Você pretende fugir do Carnaval?
Leitora conta sua experiência em viagens para recarregar energias
Enquanto a maioria se prepara para as festas de Carnaval, outros só pensam na semana de descanso que vem pela frente. O que motiva as pessoas a fugirem do Carnaval, enquanto outras esperam o ano todo por esse momento?
Vou falar da minha experiência, mas gostaria muito de ouvir seus motivos para fugir do Carnaval, se este for seu caso. Há alguns anos que tiro a semana do Carnaval para viajar a lugares fora do circuito carnavalesco. Procuro viagens que me promovam algum tipo de experiência além do samba-suor-suingue de outros tempos.
Não que eu seja uma pessoa anti-folia, daquelas que preferem fugir do carnaval. Bem pelo contrário: adoro brincar, mas atualmente só o que vejo é uma semana inteira de descanso em algum lugar que me promova algum tipo de conexão com a mãe natureza.
Quando trabalhava em um multinacional, a única semana negociável era essa, afinal era só uma pequena “esticadinha”. Hoje, vejo a possibilidade de me aprofundar mais no destino e me recarregar energias.
Viajar abre as portas do nosso coração para receber as imprevisibilidades do novo.
Viajar abre as portas do nosso coração para receber as imprevisibilidades do novo.
Nos tornamos aprendizes daquele novo lugar, a diferença nos fascina, as sincronicidades nos surpreendem. No meio do caos urbano e da quantidade de compromissos e responsabilidades, torna-se difícil nos permitir ser levados pela voz do nosso coração. E essa voz (que normalmente chamamos de intuição) é nossa melhor conselheira.
Portanto, enquanto tantos procuram o Carnaval para extravasar suas emoções, outras aproveitam esse período para reconectar-se com essa essência, promovendo um despertar interno e voltando para casa com algum tipo de aprendizado.
Jornadas para fugir do carnaval e encontrar respostas internas
De fato, todas as viagens são oportunidades de aprendizados, já que sempre que nos expomos a culturas e pontos de vistas que diferem dos nossos, desafiamos nossos conceitos e mudamos nossa percepção e nossa forma de ver o mundo.
Mas e se essas jornadas fossem preparadas para tirar de você aquelas respostas que o barulho da cidade não te deixa ouvir? E se você pudesse encontrar pessoas que estão na mesma pegada que você?
Durante as viagens que fiz recentemente, entrei em contato com povos tradicionais, guardiões de um conhecimento ancestral que temos pouco contato atualmente. Conheci paisagens pouco exploradas e participei de processos terapêuticos e de desenvolvimento humano que mexeram completamente com tudo o que eu acreditava até então. Como não compartilhar isso com as pessoas?
Portanto, compartilho com vocês três roteiros que me remexeram muito mais do que uma semana inteira de folia:
Festival Yawanawa, Floresta Amazônica, Acre
Quando recebi o convite para essa viagem, me veio um chamado muito forte e sabia que iria viajar para a casa do povo Yawanawa, embora tudo indicasse o contrário. Mas é claro que quando é para ser, as sincronicidades acontecem e um mês depois lá estava eu no avião para o Rio Branco, para uma viagem de 40 horas até a Aldeia, no meio da floresta.
Sempre quis conhecer a floresta, seus mistérios e suas medicinas. Foi inexplicável a sensação de pertencimento que toma conta da gente quando estamos conectados com a nossa ancestralidade.
Foi inexplicável a sensação de pertencimento que toma conta da gente quando estamos conectados com a nossa ancestralidade.
Os rituais noite a dentro com a espetacular visão de um céu que não existe igual em nenhum outro lugar do mundo, os cantos entoados por pajés com mais de uma centena de anos, as brincadeiras com as crianças… Enfim, só vivendo para entender o que senti nesses cinco intensos dias em que fui amorosamente recebida por todos da aldeia. Voltei completamente transformada por esta experiência.
Jalapão, Parque Estadual, TO
Normalmente escolho o lugar para o qual vou viajar pelo preço da passagem aérea. Partindo desse ponto, estudo a região e vejo se me agrada antes de bater o martelo. E foi por uma promoção que aterrissei em Palmas no Carnaval de 2014.
Sempre quis conhecer o Jalapão, um dos poucos lugares quase inexplorados no Brasil. São tantas paisagens de cair o queixo que fica difícil escolher uma para recomendar: cachoeiras e rios cor de esmeralda, pôr-do-sol nas dunas douradas…
São tantas paisagens de cair o queixo que fica difícil escolher uma para recomendar: cachoeiras e rios cor de esmeralda, pôr-do-sol nas dunas douradas…
Mas se existe algo que você precisa conhecer na vida, são os fervedouros do Jalapão: nascentes de água cristalinas e quentes, onde não é possível afundar por nada. Não é fácil chegar lá, mas você certamente se sentirá empoderado ao vencer o desafio de desbravar o “deserto das águas”.
Kuarup, Parque Estadual do Xingu, MT
O Kuarup é um ritual que marca a passagem dos mortos para outro mundo. É o momento de dar adeus aos entes falecidos. Nessa despedida, troncos da árvore Kuarup, que representam os mortos, são erguidos na aldeia e enfeitados com vários ornamentos. Cânticos, danças, homenagens e lamentações também fazem parte do momento mais importante entre os povos xinguanos.
Ao final do festival, os guerreiros lutam a tradicional huka-huka e os troncos são jogados no Rio Xingu para que cada alma siga o seu caminho no outro mundo. Mais que um ritual funerário, o Kuarup engloba diversos aspectos da cosmologia dos diferentes povos do Alto Xingu, como os mitos de criação da humanidade, a classificação hierárquica dos grupos, a iniciação dos jovens e as relações entre as aldeias. Uma viagem para ficar na memória para sempre.
Essas escapadas com o propósito de se permitir olhar para dentro, de refletir, de respirar e de entrar em contato com realidades e valores bem distintos do que aprendemos, são transformadoras. A partir desse olhar que conseguimos perceber que somos todos um, que não há separação, que tudo está interligado.
Quem sabe você não se permite vivenciar uma experiência inesquecível dessas? Posso garantir que você nunca mais será o mesmo de outros carnavais…
Patricia Barcelos é publicitária e fundadora da Dreamcatcher Brasil. E-mail: contato@dreamcatcher.uno | http://www.dreamcatcher.uno/
Saiba mais sobre mim- Contato: contato@dreamcatcher.uno