Mulheres, vida sexual e tabus
Reflita se você tem freiado seus instintos ou se permitido ter prazer
Por Celia Lima
A não ser que a repressão com relação a sexo seja gigantesca, é praticamente impossível não ser tocado por fantasias sexuais. Quem nunca se pegou pensando que gostaria de experimentar uma certa posição ou uma ou outra prática mais ousada na intimidade, que atire a primeira pedra!
O tema sexo nunca foi tão abertamente discutido, mas, na prática, especialmente as mulheres estão ainda tão inseguras quanto ao que “é certo ou errado”. Ainda estão muito preocupadas com “o que ele vai pensar de mim”. No fundo não é bem isso. A grande dúvida é “o que EU vou pensar de mim se experimentar buscar prazeres sexuais de novas formas?”.
Existe ainda um conceito muito arraigado em nossa cultura que fala ao nosso inconsciente (quando não abertamente), que diz que certas práticas estão restritas às prostitutas. Como se as prostitutas estivessem “pecando” porque sabem explorar as delícias que nosso corpo está apto a obter e proporcionar! Nosso corpo é uma fonte imensa de prazeres: nos permitimos experimentar muitos sabores novos na vida, aquela atraente torta mousse de umbu, por exemplo, mas nos negamos a abrir as portas para os infinitos prazeres que o sexo pode oferecer.
Vergonha e preconceitos
Muitas mulheres dizem que sentem vergonha de seus parceiros quando, na maioria das vezes os parceiros estão intimamente torcendo para que elas se permitam mais, fazendo da relação sexual um momento lúdico.
Outras ficam semanas “estudando o melhor ângulo” para serem apreciadas, quando os homens sequer prestam atenção na gordurinha extra e não querem nem saber de celulite ou estrias. Eles querem desfrutar de momentos de liberdade para curtir o prazer de estar com suas parceiras. De nada adianta ir para a cama cheia de ajustes artificiais no corpo e na hora “H” se deitar sobre os preconceitos: isso não pode, aquilo dói, etc.
É preciso se despir das hipocrisias e começar a responder a si mesmas a algumas questões:
- Por que freio meus instintos e evito tocar o corpo todo do meu parceiro? Porque tenho medo que ele rejeite minha ousadia? Porque não sei se ele se sentiria ofendido?
- Tenho que simular um lindo orgasmo mesmo não tendo obtido um? Faço isso para não deixar meu parceiro inseguro? Sou “obrigada” a sempre ter orgasmo ou obter prazer é o que vale no sexo? Acredito que estou sendo menos mulher se não tiver um orgasmo todas as vezes? Eis aí uma grande questão!
- Por que me recuso a praticar sexo anal ou sexo oral? Porque acho vulgar? Porque não sei como fazer? Porque tenho medo de gostar?
- Tenho vontade de dizer e ouvir bobagens durante a transa, mas não digo nem estimulo meu parceiro a dizer porque acho que vou ser “mal interpretada”?
- Morro de curiosidade de passar num sexshop e conhecer alguns brinquedos para incrementar o meu ou o nosso prazer, mas por que não vou? Tenho vergonha de admitir isso?
- Gostaria de pedir para que meu parceiro satisfizesse alguns desejos e curiosidades minhas, mas por que não faço?
- Por que não exploro mais meu corpo e meus prazeres na masturbação? Por que evito me masturbar como parte das preliminares?
Se muitas dessas respostas estiverem atreladas à vergonha e a medos, a culpas e até mesmo a questões religiosas, lembre-se de que a natureza não teria dotado homens e mulheres de tantas terminações nervosas se não fosse para fazermos uso delas em benefício do prazer! E não teria nos dotado de um cérebro inteligente e criativo se não fosse para usarmos os sensores da imaginação também na prática sexual!
Mas outras respostas podem estar vinculadas simplesmente a desconhecimento sobre como algumas coisas funcionam. Então, lembre-se de que ninguém nasce sabendo e não é vergonha alguma perguntar. Se tiver dúvidas com relação a algumas práticas, converse com um profissional ginecologista sem pudores. Ele ou ela são profissionais que podem orientar você.
Muito mais coisas povoam nossas fantasias.Muitas mulheres reprimem seus desejos ou ficam se culpando por desejar ou por fazer, deixando assim de extrair o prazer crescente que pode advir desses momentos de intimidade. E muitas vezes até comprometendo a vida a dois.
Não se furte em procurar um terapeuta se suas dificuldades em transpor tabus persistir. Está mais do que na hora de sexo sair da literatura e das páginas da internet para ser vivenciado do jeito que tem que ser vivenciado: com muito prazer e sem pudores!
Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiacalima@gmail.com