Pesquisar
Loading...

Emoções que você alimenta são as que mais crescem

Entenda como é possível manter a paz interior em tempos difíceis

Atualizado em

O mundo todo vive uma turbulência! São catástrofes naturais como incêndios, erupções vulcânicas, furacões que destroem cidades e até mesmo países inteiros; tensões políticas como atentados terroristas, guerras civis, golpes parlamentares; desastres ambientais frutos de negligência de empresas; desastres aéreos e marítimos; violência urbana e no campo… Assistimos, às vezes espantados e tantas vezes impotentes, às injustiças sociais, ações frutos de preconceito e discriminação que desembocam em tragédias, deixando não apenas sequelas físicas nos atingidos, como também sequelas emocionais profundas em toda a sociedade.

Nossa! É pesado demais! Mesmo as pessoas mais racionais não escapam de sentimentos de desesperança quando acompanham os acontecimentos nas mais diversas áreas.

Muitas vezes nossa vida pessoal está indo bem, estamos saudáveis, equilibrados em nossos relacionamentos, finanças em dia, pessoas queridas em segurança, mas temos a sensação de que nos falta um ingrediente fundamental para aproveitarmos a boa maré pessoal: paz. Sentimo-nos em meio a uma nuvem densa de insegurança e medo, de angústia e de desânimo. Vamos ficando abatidos diante de uma realidade brutal que faz parecer que já não há mais nada no mundo que possa valer a pena.

Mas onde estará esse oásis de paz?

Quanto mais valorizar o caos, mais importância ele terá

Sabemos que toda emoção que recebe mais “alimento” é a que mais cresce. Quanto mais valorizamos o caos, mais importância ele adquire dentro de nós. Isso vale para os acontecimentos mundiais e também para os pessoais.

Muitas pessoas são extremamente permeáveis às energias densas desses tempos. São pessoas que se entristecem com facilidade e não conseguem nem entender a razão, já que não há nada de tão grave acontecendo em suas vidas pessoais. Outras experimentam um estado de ansiedade inexplicável, como se a cada esquina da vida um monstro a espreitasse e estivesse sempre pronto a atacar. A tristeza constante e profunda pode desembocar numa depressão e a ansiedade permanente pode desembocar em diversos transtornos.

Reflexões para ajudar você a alcançar o equilíbrio emocional

Não, não existe mágica para alcançar o equilíbrio emocional. O que existe é consciência! Prestar atenção em si mesmo e questionar seu estado de alma é fundamental para lançar luz no que parecem ser apenas trevas. Assim, fazer um pequeno inventário de seu momento presente pode ajudar muito a “se localizar” dentro de si mesmo.

Podemos começar por algumas perguntas, que exigem respostas honestas e descomplicadas:

  • Estou cuidando da minha saúde? Sinto-me bem fisicamente?
  • Acho que estar sem namorar representa um desastre? Aprendi a estar comigo mesmo?
  • Estou com problemas financeiros irreversíveis? Tenho procurado alternativas para solucionar minhas contas?
  • Eu e meu par estamos nos entendendo bem? Tenho procurado manter o diálogo em dia?
  • Meus filhos estão saudáveis? Tenho sido atento às suas necessidades?
  • Tenho sido o melhor profissional que posso ser? Sinto-me ao menos um pouco realizado?
  • Estou sem emprego, mas procurando uma nova colocação? Acionei meus contatos?
  • Tenho dedicado uns momentos às questões da espiritualidade?
  • Tenho cultivado minhas amizades?
  • Sou atencioso com minha família? Ou só espero que venham até mim?
  • Busco momentos de lazer? Ou acho que não mereço me divertir?

Refletindo por uns minutos a respeito dessas questões e outras que você queira incluir, pode descobrir muito a seu próprio respeito, pois suas respostas podem revelar como você está gerenciando seus dias. Responder essas perguntas lhe obriga a tirar o olhar do mundo e do outro, e passar a olhar para si mesmo, a ser consciente de você, sem precisar se afastar das pessoas.

Exercício ajuda a ter mais consciência sobre si mesmo

A intenção desse pequeno exercício não é encontrar respostas boas ou ruins, mas encontrar a consciência de si mesmo. Você pode descobrir que faz muito tempo que ligou o “piloto automático” na vida, que apenas se deixa conduzir e, incrível, se deixa conduzir por tantas coisas que não pertencem a você, por questões sobre as quais não tem envolvimento direto algum.

Na tentativa de não se deixar engolir pelos medos, algumas pessoas optam por se afastar das redes sociais, dos jornais, da realidade que as circunda e mergulham em atividades espirituais, ou se dedicam só à jardinagem, ou se perdem em fantasias de mudar de cidade, de país, como se não fossem levar consigo suas memórias e como se não fossem deixar afetos para trás.

Aceitação não é o mesmo que alienação ou comodismo

Brigar constantemente com a realidade que se estabelece independentemente de nossa vontade, não parece ser a atitude que vai nos trazer a paz que tanto almejamos. Não falo de ignorar os problemas sociais, o que seria alienar-se e, assim, impedir-se de participar ativamente para a transformação do todo. Também não se trata de acomodar-se como se nada lhe dissesse respeito e como se sua ação não fosse transformadora. Estamos, ao menos temporariamente, inseridos nesta realidade perturbadora que afeta a todos nós e que nos chama, de alguma forma, para a ação.

O primeiro passo em busca dessa paz, é aceitar o caos. As coisas não são como são, mas estão como estão e não há nada de brando que se possa fazer para que elas estejam de outra forma.

As coisas não são como são, mas estão como estão e não há nada de brando que se possa fazer para que elas estejam de outra forma

Mas o que interessa, aqui, é encontrar equilíbrio para que se possa atravessar os momentos caóticos sem que cada um se perca de si mesmo.

O que está realmente ao seu alcance?

Em primeiro lugar, você está ao seu alcance! Não existe nada nem ninguém mais próximo de você do que você mesmo. Então, não fuja de si usando como pretexto o caos à sua volta. E o que você pode fazer por si mesmo nesse momento? Pode e deve ser mais generoso consigo mesmo. De que forma?

Livrando-se de culpas. A culpa mora numa ação ou inação do passado. Você não pode mudar seu passado, mas pode tentar compreender quem era aquela pessoa que fez ou deixou de fazer algo que hoje implica em culpa. Lá atrás você não tinha a mesma maturidade nem a mesma visão de mundo que tem hoje. Fez o que sabia fazer! Repetiria a dose nos dias de hoje? Certamente não. Então, apenas se perdoe e siga em frente!

Livrando-se dos medos. O medo é aprendido e está oculto na nossa história de vida. Medo da escassez, medo do abandono, medo da morte, medo da solidão… Para cada situação de medo existe uma marca em nossa história ou na dos nossos familiares. Não falo de ter cautela, essa, sim, necessária para nos protegermos. Mas falo dos medos que nos paralisam, que nos impedem de viver com leveza. Então, livre-se dos medos que não fazem sentido no momento presente.

Livrando-se dos preconceitos. O preconceito mora na ignorância, somos preconceituosos quando não compreendemos uma situação ou um estado de coisas. Melhor seria compreender, pesquisar, ampliar nossos conhecimentos para abandonar os preconceitos. Mora também no medo de eventualmente sermos parecidos com o objeto do nosso preconceito. Afinal, o que no outro me causa tanta revolta, ou asco, ou aflição? O que importa o que o outro escolheu para ser ou viver, se não interfere na minha vida? Então, livre-se dos preconceitos o quanto puder!

Livrando-se das mágoas. A mágoa é o que nos prende ao passado e nos impede de seguir adiante. Às vezes, é preciso contar com ajuda, com apoio terapêutico para elaborar esse sentimento tão doloroso. Outras vezes não basta sermos religiosos e pedir que as mágoas desapareçam de nossos corações simplesmente porque somos humanos e, como humanos, somos sensíveis à dor de uma ofensa, de um descaso, de uma injustiça. Certamente temos algo a aprender e a reconhecer antes de nos libertarmos das mágoas. Então, trabalhe para se livrar das mágoas!

Livrando-se das preocupações. A preocupação é um jeito que arranjamos de escaparmos do presente, ela nos aprisiona num futuro cheio de fantasias espetaculares que só servem para perturbar nossos sentidos. O que sabemos nós do futuro? Lembrando que preocupar-se é também uma forma disfarçada de controlar. Querer saber onde o outro está, com quem, o que está fazendo, a que horas volta, se comeu, o que comeu ou o que vai fazer amanhã, não passa de uma forma de controle. Então, livre-se das preocupações e viva o momento presente!

Livrando-se da desesperança. Sentir que não tem esperança de encontrar essa paz tão almejada é esquecer o seu potencial de virar a mesa. É esquecer as tantas outras vezes na vida em que você esteve mergulhado em problemas e desilusões e que atravessou esses momentos, sobreviveu e está aqui, se reorganizando para mais uma vez dar a volta por cima e iniciar outra fase da vida. Temos memória, mas ela não está reservada apenas aos acontecimentos nefastos. Temos memória também para nos lembrar que tantas vezes superamos nossas crises. Então, livre-se da desesperança e dê uma nova chance a si mesmo!

Sim, são vários temas aos quais devemos estar atentos e, por isso, não podemos pretender cuidar de todos ao mesmo tempo. Mas é preciso começar por algum, talvez o que lhe incomoda mais. E assim, passo a passo, sentindo honestamente que você está cuidando de você, sendo generoso consigo mesmo, é possível retomar a paz.

E depois, ou mesmo durante esse processo, é possível estender o olhar para o bem-estar da sua casa, rua, cidade e país. O importante é conservar seu nicho de paz, esse lugar dentro de você sobre o qual só você pode operar. A paz nos traz equilíbrio e, mesmo em meio ao caos, seja por um acontecimento pessoal, familiar ou social, conseguimos olhar os fatos em perspectiva sem ficarmos atordoados. Portanto, a paz começa em você. Sem mágica, mas com consciência.

Celia Lima

Celia Lima

Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.

Saiba mais sobre mim