

A Psicanálise também ensina a avaliar quais são as suas prioridades na vida, o que você realmente quer para si e como é importante se amar. Já pensou nisso antes? Então, talvez seja a hora de descobrir as maravilhas que existem dentro de si.

Aprender a se ouvir, se aceitar e mudar o que não está tão bem dentro e fora de você faz com que sua sensação de bem-estar aumente a cada dia e sua autoestima fica preservada, mesmo que você não se sinta tão dentro do padrão de beleza.

Além disso, você descobre maneiras de ser você sem se sentir agredido por estereótipos criados em torno do corpo.

Bruna Rafaele

Bruna Rafaele

Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.

Saiba mais sobre mim