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Vamos conversar sobre medo?

A insegurança pode impulsionar, ao invés de travar suas atitudes

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Eu tenho medo. Ele tem medo. Nós temos medo. Todos têm medo. Medo de perder o emprego. Medo de permanecer no emprego. Medo do fim de uma relação. Medo de iniciar uma relação. Medo de morrer. Outros tantos, medo de viver. Há tanto medos quanto pessoas. O problema não está em sentirmos medo, mas em como lidamos com o medo.

Nos atendimentos de coaching, por vezes uso a constelação sistêmica familiar como ferramenta para compreender em um nível mais profundo o que pode estar atrapalhando seu caminhar e evolução na carreira. O que surge usualmente? O medo. Mas o medo aparecer não é o problema. O que realmente prejudica nosso caminhar não é sua existência, mas a força que damos a ele: nos fixamos mais no medo do que no futuro de nossa carreira e nossos objetivos.

O que realmente prejudica nosso caminhar não é sua existência, mas a força que damos a ele: nos fixamos mais no medo do que no futuro de nossa carreira e nossos objetivos.

Não é necessário excluir o medo de nossas vidas, ele pode permanecer. De fato, ele pode nos impulsionar para mudanças necessárias em nossa trajetória. Mudanças em como pensamos, sentimos e agimos em relação a diversas áreas de nossas vidas.

O medo pode nos movimentar ou nos paralisar. Em outras palavras, o medo pode nos servir, ou servirmos a ele. Logo, devemos nos perguntar: em nossa relação com o medo, quem é o senhor e quem é o servo?

Uma história real sobre o medo

Certa vez, há alguns anos atrás, eu estava aprendendo a escalar. Eu estava com um amigo mais experiente que seguia abaixo de mim, fazendo o que chamamos de segurança: eu sabia que se caísse, meu amigo impediria minha queda fatal, pois estávamos “encordados” um ao outro. Eu tinha que me concentrar e descobrir a rota de ascensão e o posicionamento perfeito de pés e mãos na rocha para não cair. Caso caísse, seriam uns 10 metros de queda livre até a corda, sob a segurança do meu amigo, me sustentar. A cerca de 120 metros de altura, isso não era uma experiência muito agradável, mesmo para os mais experientes.

Em certo momento, deparei-me com certa dificuldade de continuar subindo. A rocha se tornara mais lisa, havia poucas fendas e agarras para me segurar ou apoiar os pés. Olhei para baixo, a uns 20 metros meu amigo me observava. A base da via de escalada estava a uns 100 metros abaixo dele. Aquele momento era simbólico: apesar de ter alguém comigo, eu me sentia sozinho, tendo que escolher um caminho, tomar uma decisão e ir em frente.

apesar de ter alguém comigo, eu me sentia sozinho, tendo que escolher um caminho, tomar uma decisão e ir em frente.

Muitos pensamentos surgiram: é esse o melhor caminho para chegar ao topo? Vou conseguir fazer o movimento de forma correta e não cair? E se eu cair e a corda arrebentar? E se eu cair, a corda não arrebentar, mas eu me machucar mesmo assim por bater na rocha? E se… Se… E mais algumas dezenas de “se”.

Foram muitos “se”. Chegou um momento em que vi qual seria o movimento mais adequado, mas me senti inseguro. Pensei, pensei e, mais uma vez, pensei. O tempo foi passando, fui perdendo a confiança psicológica no movimento, minhas pernas e mãos foram se cansando, veio um suor frio, até que eu caí. Não caí por ter feito o movimento, caí porque fiquei parado. Caí porque não agi. Perdi a força, o equilíbrio e caí. “O que houve?”, perguntou meu amigo. “Caí”, respondi de forma óbvia.

Por que caí? Por que caímos tantas vezes? Você que me lê, neste momento, reflita: qual o movimento que precisa ser feito em sua vida e não o fizeste ainda?

Aprendi na rocha que nem sempre teremos a segurança para todos os movimentos. Façamos nosso melhor planejamento, mas agir é necessário. Não há garantias na vida. Certo mesmo é que se o medo nos paralisa, então nossa queda é questão de tempo.

 

Rodrigo Siqueira

Rodrigo Siqueira

Head de Educação e Treinamento da SatiEducation.com e professor na área de Liderança e Desenvolvimento Pessoal e Profissional.

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