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O que é I Ching?

Antigo conhecimento chinês foi adaptado e transformado em oráculo para o dia a dia | Glossário Personare

Atualizado em

O I Ching, também conhecido como Livro das Mutações, é um dos maiores legados do povo chinês. Amplamente utilizado como oráculo, funciona como uma espécie de livro da sabedoria. É um conhecimento muito antigo acerca de como os chineses compreendiam e eram capazes de explicar os acontecimentos do dia a dia.

Essa prática consiste em um compilado de textos que foram escritos ao longo da História por sábios e mestres, que tinham como objetivo esclarecer para as pessoas alguns princípios de suas próprias condutas. O I Ching é rico em filosofias como o Taoísmo, o Te Ching, o Confucionismo e o princípio das dualidades, Ying e Yang.

O I Ching assume que tudo na natureza está em constante mudança. Daí a origem da palavra, em que “I” é um ideograma cujo significado é associado a “mutação”, “movimento”, e “Ching” refere-se a “livro clássico”. I Ching quer dizer, então, “livro das mutações”.

Origem

O Livro das Mutações é um conhecimento milenar que surgiu em um período anterior à dinastia Chou, datando de 1150-249 a.C. Inicialmente o I Ching era formado pelos “Kua”, signos linguísticos que continham as respostas buscadas pelas pessoas naquela época. No entanto, para estabelecer melhorias no oráculo e compreendê-lo melhor, foram acrescentados outros elementos para ampliar o significado dos Kua: as Linhas, os Julgamentos e as Asas.

As Linhas são figuras compostas por fileiras inteiras e quebradas, agrupadas em um conjunto de três e seis linhas, representadas pelos trigramas e hexagramas, respectivamente. Já os Julgamentos correspondem à redação dos textos que passaram a acompanhar os Kua. O conceito de Asas foi atribuído a Confúcio, que tinha grande interesse pelo I Ching e escreveu suas reflexões acerca de vários temas.

Embora seja questionado que ele seja o autor das Asas, nota-se uma forte influência do confucionismo em grande parte delas.

Todos esses elementos constituem, pois, uma forma de escrita, e ao se agruparem, formam arquétipos, que contêm os signos com os principais ensinamentos chineses sobre a lei natural e o curso da vida.

Como funciona?

A pessoa formula uma pergunta precisa, sobre algum esclarecimento do qual tem curiosidade em saber. Depois disso, são lançadas moedas para a obtenção da resposta. Estes instrumentos são agrupados seis vezes, formando linhas, também chamadas de hexagramas – que podem ser firmes ou maleáveis/mutáveis. Linhas firmes ocorrem quando as moedas caem em lados diferentes. Quando caem todas do mesmo lado, dá-se a linha mutável – a ocorrência de uma linha como essa, ou mais, cria um novo hexagrama, representando o que acontecerá no futuro em relação à pergunta feita pelo consulente.

Cada uma dessas linhas sorteadas contém um significado específico baseado no princípio da dualidade Ying e Yang, através do qual compreendemos que não existe bom ou mau, positivo ou negativo, mas uma complementaridade entre opostos. A ideia é equilibrar tudo que existe ao nosso redor.

Aplicações

A obtenção da resposta do I Ching geralmente depende da retidão da pergunta. Quanto mais precisa esta for, maior a possibilidade de acerto. Quando uma pessoa necessita fazer mais de uma pergunta, o ideal é subdividi-la em duas partes e indagar uma única coisa por vez. A filosofia oriental acredita que o oráculo nunca falha. Quem está suscetível ao erro é o consulente, quando não tem clareza do que deseja saber. Acredita-se que só quem sabe o que procura pode encontrar as respostas.

Acredita-se que só quem sabe o que procura pode encontrar as respostas.

Desse modo, o I Ching tem sido utilizado ao longo de milhares de anos por se mostrar eficaz no sentido de buscar o real além do aparente. O objetivo é expor o significado daquilo que é perguntado, ao invés de gerar respostas de acordo com a vontade do consulente. Portanto, para fazer perguntas a esse oráculo, uma pessoa deve antes despir-se de preconceitos e abrir a consciência para absorver os mais ricos conhecimentos da filosofia chinesa e as respostas do nosso inconsciente que o I Ching pode acessar. Vale lembrar que o oráculo é considerado como “a sabedoria que leva à sabedoria”.

Nossos especialistas

Alexey Dodsworth é membro da MENSA, consultor da UNESCO no Brasil, mestre em Filosofia e Ética pela USP e estudioso e conhecedor de oráculos, como I Ching é ideal para questionamentos rápidos do cotidiano e decisões que devem ser tomadas de modo recorrente.

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