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O perigo dos relacionamentos obsessivos

Não confunda amor com sentimento de posse

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Muitas pessoas enxergam o amor como sendo algo arrebatador, que chega a doer em seus peitos, ao ponto de não conseguirem aguentar esperar para rever seus amados. Por isso, costumam abandonar relacionamentos duráveis e sólidos, mas calmos, por momentos de grande excitação gerados por estas pessoas idealizadas. Pensam que não importa se outros as consideram loucas ou que estão apenas “vivendo uma aventura”. O importante é sentirem que estão no “topo da onda”, vivendo o maior amor do mundo. Infelizmente, o que não percebem é que, ao fazerem isso, na maioria da vezes podem trocar um amor real e palpável por algo que apenas tem aparência de amor, mas carece de substância.

Digo isso porque nada fica no auge ou no declínio por tempo perpétuo e, logo, aquilo que parecia fantástico (amor cheio de reviravoltas emocionantes), se torna uma união corriqueira ou as incompatibilidades passam a se amontoar no dia a dia. Daí vêm os arrependimentos e o sentimento de culpa, até porque muitos abandonam vidas feitas, filhos, carreiras, país para viverem este novo relacionamento.

Para mim, viver em polvorosa, com medo de perder seu amado, agindo insensata ou irresponsavelmente não é amor, é apego e ilusão, geralmente provocados pela dificuldade em lidarmos com as frustrações e obstáculos do dia a dia.

Para mim, viver em polvorosa, com medo de perder seu amado, agindo insensata ou irresponsavelmente não é amor, é apego e ilusão, geralmente provocados pela dificuldade em lidarmos com as frustrações e obstáculos do dia a dia.

E a origem do erro está justamente no fato de educarmos nossas crianças com exemplos equivocados – como afirmar que meninos que nos batem quando pequenas o fazem porque, secretamente, nos amam e não sabem lidar com isso – e de confiarmos no modelo romântico à moda Romeu e Julieta, que é repetido exaustivamente na televisão, cinema e literatura.

Ora, podemos chamar de amor o que os dois adolescentes criados por Shakespeare viveram, levando-os ao suicídio? Que diferença isso tem de uma notícia recente sobre um casal de jovens que se jogou em frente ao trem, fazendo um pacto de morte? E os casos nos quais a mulher ou o homem se torna um “stalker”, perseguindo e invadindo a privacidade do seu suposto(a) amado(a), com a desculpa de que ama demais ao ponto de não conseguir manter distância? Ou que faz grandes demonstrações públicas, nem sempre desejadas, colocando a pessoa em situação incômoda?

Para ter mais clareza se você está conseguindo ou não manifestar amor, reflita que, quando amamos:

  1. temos a tendência a sermos mais abnegados. Assim, fazer exigências ou cobrar exageradamente não é sinal de amor;
  2. queremos ver o outro feliz; Assim, se o que ele deseja é que fiquemos longe, ficaremos longe;
  3. não fazemos nada para prejudicar o outro, como criar calúnias para nos vingarmos, caso não tenhamos recebido a devida atenção;
  4. não constrangemos o outro ou o colocamos em situações negativas apenas para saciar nossa necessidade por carinho ou aceitação;
  5. não tomamos decisões importantes pelo outro, sem consultá-lo ou dar tempo para fazer suas reflexões;
  6. não impomos ultimatos, principalmente do tipo: ou sua família e / ou sua carreira ou eu;
  7. não desejamos que a pessoa queira viver à nossa sombra ao invés de ter vida própria;
  8. não mantemos um caso extraconjugal, caso a pessoa em questão esteja casada;
  9. não deixamos a pessoa em questão ser nossa amante, sem tomarmos decisões que a dignifiquem, como ficarmos disponíveis para nos comprometermos de verdade;
  10. não obrigamos nosso parceiro a ter um filho, se não é isso que ele/ela deseja;
  11. não queremos que o outro se sacrifique ou perca sua identidade por nós;
  12. não traímos em hipótese nenhuma, nem temos vontade de fazê-lo;
  13. queremos ser melhores a cada dia e geralmente superamos vícios, dificuldades e debilidades que tenhamos;
  14. aceitamos que o outro discorde de nós e que nem sempre faça nossa vontade, pois respeitamos a individualidade;
  15. não barganhamos favores, nos sabotando para depois usar isso como arma, cobrando retribuições no futuro;
  16. conseguimos viver nossas vidas normalmente e sermos felizes, mesmo que não fiquemos com a pessoa. Sua lembrança nos aquece a alma e podemos até lamentar que assim seja, mas não sofremos;
  17. não invadimos as contas pessoais de email e redes sociais “só para saber se outro está vendo ou conversando com outras pessoas”.

Assim, antes de “cair de cabeça”, lembre-se que amor tende a perdurar e resistir ao tempo. Você não precisa fazer muita coisa para que o outro continue lhe amando. Afinal, se ele ou ela se apaixonou por você, foi pelo que você já é. É claro que você sempre pode melhorar e se desenvolver, mas isso deve vir da sua vontade e não para manter a outra pessoa perto de si.

Então, procure por estas características quando estiver amando: tranquilidade, paz de espírito, aceitação, compreensão, serenidade, atração nos momentos adequados, saudade e ciúmes toleráveis, preocupação normal com o bem-estar do outro, respeito, lealdade, integridade, sinceridade, generosidade e confiança.

Estes sentimentos listados acima não podem ser mantidos quando se está obsessivo por alguém. Tal como uma compulsão qualquer, seu objeto de desejo precisa ser absorvido, dominado, subjugado. Se não for, você fica em desespero, descontrolado, sofre e sente raiva, muitas vezes querendo “quebrar” este mesmo ser que minutos atrás era adorado e reinava num pedestal. Isso explica porque num momento a pessoa obsessiva pode abraçar e beijar loucamente o ser amado e, em seguida, se ele lhe desagradar, começar a gritar e a bater nele. O que parece uma bipolaridade, a princípio é apenas sintoma de um relacionamento afetivo que tem tudo, menos amor.

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Vanessa Mazza

Vanessa Mazza

Graduada em Comunicação Multimídia pela UMESP, é taróloga há mais de 15 anos. Estuda as abordagens desta prática, com o fim de decifrar a complexidade humana, abrangendo em suas consultas temas como feng shui, i ching, astrologia e numerologia.

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