Enfrentando a dor da traição
Reflita sobre quais escolhas e atitudes levaram à infidelidade
Por Ceci Akamatsu
Há alguns anos, um site de relacionamentos para traição conquistou recorde de cadastros em apenas uma semana após o lançamento. O tema infidelidade – consequentemente, da dor da traição – rapidamente ganhou destaque na mídia e nas conversas país afora.
Uma pesquisa britânica constatou que quanto maior o QI do homem menos ele trai, enquanto a mulher, pela sua natureza mais fiel, não apresenta essa diferença.
Essas informações me fizeram refletir sobre a relação entre a inteligência e a ocorrência de traições.
À medida que conhecemos e percebemos nossos limites, mais conseguimos nos expressar, dialogar e chegar a conciliações. Lidamos melhor com nós mesmos e com o outro.
Assim, somos capazes de fortalecer vínculos e solucionar brechas energéticas do relacionamento, antes que elas levem a situações como a traição.
Muitas vezes, as pessoas são pegas de surpresa pela traição. Mas ela é construída, resultado de um processo.
Nós, literalmente, criamos e alimentamos a traição com pequenas atitudes e escolhas do dia a dia. Sem perceber, ignoramos a realidade e a verdade de nós mesmos e do outro continuamente.
Por isso, a dor da traição representa um importante aprendizado, chamando nossa atenção para aquilo que estamos criando sem consciência.
Quem tem uma visão limitada sobre si mesmo também a tem para o outro. Se duas pessoas não conseguem enxergar a si mesmas, como alcançarão uma a outra?
Elas acabam vivendo realidades distintas que não se encontram, cada um vive em sua realidade distorcida.
Ilusão x Verdade
É comum construirmos nossos relacionamentos em bases falsas que um dia se desfazem.
Viver ilusões é cansativo, pois precisamos continuamente nos policiar, nos tolhendo e atuando em papeis que não correspondem a quem realmente somos. Não atendemos às nossas verdadeiras necessidades e vontades.
Alimentar ilusões pode funcionar por algum tempo, por anos ou até por uma vida inteira. Mas o risco delas se desfazerem a qualquer momento é enorme. Esse risco pode colocar também em jogo um dos pilares básicos de um relacionamento: a confiança.
A traição sempre traz à tona muita dor, que vai sendo acumulada ao longo do relacionamento.
A cada vez que deixamos de nos colocar, que cedemos ao outro desrespeitando a nossa verdade, que tentamos manipular, que olhamos apenas para o outro sem olhar para dentro de nós mesmos e vice-versa.
Assim, a maior traição acontece primeiramente dentro de nós mesmos quando traímos a nossa verdade.
O eu machucado e distorcido
Quando nos omitimos ou nos colocamos de forma agressiva não estamos no verdadeiro eu, mas em nosso “eu machucado“, que distorce os fatos e o peso dos acontecimentos. Imagine que alguém esbarra levemente em você.
Agora imagine que alguém esbarra da mesma maneira, mas bem em cima da sua ferida. O estímulo externo é o mesmo, mas a sensação ao recebê-lo é completamente diferente. Por isso, a resposta do “eu machucado” é movida pela dor da traição e toma um tom defensivo.
O outro, por sua vez, também pode também receber e interpretar essa resposta a partir do seu “eu machucado”. Perceba quanta dor é colocada no relacionamento, ao mesmo tempo em que a verdade vai se perdendo dessa dinâmica.
O que geralmente acontece é a falta de vontade e de autocomprometimento em perceber e buscar continuamente a real qualidade da energia que criamos em nós e em nosso relacionamento.
É preciso enfrentar sentimentos e crenças negativas, percebendo esse “eu machucado” e distorcido, que nos faz ter atitudes baseadas no medo, na raiva, na manipulação.
Você está consciente das escolhas que tem feito?
Não há certo ou errado, mas escolhas e consequências. Você percebe a energia por trás de suas escolhas em seus relacionamentos?
- É amor ou medo?
- É o amor ou a preguiça de ter que enxergar e trabalhar diferenças?
- É amor ou autoafirmação?
É preciso se desapegar do externo, fazendo escolhas baseadas na sua verdade. É claro que devemos considerar o parceiro, mas não podemos nos decidir em função dele em detrimento de nós mesmos.
Se você traiu ou foi traído vale a pena refletir e buscar dentro de si, da maneira mais sincera e honesta possível, como se formou o caminho que o levou à traição.
- Quais atitudes suas, sejam ativas ou passivas, contribuíram para a traição?
- Quais questões e sentimentos seus estão desarmonizados?
Terapeuta Energética, faz atendimentos à distância pelo Personare. É a autora do livro Para que o Amor Aconteça, da Coleção Personare.
Saiba mais sobre mim- Contato: ceciakamatsu@gmail.com